11 ações que ganham e 8 que perdem com a valorização do dólar

A Ativa corretora listou 11 empresas que se beneficiam dessa alta do dólar perante o real e oito que são prejudicadas

Arthur Ordones

(Petrobras)

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SÃO PAULO – A iminente redução dos estímulos monetários pelo Fed (Federal Reserve – Banco Central norte-americano), já em 2013, elevou ainda mais as incertezas sobre o patamar em que o dólar pode oscilar, de acordo com relatório da Ativa Corretora. O possível fim da medida, chamada de QE3 (Quantitative Easing 3), indica a aproximação de uma estabilidade na economia norte-americana, mas, ao mesmo tempo deixa a moeda do país muito valorizada em relação ao real, o que prejudica algumas empresas daqui, assim como beneficia outras. 

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Para a corretora, o Brasil se tornou um país relativamente caro no cenário mundial, em função, dentre outros fatores, de um patamar inflacionário consistentemente acima dos ganhos de produtividade, afetando diretamente a competitividade da economia, como pode ser notado com clareza na deterioração das contas externas, em especial, pelo déficit na balança comercial de manufaturados. “Somam-se a isso o descontrole fiscal o governo, a piora nos termos de troca, em virtude da desaceleração da dinâmica econômica global, com destaque para a China, além da falta de credibilidade dos nossos formuladores de política, reduzindo o influxo de capital estrangeiro”, afirmou.

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A corretora listou 11 empresas que se beneficiam dessa alta do dólar perante o real e oito que ficam em uma situação desfavorável.

As mais beneficiadas:

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Embraer (EMBR3)
A companhia é uma das maiores beneficiadas pela alta do dólar, com aproximadamente 90% de sua receita proveniente de exportações, enquanto a parte do custo em dólar é um pouco menor (cerca de 75%). Além disso, apesar de grande parte de sua dívida denominada na moeda norte-americana, ela está praticamente 100% hedgeada por aplicações de caixa e operações com derivativos, logo, a valorização tem efeito nulo sobre as operações financeiras da companhia.

MULTIPLUS ON (MPLU3)
Cerca de 70% de seu faturamento é atrelado ao dólar, enquanto apenas 30% de suas despesas sofre o efeito da variação na moeda norte-americana. Vale destacar que a companhia é pouco endividada e não possui nenhuma exposição ao dólar.

VALE ON (VALE5)
A mineradora tem praticamente 100% do faturamento atrelado ao dólar, com apenas metade do custo denominado na moeda norte-americana. O total de endividamento indexado ao dólar pesa negativamente, porém considerando o perfil de longo prazo da dívida, o impacto da valorização do dólar é positivo na geração de caixa da companhia.

SUZANO PNA (SUZB5)
A companhia de Papel & Celulose possui aproximadamente 80% da sua receita em dólar, com pouco menos de um terço dos custos denominados na moeda norte-americana. Além disso, o segmento de celulose se favorece ainda dos melhores preços da commodity no mercado internacional, que deverá se sustentar neste ano, com um movimento de queda a partir de 2014, com nova oferta entrante. Por outro lado, o alto endividamento em dólar (60%) tem efeito negativo no lucro contábil, mas amplamente compensado pelo efeito positivo no top line.

FIBRIA ON (FIBR3)
Os mesmos fundamentos que beneficiam a Suzano tem um impacto ainda maior na Fibria, com mais de 90% do faturamento em dólar e pouca exposição na ponta de custos. O endividamento em dólar (90%) tem peso negativo no resultado financeiro, porém a grande maioria se trata de despesas sem efeito direto na geração de caixa da empresa.

GERDAU PN (GGBR4)
A companhia possui dois terços de suas operações fora do país, com exposição na moeda norte-americana, além de se favorecer da menor competição com o aço importado, o que possibilita novos reajustes nos preços internos. Por outro lado, pesa negativamente os 68% de endividamento indexado ao dólar, mas também ressaltando que possui um efeito basicamente não caixa e, dessa forma, a empresa se beneficia do atual movimento de valorização do dólar.

USIMINAS PNA (USIM5)
A Companhia não possui faturamento relevante em dólares, porém por possuir uma margem operacional bastante deprimida, a redução na competição com os importados, possibilitando reajustes de preços domésticos, tende a beneficiar claramente seus resultados. A companhia também é afetada pelo endividamento em dólar (60%), mas o efeito não atinge totalmente os ganhos dessa menor concorrência.

JBS ON (JBSS3)
A empresa possui 80% das suas vendas denominadas em dólar, mas grande parte da dívida também (75%). Apesar de o endividamento ser em parte hedgeado, ele deve pesar no resultado financeiro da companhia e, consequentemente, no lucro líquido, mas sem efeito caixa, já que não haverá desembolso de caixa imediato.

MARFRIG (MRFG3)
Assim, como a JBS, a Marfrig também tem grande exposição de suas vendas (60%) e dívida (75%) em dólar, também com hedge baixo. Dessa forma, com a moeda norte-americana em alta, o Ebitda da empresa deve ser impulsionado positivamente, enquanto o lucro sentirá o efeito, não caixa, do elevado endividamento.

BRF (BRFS3)
Dentre as do setor de alimentos, a melhor posicionada é a BRF, ao possuir uma exposição menor da dívida em dólar, cerca de 35%, dos quais 95% dela hedgeada. Além disso, 40% de suas vendas na moeda norte-americana.

ELETROBRAS PNB (ELET6)
A estatal da energia também possui exposição positiva à moeda norte-americana. Vale lembrar que a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu foi financiada em dólares pelo governo brasileiro, sendo parte pela Eletrobras. Assim, com a valorização do dólar frente ao real, a companhia será beneficiada quando do recebimento das parcelas do financiamento em dólares, o que deve impulsionar o resultado da companhia.

As mais prejudicadas:

SABESP (SBSP3)
A empresa de saneamento é uma das que mais sofre diretamente com a alta do dólar. A companhia não possui faturamento em dólar e cerca de 26% da sua dívida está indexada à moeda norte-americana, encarecendo suas despesas com juros e amortizações, o que já deverá comprometer os próximos resultados da empresa.

GOL PN (GOLL4)
Apesar de contar com uma pequena parcela de sua Receita em dólar, mais de 50% dos custos da empresa também são denominadas em moeda americana, sendo a compra de combustível o principal responsável e insumo essencial em seu negócio. Além disso, cerca de metade de seu endividamento está exposto a variações cambiais (considerando que uma parcela adicional está hedgeada), o que deve afetar também o resultado financeiro da companhia.

PETROBRAS (PETR4)
Apesar de teoricamente se beneficiar de um real mais fraco, devido às exportações de uma commodity precificada em dólar, o caso de Petrobras apresenta algumas características interessantes. Aproximadamente 40% de sua Receita é proveniente da venda de derivados, gasolina e diesel, que por sua vez ocorrem em moeda local e os preços não são ajustados automaticamente à variação do dólar. Assim, o gap dos preços aumenta e as perdas no segmento de refino se expandem, dado a necessidade de continuar importando derivados para abastecer o mercado interno. Além disso, grande parte da dívida da estatal está exposta à variação cambial, fazendo com que uma apreciação mais brusca da moeda tenha efeito potencializado no resultado da companhia. Finalmente, apesar de não impactar diretamente o caixa da companhia, a redução de lucros pode causar a redução dos dividendos pagos pela estatal.

Varejo
Algumas empresas do setor podem sofrer com a desvalorização do real, considerando que importam alguns dos produtos de suas linhas de venda. Assim, acreditamos que a principal prejudicada seria a Technos, que possui mais de 60% de seus custos denominados em dólar. Além disso, Hering, Hypermarcas, Lojas Renner e Lojas Americanas também devem sofrer com a apreciação cambial, caso não consigam repassar a elevação de custos para o preço, situação que se torna cada vez mais provável dado os fundamentos da economia brasileira e seus possíveis reflexos sobre o mercado de trabalho e consequentemente do setor varejista.

Confira a tabela com as mais beneficiadas e prejudicadas pela alta do dólar:

Empresa Ticker Efeito da alta do US$ Setor
Embraer EMBR3 Positivo Aviação
Multiplus MPLU3 Positivo Programa de Fidelidade
Vale VALE5 Positivo Mineração
Suzano SUZB5 Positivo Papel & Celulose
Fibria FIBR3 Positivo Pepel & Celulose
Gerdau GGBR4 Positivo Siderurgia
Usiminas USIM5 Positivo Siderurgia
JBS JBSS3 Positivo Alimentos
Marfrig MRFG3 Positivo Alimentos
BRF BRFS3 Positivo Alimentos
Eletrobras ELET6 Positivo Energia
Sabesp SBSP3 Negativo Saneamento
Gol GOLL4 Negativo Aviação
Petrobras PETR4 Negativo Petróleo
Cia Hering HGTX3 Negativo Varejo
Hypermarcas HYPE3 Negativo Varejo
Technos TECN3 Negativo Varejo
Lojas Renner LREN3 Negativo Varejo
Lojas Americanas LAME4 Negativo Varejo