Vale a pena investir em ações com menos de R$ 10 mil?

SÃO PAULO – Não é preciso ser rico para investir na bolsa de valores. Com uma pequena quantia de dinheiro você consegue comprar um lote de ações, dependendo da companhia, no entanto, muitas vezes isso pode não ser vantajoso para o investidor – os custos das transações (taxa de corretagem e de custódia) podem ter um impacto muito forte na rentabilidade de uma carteira de baixo valor.

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Uma taxa de corretagem de R$ 25,00 (R$ 50,00 compra e venda), por exemplo, já exige que um lote de ações que custou R$ 5 mil valorize 1% para você ficar no zero a zero. Com uma eventual queda das ações, o prejuízo pode se tornar grande em relação à quantidade disponível de recursos para investimento.

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Mas, de acordo com o educador financeiro Antonio de Julio, o custo de taxa de corretagem pode não ser um empecilho se o pequeno investidor souber escolher a corretora certa e ficar o tempo suficiente com os papéis adquiridos. “Existem corretoras que cobram R$ 5,00 a ordem. Para quem quer comprar para o longo prazo, sem ficar girando muito, vale a pena. O problema está na oportunidade, pelo custo dos lotes das empresas, pois com esse valor fica difícil de montar uma cesta. Eu sou contra isso de ‘não tenho muito dinheiro então não posso investir na bolsa’” afirmou.

Cuidado com as desvantagens de corretoras baratas
Ainda segundo o especialista, o maior problema de corretoras com taxas de corretagem baixa muitas vezes é o home broker, que possui poucas funções. Mas se o investidor comprar uma ação pensando no longo prazo, o home broker não vai atrapalhar e a taxa vai valer a pena, compensando o serviço.

Já para fazer day trade, o fator tecnologia é muito importante, pois quanto mais você opera, mais tecnologia você precisa a seu favor. O computador tem que ser bom, a internet tem que ser ainda melhor e a funcionalidades do HB também. “Não recomendo fazer day trade com essa quantia disponível, pois a taxa de corretagem vai impactar nos seus ganhos  e você ainda pagará IR por esse tipo de operação [para day trade, todas as transações pagam IR de 20% sobre o lucro]. Cuidado, às vezes o barato pode sair muito caro. Para esse valor, é mais indicado investimentos com um prazo maior, com uma ou duas operações por mês”, explicou o educador.

ETFs e Fundos de Ações
Os Fundos de Índice, chamados de ETFs, representam o “espelho” de um determinado índice de ações e podem ser uma alternativa interessante para investidores com pouco dinheiro dentro do mercado de renda variável, pois, pagando uma taxa de administração baixa (entre 0,5% e 0,8% ao ano), você consegue investir em ativo que replica um índice inteiro, ao invés de gastar uma grande quantia com os custos de ações individuais. “Para quem tem somente essa quantia disponível, ETFs podem sim ser uma boa pedida”, disse Julio.

De acordo com José Góes, economista do Wintrade, a vantagem do ETF é que você diversifica o capital mais facilmente, mas, ao mesmo tempo, você adquire ações que você não gostaria de ter. Para ele, é uma possibilidade apenas se a pessoa está apostando que o mercado de ações vai subir.

Na opinião do economista, as melhores opções mesmo são os fundos de ações, que oferecem mais segurança para o investidor. “Os fundos são montados por gestores profissionais que analisam empresas há muito tempo, selecionam os papéis com cuidado, então isso passa uma segurança grande ao pequeno investidor. É muito mais seguro. Só tem que ficar atento com a taxa de administração do fundo para não perder muito na rentabilidade, mas com certeza é a melhor opção”, finalizou.