Analistas mostram suas perspectivas para as ações do varejo

Após ter boa performance no último ano, segmento ainda deve crescer em 2013 devido à baixa taxa de desemprego e aumento da massa salarial

Gabriella D'Andréa

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SÃO PAULO – O setor de varejo/consumo registrou crescimento de 6,4% no ano passado, de acordo com dados da Serasa Experian. Mesmo sendo o menor crescimento em 3 anos, se comparado com o restante da economia, a expanão foi expressiva (o PIB cresceu apenas 0,9% em 2012). Como principais gatilhos para esse bom resultado podemos citar o bom momento vivido pelo mercado de trabalho e pelo aumento da massa salarial, visto que foram criados cerca de 1,3 milhão de postos de trabalho.

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Adicionalmente, o governo também criou medidas para estimular o consumo do país, a fim de manter a engrenagem do crescimento funcionando. Para tanto, o Ministério da Fazenda e o Banco Central realizaram algumas mudanças como a isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para produtos eletrodomésticos da linha branca e automóveis,  queda gradual da Selic (taxa básica de juros), que saiu de dois dígitos (11% ao ano) para um (7,25% ao ano) ao final de 2012 e o acesso facilitado ao crédito através da queda dos spreads bancários.

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“No ano passado tivemos empresas do setor com muito bom desempenho. O cenário de elevação de renda combinado com a melhora da oferta de crédito ajudaram nesse movimento”, afirma o analista da Geral Investimentos, Carlos Muller.

Perspectivas
Após ter se destacado em meio a outras atividades, o segmento ainda deve apresentar uma melhor performance quando comparado a outros setores da economia, conforme avalia o analista da BB Investimentos, Thiago Gramari. “É um setor que ainda vai ser o melhor dentre todos, só que com um movimento diferente”.

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Com a isenção de impostos dos veículos e produtos da chamada linha branca no último ano, muitos consumidores adquiriram bens duráveis. Portanto, para 2013 o especialista acredita que os consumidores direcionarão a renda para produtos de ticket médio, como o vestuário. “Boa parte (da renda) vai ser direcionada para roupas e calçados. Já o segmento de supermercados e alimentos não devem sofrer grandes alterações, pois o consumo desses bens é algo contínuo”.

Já Muller se mostra mais cético e afirma que as empresas do segmento deverão ter mais reponsabilidade e assertividade para conseguirem crescer diante do cenário atual, em que a inflação tem sido um fator preocupante nas contas das famílias. Após chegar a 6,59% (em 12 meses) no mês de março, isso é, acima do teto da meta (6,50%), as autoridades financeiras correram para conter o índice. Prova disso foi o aumento da Selic em 0,25 pontos percentuais. “A inflação corrói a renda, pois os custos aumentam e sobra menos dinheiro para o consumidor gastar”, pontua o especialista.

No mês de abril, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou em 6,49% (em 12 meses), valor dentro do teto da meta e o governo já deixou claro que não pretende deixar a inflação fugir do controle. Recentemente, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que estava “vigilante e fará o que for necessário, com a devida tempestividade, para colocar a inflação em declínio no segundo semestre”.

Veja as perspectivas para algumas ações do setor:

Lojas Renner (LREN3)
Após fechar 2012  com alta de 70,39%, a varejista tem sido bastante recomendada para este ano. De acordo com a Votorantim Corretora, a companhia possui fundamentos sólidos e seu risco de execução é menor do que o de seus pares. Adicionalmente, a corretora Gradual afirma que a empresa deve abrir, somente neste ano, de 25 a 30 lojas e que os investimentos para 2013 devem somar R$ 485 milhões. Até a última segunda-feira (27), a ação já havia valorizado 2,92%. 

Cia Hering (HGTX3)
As ações da Hering também terminaram o último ano com alta (+33,64%). No primeiro trimestre deste ano, a empresa do setor de vestuário reportou recuo em suas margens e no lucro líquido, devido à falta de estoque no último trimestre de 2012. No entanto, a corretora Planner afirma que a empresa mostrou bom desempenho de vendas e possui melhores expectativas para os resultados do 2º trimestre deste ano. Em 2013, a varejista acumula alta de 2,57%. 

Magazine Luiza (MGLU3)
As ações da rede varejista fecharam o último ano com valorização de 27,49%, mas desde a abertura de seu capital, no começo de maio de 2011, até a data do seu 2º aniversário o papel acumulava queda de 55%. No entanto, a Gradual acredita que as perspectivas para a empresa são boas com a abertura de 20 a 25 lojas, crescimento de vendas no conceito mesmas lojas de um dígito para as lojas físicas e entre 20% e 30% para as lojas e-commerce. Após a alta apresentada em 2012, a ação já zera seus ganhos com queda de 27,49%  

Pão de Açúcar (PCAR4)
A ação do Pão de Açúcar terminou 2012 com alta de 36,27%. Para este ano, o Santander está otimista com o papel devido ao forte potencial de crescimento de lucro através da expansão de margens e oportunidade de destravar valor através da monetização de ativos imobiliários. Além disso, as sinergias com a Via Varejo devem continuar melhorando as margens da companhia. No ano, o papel da empresa já acumula alta de 20,93%. 

BR Foods (BRFS3)
Seguindo na mesma linha do Pão de Açúcar, as ações da BR Foods valorizaram 16,27% no ano passado. Mesmo assim, a Coinvalores enxerga o papel com bons olhos, em virtude do foco da companhia de alavancar valor, mantendo sua estratégia de elevar o faturamento em torno de 10% a 20%, além de avançar internacionalmente e melhorar a eficiência operacional e otimizar o capital empregado.  Até a última segunda-feira de maio (27), a ação já havia valorizado 17,26%. 

Ambev (AMBV3; AMBV4)
No caso da empresa de bebidas, as ações preferenciais registraram forte alta de 32,05%. O Bank of America Merrill Lynch recomendou a ação na última semana, listando 10 motivos para aplicar no papel. Um deles é de que a empresa é a melhor posicionada para enfrentar a desaceleração do consumo e a elevação da inflação no Brasil na comparação com outras companhias de setor como Souza Cruz (CRUZ3) e BR Foods (BRFS3). Neste ano, ambas as ações mostram leve alta de 0,84% (AMBV3) e 0,05% (AMBV4). 

B2W Digital (BTOW3)
Com o melhor desempenho em 2012 (+88,89%) dentre as ações citadas até aqui, as ações da B2W apresentaram queda de 7,74% logo após a divulgação dos resultados do 1º trimestre deste ano, em que apresentou prejuízo trimestral de R$ 61,1 milhões entre janeiro e março, valor acima das expectativas do mercado, e diferentemente de seus pares, não tem aparecido nas recomendações das corretoras. Após o bom desempenho do ano passado, os papéis da companhia já acumulam perdas de 28,94% neste ano.