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SÃO PAULO – Preocupado com o desempenho da economia e com o aumento da inadimplência, o governo utilizou os bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) para pressionar os privados a reduzirem os spreads bancários (diferença do custo do dinheiro captado e ofertado pelas instituições financeiras) em 2012, o que penalizou as ações dos bancos.
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Em momentos como o que o país está vivendo, pressionar o setor bancário privado é comum, conforme explica a analista da Concórdia, Karina Sanches. “Essa medida do governo fez com que os bancos privados acabassem reduzindo o ritmo de originação de crédito ao longo do ano passado, enquanto os públicos tomaram essa posição para si. Esse é um movimento normal quando ocorre redução da taxa de juros”.
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No entanto, a “pisada no freio” dos bancos, em relação à originação de crédito, teve um peso significativo na desaceleração do PIB que fechou 2012 em 0,9%. Diante dessa constatação, Karina acredita que o governo não deve realizar mais pressões no setor, considerando que isso poderia afetar ainda mais o desempenho da economia brasileira que já tem crescido a passos lentos.
Ainda em relação ao crédito, a analista afirma que a alta inadimplência dos consumidores vem deixando alguns bancos privados cautelosos na hora de realizar empréstimos, e que essa situação só vai mudar quando o cenário econômico demonstrar perspectivas melhores. No entanto, Karina acredita que a conjuntura atual não sinaliza mudanças significativas no posionamento das instituições e que elas devem se manter céticas por mais algum tempo quanto à questão de oferta de crédito.
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Frente às dúvidas que a economia ainda guarda, Karina diz que os investidores interessados no setor bancário devem priorizaro longo prazo, já que o setor bancário brasileiro é composto por instituições financeiras sólidas que têm a capacidade entregar bons resultados aos seus acionistas. Já no curto prazo é importante estar atento à conjuntura econômica, que vai determinar as estratégias adotadas dentro de cada banco e seus respectivos desempenhos.
Banco do Brasil (BBAS3)
Após fechar o 1º trimestre de 2013 com lucro líquido de R$ 2,557 bilhões, valor 2,19% superior ao registrado no mesmo período do ano passado (R$ 2,502), o banco público deverá se beneficiar do IPO (Oferta Inicial de Ações) do BB Seguridade, braço de seguros e previdência da instituição. Com a oferta no mercado secundário, o banco arrecadou R$ 4,7 bilhões, montante que será revertido em ganhos no resultado do 2º trimestre deste ano.
“Além de entregar resultados melhores com essa oferta, o banco conseguiu desengessar esse braço, tornando-o mais ágil comercialmente, o que deverá contribuir bastante para o BB. E é bom lembrar que a seguradora do Banco do Brasil é muito grande do mercado, ocupando posições relevantes em posições de mercado que ela opera, além de ter retorno sobre patrimônio muito interessante”, ressalta Karina.
Itaú Unibanco (ITUB4)
A instituição privada realizou a aquisição dos bancos Citicard e Citifinancial, incluindo a marca Credicard no dia 14 de maio por R$ 2,76 bilhões. O Banco Citicard e a Citifinancial – Credicard Financiamentos, com 96 pontos de venda – são as entidades responsáveis pela oferta e distribuição de produtos e serviços financeiros da marca “Credicard”, principalmente empréstimos pessoais e cartões de crédito.
Com isso, o Itaú mostrou que tem focado em algumas estratégias como a de operações de cartão, que registra menor inadimplência, com o objetivo de agregar mais um serviço.
Mas Karina lembra que o banco já detinha participação na Credicard desde 2006, quando possuía ativos do Citi. Mesmo tendo vendido sua participação na marca posteriormente, o Itaú conseguiu colher bons frutos da operação, tanto que, atualmente, possui mais de 1/3 na participação de emissão de cartões no país. “Acredito que a aquisição possa trazer benefícios, mas espero que eles superem a marca do valor pago pela empresa”.
Em seu relatório mensal, o Bank of America Merrill Lynch elegeu a ação como uma de suas Top Picks do setor, afirmando que houve melhora da qualidade dos ativos em meio às menores provisões de perdas. Além disso, o BofA destaca que o Itaú deve apresentar taxas de inadimplência em tendência de estabilização e possui bom potencial de sinergia com a Redecard.
Bradesco (BBDC4)
Após apresentar uma alta de 4,53% do lucro líquido do 1º trimestre de 2012 (R$ 2,792 bilhões) para o 1º trimestre deste ano (R$ 2,919 bilhões), o Bradesco também foi eleito ação top pick do BofA que destacou a evolução do lucro líquido em um ambiente de margens reduzidas, além de possuir diversificação geográfica favorável.
“O banco tem sido muito eficiente nos últimos anos, crescendo de forma consistente e segurando o máximo possível de rentabilidade. E sua estratégia de crescimento orgânico tem dado muito certo”, avalia a analista.
Santander (SANB4)
O banco de origem espanhola apresentou queda de 14% no lucro líquido gerencial no 1º trimestre de 2013 quando comparado ao mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 1,52 bilhão. O resultado foi impactado negativamente pela queda de 5% da margem financeira bruta e no incremento de 9% na provesão de devedores duvidosos.
Diferentemente das ações do Itaú Unibanco e Bradesco, o BofA recomendou o banco como underperform (baixa performance, em tradução livre), em virtude da deterioração da qualidade dos ativos e da compressão das margens, com destaque para esse último fator. Já os analistas do Credit Suisse, afirmam que é preciso repensar o futuro da companhia, uma vez que o banco não conseguirá obter um retorno sobre o patrimônio líquido em convergência aos seus pares no longo prazo, em meio aos níveis de provisões e margens de crédito consideradas “insustentáveis”.