Empresa traz ao Brasil investimento em selos raros; rendimento chega a 10% ao ano

A empresa britânica Stanley Gibbons chega ao Brasil neste mês com o mercado de selos raros

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – A empresa britânica Stanley Gibbons traz para o Brasil um novo tipo de investimento, pouco conhecido por aqui: o mercado de selos raros. O país será o primeiro da América do Sul a realizar operações neste mercado.

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Em entrevista ao InfoMoney, Keith Heddle, diretor de investimentos da Stanley Gibbons,  ressaltou que este tipo de investimento ainda é pouco popular, mas que trouxe um de retorno anual médio de 10% nos últimos 50 anos, de acordo com a variação do índice GB30 Rarities Index.

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O investimento nestes selos costuma ter preço elevado, mas Heddle afirma que a intenção é tornar a aplicação algo mais acessível. “Entendemos que para alguns é um pouco fora do comum, por isso, os clientes começam de forma moderada (um de nosso maiores investidores começou com um investimento de £ 14.000 [R$ 43.446,40*] e hoje possui cerca de £ 3,5 milhões [R$ 10,8 milhões] conosco)”, afirmou. A Stanley Gibbons oferece seus principais produtos a partir de £ 10.000 (R$ 31.033,10). Atualmente a companhia está desenvolvendo um portfólio/coleção de £ 5 milhões (R$ 15,5 milhões). A média, no entanto, é de cerca de £ 50.000 (R$ 155.165,70).

Liquidez
Apesar da alta rentabilidade, vale lembrar que este tipo de investimento possui pouca liquidez. “Não se pode comprar ou vender selos freneticamente e eles não oscilam ao sabor dos mercados ou outros fatores externos – eles fazem parte de uma estratégia de ‘compre e guarde’”, disse Heddle.

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Vale lembrar que a baixa liquidez pode prejudicar o investidor que precisar vender o selo rapidamente para utilizar o dinheiro. A necessidade urgente do capital investido em selos pode fazer com que o investidor se desfaça da raridade por um preço abaixo do seu valor, por isso, é importante colocar nesse tipo de investimento um dinheiro que não irá fazer falta de forma alguma e nem precisará ser usado no curto ou médio prazo.

Taxas
A companhia britânica não cobra taxas de seus investidores e não há custos de administração, avaliação, armazenamento e seguro. No entanto, há cobrança de comissão de 20% sobre o lucro na venda, ao fim do contrato, na avaliação do portfólio.

“Nosso negócio é aplicar o valor de investimento dos nossos clientes em um portfólio de selos e/ou moedas raros. Eles compram estes ativos de caráter histórico e nós os mantemos até que o cliente os queira vender. Nesta hora, existem algumas opções de desinvestimento, o mais comum é a empresa negociar a venda, cobrando a comissão de 20%”, explicou Heddle.

O crescimento de um mercado pouco conhecido
As variações de preço dos selos raros podem ser acompanhadas por meio de dois índices da Bloomberg, o GB30 e o GB250, que têm mostrado 10,1% e 13,4% de crescimento anual composto, respectivamente. O mercado chave para investidores continua sendo os de raridades GB raritities (foi o primeiro mercado de selos com o primeiro selo do mundo, o Penny Black, lançado em maio de 1840), British Commonwealth rarities (Comunidade de Estados Independentes Britânica) e Chinese rarities (China) – os EUA também são fortes, mas o selo mais caro do mundo, o Treskilling Yellow (vendido em 2010 por £1.6 milhão [R$ 4,9 milhões]) é sueco.

Por que o Brasil?
O diretor aponta que a empresa procura fazer a distinção entre o hobby de selos colecionáveis e o investimento. Ainda de acordo com Heddle, também existe uma divisão filosófica entre colecionadores sérios (os filatelistas) e investidores sérios. A maior parte dos filatelistas encara a atividade como uma paixão, ao longo de uma vida, mas nunca encaram a atividade como um “investimento”, apesar de suas coleções serem objetos de estima e alto valor.

“Nosso objetivo não é apenas vender um produto, mas mostrar aos investidores brasileiros que oferecemos um ativo tangível, de valor patrimonial e que possui um histórico de retorno consistente e que este ativo pode ser interessante na diversificação do portfólio, como um investimento de longo prazo. Levamos cerca de dois anos e algumas viagens para realmente nos movimentarmos no mercado asiático e, hoje, temos escritórios em Hong Kong e Singapura. Acredito que podemos alcançar o mesmo sucesso ou até mais no Brasil”, completou.

Os selos mais raros do mundo
Um selo como o Penny Black, o primeiro selo do mundo, de 1840, é um prêmio que a maioria dos investidores e colecionadores deseja. O bloco com margem à direita e quatro selos oficiais tem valor de £ 300.000 (R$ 930.994,40). Já o Penny Black oficial imprimatur, que vem da primeira folha de selos impressos de uma placa aprovada, tem valor de £ 275.000 (R$ 853.411,50). O bloco de 12 selos Penny Black com margem inferior tem valor de £ 675.000 (R$ 2,09 milhões), enquanto o bloco de 12 com margem à direita vale £ 480.000 (R$ 1,4 milhão).

Curiosamente, também há um mercado forte para os “erros” (selos que contém erros de valor ou impressão). “Recentemente negociamos um selo de 1976 que possuía valor de face de 13 pence (britânicos), mas que continha o erro de omitir este valor, por £125,000 (R$ 387.914,30). Só existem 3 exemplares no mundo e a Rainha Elizabeth II possui 2 deles, então o colecionador possui uma verdadeira raridade”, finalizou Heddle.

Outro exemplo de selo que se valorizou por conter um erro é o Selo de Natal, impresso em 1988. O selo com valor fácil de 14 centavos foi impresso erroneamente com o valor de 13 centavos. Isso o fez valer £ 12 mil (R$ 37.239,80).

*De acordo com cotação do dia 22 de maio de 2013, às 15h47.