Os maiores medos que afastam os investidores da bolsa e como combatê-los

Medo de perder tudo ou da corretora quebrar são alguns deles, de acordo com especialista

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Os investidores ainda temem o mercado acionário. Mesmo com o crescimento do número de pessoas cadastradas na BM&FBovespa nos últimos 10 anos, a quantidade de investidores é muito pequena sem relação ao tamanho da população brasileira. Para a maioria das pessoas, o risco de perdas é um dos principais entraves para a compra de ações. Mas existem outros medos, que o economista-chefe da HPN Invest, Edgar de Sá, listou a seguir:

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1) Medo do preço das ações cair e perder tudo

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De acordo com Sá, o medo de “perder tudo” é comum entre os investidores, mas não é algo que ocorra com tanta facilidade. Além disso, é possível se precaver ou evitar que isso ocorra. “Utilize a Análise Fundamentalista para escolher ações de empresas ‘saudáveis’ do ponto de vista econômico/financeiro. Também é importante não se arriscar em mercados de maior risco, como derivativos (opções) e futuros, onde existem operações que podem acabar com o patrimônio do investidor fazendo, inclusive, com que ele perca além do investido. Deixe estas operações para os profissionais do mercado”, aconselha.

2) Medo de não saber a hora de comprar e vender
O medo de não saber a hora certa de comprar ou vender os ativos também é recorrente entre os investidores. Para ele, os iniciantes devem sempre contar com o auxílio de um profissional da área de análise. “Este profissional deve possuir conhecimentos das escolas de análise fundamentalista – que mostra ao investidor quais ações comprar e/ou vender –, e técnica – que indica ao investidor a melhor hora para comprar e/ou vender”, pontua.

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Ele ressalta que o investidor não deve nunca comprar um papel baseado em “achismos”, feeling ou em “dicas” dos encontradas na internet ou passadas por amigos. “Controle a ansiedade. Ações que caíram muito e estão ‘baratas’, podem ficar mais “baratas” ainda. É necessário entender por que os preços caíram para determinar se realmente vale a pena comprar aquelas ações. O mesmo vale para ações que subiram muito e ficaram “caras”, elas podem subir ainda mais”, diz o executivo.

Segundo ele, ler jornais, sites e revistas especializadas podem ajudar o pequeno investidor, mas é preciso ficar atento. “Antes de o investidor ter acesso a notícia ela com certeza já “rodou” nas mãos de muita gente que pode ter se antecipado a ele”, aponta.

3) Medo de não ter “estômago” para aguentar o sobe e desce da bolsa
Outro medo do investidor é de não aguentar ver suas ações caindo e acabar realizando o prejuízo. “Contra este sentimento recomendo ao investidor planejar bem sua estratégia de entrada e saída do mercado. Definir o momento de comprar e/ou vender e planejar o que fará se as coisas não ocorrerem exatamente como planejadas”, diz Sá.

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Na opinião do economista, é importante utilizar ordens de stop, tanto para perdas quanto para ganhos. “Pode ser uma boa estratégia para evitar que o investidor seja dominado pela ansiedade e acabe operando de forma inadequada”, diz. Por fim, ele ressalta que o investidor deve sempre acompanhar sua carteira. “ isso fará com que a operação tome o rumo desejado. Planejamento e estratégia são a palavras fundamentais contra as ‘dores de estomago’ para quem investe na bolsa”, ressalta.

4) Medo de sair da renda fixa (com retorno garantido) e entrar em um investimento com mais incertezas
Os investidores ainda relutam em sair de aplicações de renda fixa, com retorno garantido, para se arriscarem em mercados mais voláteis, como o acionário. No entanto, o diretor da HPN Invest lembra que existem vários mecanismos e operações que reduzem o risco dos investimentos no mercado de Renda Variável.

“São as chamadas ‘operações estruturadas’, que aliadas ao bom planejamento e a uma estratégia coerente ao perfil do investidor e ao momento do mercado, permitem ao investidor reduzir estas incertezas”, afirma. Além disso, ele lembra que a tendência é de que o Brasil tenha juros cada vez menores, o que fará com que os investimentos em Renda Fixa sejam cada vez menos atraentes. “Atualmente, com o cenário de juros baixo e inflação em alta, a exceção de investimentos atrelados aos índices de inflação, os demais não conseguem, na maioria das vezes, dar retorno real (acima da inflação) ao investidor. Portanto a recomendação para diminuir as incertezas e conferir ao investidor uma experiência positiva na bolsa é: planeje-se, tenha estratégias adequadas aos mais diversos cenários e possibilidades e diversifique seus investimentos”, conclui.

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5) Medo da corretora quebrar
De acordo com Sá, muitos clientes acreditam que um banco é mais difícil de quebrar do que uma corretora e temem por isso na hora de investir em ações. No entanto, ele lembra que todas as instituições financeiras são reguladas, fiscalizadas e autorizadas pelos mesmos órgãos: BACEN, CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e, no caso das corretoras, BSM (BM&FBovespa).

“Logo, o que vai determinar se uma corretora ou banco é saudável ou não, é sua administração. É muito mais fácil um banco ter problemas de insolvência do que uma corretora, uma vez que as operações que normalmente “quebram” uma instituição são operações de crédito (empréstimos e financiamentos de maneira geral), e corretoras, por regulamentação, não podem tomar ou ceder crédito aos seus clientes. E assim como um banco, no caso de insolvência de uma corretora, existem mecanismos de proteção e ressarcimento ao investidor”, afirma Sá

Além disso, ele lembra que ao investir por meio de uma corretora, o investidor só corre risco de perder dinheiro se seus recursos estiverem na conta da instituição. Isso porque quando uma corretora “quebra”, se os recursos do cliente estiverem investidos em ações, basta informar a CBLC uma nova instituição onde ele administrará seus investimentos.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip