“Os grandes titãs do passado viraram verdadeiros micos da bolsa”, diz analista

O principal motivo do pequeno investidor não ir para a bolsa é exatamente o de o mercado estar indo tão mal... E quem lidera esse mal são as empresas de commodities

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – O número de pessoas físicas na bolsa brasileira, apesar de ter crescido um pouco nos últimos dois meses, despencou desde setembro de 2010, quando atingiu seu recorde de 630.895 pessoas. O último dado, de março de 2013, mostrou que esse número caiu 6,87% desde o ápice, para 587.797 investidores. De acordo com o analista da Futura Investimentos, Adriano Moreno, as culpadas disso são as empresas de commodities.

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“Historicamente, se você voltar no tempo e olhar o mercado, a pessoa física volta para a bolsa depois de dois ou três anos de alta, mas, fazendo uma regressão no Brasil, temos mais de três anos de mercado ruim. Claro, não podemos generalizar, pois tem coisa que está indo bem, só que os grandes titãs do passado viraram verdadeiros micos da bolsa, como, por exemplo, as empresas de commodities”, afirmou o analista.

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Ainda segundo ele, entre tantos outros problemas, como a falta de educação financeira, a imaturidade do mercado e a concentração no Ibovespa, o principal motivo do pequeno investidor não ir para a bolsa é exatamente o de o mercado estar indo tão mal. “São as principais empresas, que todos sabem quais são, que antes eram tidas como sólidas e pouco especulativas, que lideram esse mal”, explicou.

400 mil pessoas em quatro anos
A entrada de pessoas físicas na Bovespa aumentou de forma grandiosa a partir de janeiro de 2007, quando tinha apenas 224.536 investidores cadastrados. No final deste mesmo ano, a bolsa já contava com 456.557 CPFs no sistema. O número praticamente só aumentou até setembro de 2010, quanto atingiu se recorde histórico de 630.895. No entanto, a partir desse momento, a queda está sendo livre, com raros meses de altas, que ainda são pouco significativas.

“O mercado de bolsa é cíclico, ainda mais com pessoa física. A bolsa vai mal, a pessoa física foge, o mercado vai bem por três anos, a pessoa física volta. 2000, 2001 e 2002 foram anos muito ruins, nós tínhamos uma quantidade muito pequena de pessoas físicas na bolsa. Depois, a partir de 2003, a bolsa começou a andar bem, e assim foi em 2004 e 2005. Como eu disse, após três anos indo bem, a bolsa teve um ciclo absurdo. Em 2007, o fluxo começou a aumentar e só parou em setembro de 2010”, exemplificou Adriano.

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Nem a queda da Selic ajudou a bolsa
Com a taxa de juros em seu recorde histórico de baixa, de 7,25% ao ano, a bolsa de valores deveria estar mais atraente do que nunca, afinal, com a Selic nesse patamar, grande parte dos investimentos de renda fixa ficam pouco atrativos, fazendo o mercado de renda variável ganhar mais atenção. Mas, não foi o que aconteceu, pois a força contrária de eventos externos – como a crise de dívida na Grécia, Espanha e Chipre; desaceleração chinesa; risco de abismo fiscal nos Estados Unidos; e possibilidade de guerra da Coréia do Norte contra a Coréia do Sul, Japão e EUA – somada às atitudes de um governo intervencionista, superam os fatos que estão a favor. “Enquanto o mercado não voltar a ir bem, a Selic pode ir para 3% ao ano que o pequeno investidor não vai para a bolsa”, disse o analista.

“Quando tivermos três anos de forte alta da bolsa, acho que daqui  uns 20 anos, voltaremos a ter pessoas físicas na bolsa”, finalizou.