5 ações que pagam bons dividendos para investir em junho: BB e TIM estreiam na lista, Itaúsa e Vibra saem

Vale lidera com folga as recomendações; Engie se mantém em segundo e Petrobras sustenta apostas mesmo com ruídos políticos

Márcio Anaya

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A lista de ações de dividendos mais recomendadas por especialistas traz, neste mês, uma nova diversificação setorial.

O topo do pódio permanece com a mineradora Vale (VALE3), com oito indicações, mas a vice-liderança agora está dividida entre os papéis da elétrica Engie (EGIE3) e os do Banco do Brasil (BBAS3), ambos com seis apontamentos.

O banco estatal contabilizou nada menos que três estreias nas carteiras selecionadas pelo InfoMoney para junho – sendo que, em duas delas, entrou para ocupar o lugar de Itaúsa (ITSA4) – que havia sido um dos destaques nos portfólios de maio, mas acabou deixando de aparecer entre as mais recomendadas para junho.

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Outra novidade fica por conta da empresa de telefonia TIM (TIMS3), mantida nas carteiras de três corretoras e incluída em uma quarta, o que foi suficiente para igualar as quatro citações recebidas pelas Petrobras (PETR4) e fechar o rol de preferências para o período.

Presente no mês passado, a distribuidora de combustíveis Vibra Energia (VBBR3) foi substituída em algumas carteiras e, assim, acabou ultrapassada por outras companhias no balanço das mais lembradas pelas corretoras.

Todo início de mês, o InfoMoney traz um levantamento das carteiras de ações recomendadas para quem tem foco em dividendos, apontando os cinco papéis mais citados pelos analistas. O número de indicações pode ser maior, se houver empate.

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A análise engloba os portfólios de dividendos elaborados por dez corretoras. Veja a seguir os papéis preferidos para junho:

Empresa Ticker Nº de recomendações  Dividend yield em 12 meses (%) Retorno em maio (%) Retorno em 2022 (%)  Retorno em 12 meses (%)
Vale VALE3 8 16,35 3,51 14,83 -12,21
Banco do Brasil BBAS3 6 8,13 12,19 33,08 19,54
Engie EGIE3 6 5,69 6,49 18,42 17,51
Petrobras PETR4 4 38,32 10,63 28,7 62,19
TIM TIMS3 4 3,57 6,82 10,14 23,18

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, XP Investimentos e Economatica.

Vale (VALE3)

Presente em oito das dez carteiras de dividendos recomendadas para junho, a Vale manteve a liderança isolada obtida no mês passado, e ainda ampliou a vantagem em relação aos demais papéis.

Em relatório, o BTG Pactual avalia que a administração da empresa segue “altamente disciplinada” na alocação de capital, sinalizando que a maior parte da agenda deve focar em retornos de caixa aos acionistas.

Com isso, a instituição projeta um dividend yield (rendimento via dividendos) de 15% neste ano, cálculo que já inclui o recente anúncio de um programa de recompra de ações de aproximadamente US$ 8 bilhões.

Na opinião da casa, a mineradora será uma grande beneficiária da reabertura e reaceleração da economia chinesa neste mês e no próximo, após as restrições de circulação ocorridas no país asiático nas últimas semanas, para combater a Covid-19.

“Em última análise, estamos vendo um ponto de inflexão na China (embora haja riscos daqui a alguns meses), e esperamos que a balança de oferta e demanda fique mais apertada daqui para frente”, afirma o relatório da instituição.

No curto prazo, diz o banco, os preços do minério de ferro devem continuar sendo sustentados pela recuperação chinesa e retomada da produção de aço. “Também esperamos que os problemas na produção de minério de ferro [da Vale] em Carajás se dissipem, auxiliando no aumento da produção e na diluição do custo fixo”.

A Santander Corretora também trabalha com um cenário de melhora na demanda chinesa e fraco crescimento da oferta de minério nos próximos anos. A estimativa da casa para o preço médio da commodity neste ano se manteve em US$ 120 a tonelada, mas houve uma revisão recente nas projeções para a Vale.

A previsão para o Ebitda da companhia neste ano aumentou em 3%, passando a US$ 30 bilhões, mas o preço-alvo dos papéis foi mantido (em R$ 125), assim como a indicação de compra.

Banco do Brasil (BBAS3)

A instituição figura entre as novidades nos portfólios de dividendos recomendados para o mês. As ações do BB estrearam nas carteiras de três corretoras e ainda se mantiveram na lista de outras três casas de análise, totalizando seis indicações.

Com o resultado, o banco ocupa a vice-liderança no acompanhamento deste mês, empatado com a Engie.

O Santander afirma que as ações do Banco do Brasil são agora sua “top pick” no setor. “Além de possuir um dos maiores dividend yields esperados para 2022 (9,8%) entre a nossa cobertura, o BB deverá manter o bom momento de lucros ao longo de 2022”, diz o relatório da corretora.

A instituição observa que o lucro líquido ajustado do BB no primeiro trimestre (R$ 6,6 bilhões, com alta de 35% em base anual) ficou 20% acima da estimativa da casa, em razão do avanço saudável do crédito e da qualidade controlada dos ativos, o que levou a provisões menores.

“Caso esse desempenho continue ao longo de 2022, acreditamos que o banco poderá alcançar resultados mais próximos do limite superior de seu guidance [projeção, de R$ 26 bilhões]”, afirma o Santander, que estima agora um lucro líquido ajustado superior a esse patamar, alcançando R$ 26,3 bilhões neste ano.

Na Guide, a expectativa é de que o BB mantenha estáveis suas margens de rentabilidade, com uma taxa de inadimplência abaixo da média e expansão marginal da carteira de crédito. “Além disso, esperamos que o banco continue ampliando outras fontes de receita, como previdência e consórcio”.

Engie (EGIE3)

A companhia, maior produtora privada de energia elétrica do país, também recebeu seis apontamentos nas carteiras de dividendos de junho, mantendo a posição obtida no mês passado.

Segundo a Elite Investimentos, a empresa consegue aliar o potencial de crescimento no longo prazo com uma capacidade de bons pagamentos de proventos – que vêm sendo equivalentes a, no mínimo. 55% do lucro líquido ajustado, acima do previsto em sua política de remuneração (de 30%), destaca a corretora.

Além atuar em geração, comercialização e transmissão de energia, a Engie também faz transporte de gás e oferece soluções energéticas.

No mês passado, lembra a Elite, a companhia divulgou acordo com o grupo Copel para constituir uma sociedade (na qual teria 51%) visando a “potencial participação” no próximo leilão de transmissão do governo, previsto para 30 de junho. A licitação envolve 5.291 quilômetros de linhas de transmissão e 6.260 MVA em capacidade de transformação, com investimentos estimados em R$ 15,3 bilhões.

Outra corretora que possui Engie na carteira de dividendos é a BB Investimentos, que incluiu a companhia na revisão válida para o período de junho a agosto. O relatório aponta que o retorno com dividendos esperado para a elétrica é de 8,2%, considerando o preço da ação no fechamento de maio.

TIM (TIMS3)

A empresa está presente em quatro portfólios de dividendos indicados para junho. A TIM foi mantida na seleção de três casas de análise e estreou na carteira da XP. A corretora explica que a companhia foi adicionada após divulgar o pagamento de R$ 2 bilhões de proventos em 2022, implicando em um retorno via dividendos de aproximadamente 6%.

“Acreditamos que o setor de telefonia móvel no Brasil está próximo de entrar em uma nova fase, que será marcada por uma maior disciplina de capital nos investimentos em infraestrutura, além de outras frentes de eficiência oriundas da consolidação de mercado com a aquisição da Oi Móvel pelas três operadoras [TIM, Vivo e Claro]”, afirma a XP.

A tese de investimento na TIM, segundo o relatório mensal, inclui ainda a percepção de execução sólida em um negócio maduro, mas resiliente, levando a companhia a aumentar a geração de caixa ao longo dos anos. Outra aposta é em novas linhas de receita além da conectividade, alavancando a base de clientes da empresa, além de oportunidades advindas da tecnologia 5G.

Além disso, a XP entende que as ações da TIM vêm sendo negociadas com desconto, apresentando uma relação atrativa entre risco e retorno.

Petrobras (PETR4)

Mesmo com a demissão do CEO José Mauro Coelho e constantes riscos de interferência política no rumo dos negócios, a Petrobras segue como destaque em dividendos, mantendo as quatro recomendações recebidas no mês passado.

Em relatório, a Ativa diz que a exposição ao setor de exploração de petróleo se justifica, entre outros, pelos seguintes fatores: preço do produto, expectativa de que a estatal mantenha um custo atrativo de extração e, claro, pelo próprio horizonte de remuneração aos acionistas.

Para este ano, a corretora estima um pagamento de proventos da ordem de R$ 106,7 bilhões por parte da Petrobras, equivalente a R$ 8,18 por ação – o que significaria uma distribuição de 80% do lucro e um retorno com dividendos de 24,4%, considerando as cotações recentes do papel preferencial.

A recomendação é de compra, mas a Ativa dedica um item do relatório ao risco político embutido em Petrobras. Para a instituição, ideias que questionem o uso de mecanismos de mercado para a definição de preços, como a adoção de represamento de valores de derivados nas refinarias, podem colocar em xeque o atual nível de distribuição de proventos por parte da empresa – pois afetariam as margens de lucro e o conforto financeiro vistos atualmente.

Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney