2013 não deixará saudades para quem investiu na bolsa brasileira; relembre

Ano foi marcado por críticas da imprensa internacional e derrocada do grupo EBX

Leonardo Pires Uller

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SÃO PAULO – Sem sombra de dúvida, 2013 não foi um bom ano para o investidor do mercado acionário brasileiro. O Ibovespa (principal índice da bolsa paulista)  foi marcado por um primeiro semestre inteiro de quedas que alcançaram o patamar de 22,14%, sendo o pior semestre da bolsa brasileira desde a segunda metade de 2008. Chamou atenção ainda o desempenho negativo do mês de junho, quando o índice cedeu 11,30%.

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Já o segundo semestre do ano foi marcado por uma alta suave em seus quatro primeiros meses. Mesmo assim, o Ibovespa sofreu mais uma vez em novembro e agora patina na casa dos 50 mil pontos. No primeiro pregão deste ano, a bolsa abria com 60.952 pontos. No entanto, o que aconteceu em 2013 que explique essa queda? O InfoMoney preparou uma retrospectiva para relembrar os principais acontecimentos do mercado de ações no Brasil em 2013.

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Um dos principais fatores que justifica o desempenho negativo do Ibovespa ao longo do ano foi a derrocada do grupo EBX. Desde 2012, as empresas do grupo já vinham sofrendo com uma grave crise de credibilidade por conta da divulgação de que a produção de petróleo da principal empresa do grupo, a OGX Petróleo (OGXP3), tinha vindo abaixo do esperado. A Petroleira até mudou de nome, para OG Participações.

2013 foi, de fato, um ano para ser esquecido por Eike Batista: foram diversas as notícias ruins para o grupo, incluindo atrasos, problemas operacionais, produções abaixo do esperado e rating rebaixado sucessivas vezes por várias agências de classificação de risco.

Além disso, “a geração de caixa das companhias não estava condizente com suas necessidades financeiras”, afirma Pedro Galdi, analista da SLW corretora. Na onda de prejuízo, duas empresas do grupo que possuem capital aberto foram vendidas: a MPX, atual Eneva (ENEV3), foi para os alemães da E.On e a LLX (LLXL3), que foi para as mãos do grupo norte-americano EIG.

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Para piorar a situação, em outubro a OGX entrou com um pedido de recuperação judicial e foi retirada do Ibovespa, sendo negociada a um valor de R$ 0,13 centavos em seu último pregão no índice. A queda em relação ao primeiro pregão do ano é expressiva: 97,03%.

Mas Eike não foi o único que perdeu credibilidade em 2013. A economia brasileira também tem gerado desconfiança nos investidores. Em março foram divulgados os dados do PIB brasileiro de 2012: crescimento de 0,9%. Ainda em 2012, o Credit Suisse previa crescimento de 1,5% para o país: patamar considerado “piada” pelo ministro da fazenda Guido Mantega – os dados divulgados foram um verdadeiro banho de água fria na equipe econômica da presidente Dilma Rousseff. Para 2013, o mercado espera que o PIB cresça entre 2% e 2,5%. No começo do ano, falava-sem num crescimento acima de 3%.

O superávit brasileiro é outro ponto polêmico. O governo tem uma meta anual e, para não ficar tão longe do estipulado em 2013, a contabilidade praticada não utilizou métodos muito ortodoxos e foi criticada pelo mercado.

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“A mídia internacional veio alertando ao longo de todo o ano que o governo está conduzindo o país de forma perigosa, com imensos gastos públicos”, afirma Galdi. O analista destaca ainda a capa da revista The Economist de setembro que questiona se o Brasil estragou tudo e mostra o Cristo Redentor desgovernado – alusão a outra capa de 2009 que mostrava o Cristo decolando, na onda de sucesso de então do país. Além disso, outro ponto importante é a inflação do país, que passou o ano de 2013 inteiro próxima do teto da sua meta: 6,5%, chegando a rompê-lo em julho, quando alcançou 6,7% no acumulado de 12 meses.

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Em junho veio sem surpresa a notícia: a agência de classificação de risco Standard & Poor’s colocou o rating brasileiro em perspectiva negativa. Mesmo assim, o baque sofrido pela bolsa brasileira após o anúncio foi forte: queda de 2,39% registrada no dia 7 de junho.

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Outra instituição que não tem muito o que comemorar em 2013 é a Petrobras. A defasagem do preço da gasolina em relação ao praticado internacionalmente fez com que a empresa não apresentasse grandes resultados ao longo do ano, além de seu forte endividamento para financiar novos projetos, como a exploração do Campo de Libra do pré-sal, o qual a companhia ficou com uma participação de 40%.

Para piorar, com o reajuste dos combustíveis autorizados pelo governo no final do ano, esperava-se também a divulgação da metodologia que será utilizada pela empresa para reajustes futuros, o que, no entanto, não foi feito.

Por conta disso, no primeiro pregão de dezembro, as ações ordinárias da empresa (PETR3) caíram 10,37% e as preferenciais (PETR4) 9,21%, no que foi a maior queda diária dos papéis da empresa desde a crise de 2008. Até o fechamento de 10 de dezembro, as ações ordinárias e preferenciais da empresa caem no ano 18,47% e 9,79%, respectivamente.

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Em setembro, aconteceu outro imprevisto para o governo brasileiro: não houve nenhuma empresa interessada na concessão da BR-262, que liga Minas Gerais ao Espírito Santo. Os empresários alegaram que o modelo vigente era pouco atrativo para o setor. Após o fracasso, a presidente decidiu fazer alterações no plano de concessões de rodovias.

Se o leilão da rodovia não foi tão bem, o mesmo não pode ser dito sobre os aeroportos de Cofins, em Minas Gerais, e do Galeão, no Rio de Janeiro. Ambos receberam diversas propostas e acabaram gerando uma arrecadação de mais de R$ 20 bilhões para o governo.

Se, para a economia do Brasil, 2013 foi um ano para ser esquecido, o mesmo não será dito pelos americanos. No terceiro trimestre de 2013 os EUA marcaram uma expansão de seu PIB na casa de 3,6%. Nesse cenário, especula-se desde maio uma retirada dos estímulos do governo na economia do país – que foi confirmada parcialmente no dia 18 de dezembro na última reunião do Fed no ano, quando ficou decidida retirada na ordem de US$ 10 bilhões mensais nos estímulos aplicados.

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Essa possível retirada de estímulos afetou diretamente o Brasil na medida em que o real sofreu forte desvalorização e o dólar chegou à casa de R$ 2,45 em agosto de 2013, pegando de surpresa os investidores brasileiros e afetando fortemente o desempenho das empresas com suas despesas vinculadas à moeda norte-americana. Do começo do ano até o fechamento de 18 de dezembro de 2013 o dólar já se valorizou 16,77%.

Contudo, nem tudo foram flores na maior economia do mundo em 2013. O mês de outubro foi marcado por um impasse entre republicanos e democratas sobre o aumento do teto da dívida do país. Para permitir esse aumento, os republicanos queriam que os democratas modificassem seu plano de saúde – o que não aconteceu. A bolsa brasileira passou por volatilidade no período: a semana de 30 de setembro a 4 de outubro marcou queda de 1,66% pela tensão nos EUA. Em 16 de outubro, dia do acordo entre democratas e republicanos, o Ibovespa fechou em alta de 1,81%.

Confira as maiores quedas do Ibovespa no ano de 2013:

Empresa Código Queda acumulada*
MMX Mineração MMXM3 – 84,27%
Brookfield BISA3 – 69,59%
Oi OIBR3 – 54,41%
Marfrig MRFG3 – 54,13%
Rossi RSID3 – 53,85%
Oi OIBR4 – 50,44%
LLX Logística LLXL3 – 45,39%
PDG PDGR3 – 43,81%
BR Malls BRML3 – 32,89%
Natura NATU3 – 28,45%