Voluntária que teve reações adversas com a vacina de Oxford não tomou placebo

De acordo com o Stat, portal especializado em ciência e saúde, a informação foi divulgada pelo presidente da AstraZeneca em reunião com investidores

Allan Gavioli

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SÃO PAULO – O participante dos testes clínicos que desenvolveu uma reação adversa grave e causou a paralisação dos estudos de fase 3 da vacina da farmacêutica AstraZeneca em parceria com a universidade de Oxford, é uma mulher britânica que não estava no grupo de controle. Ou seja, a voluntária recebeu de fato a vacina e não o placebo, como alguns cientistas haviam imaginado.

A mulher teve sintomas condizentes com a mielite transversa, uma doença rara e autoimune, que pode ser deflagrada por infecções virais. Segundo Pascal Soriot, presidente da AstraZeneca, a mulher já recebeu alta no hospital e passa bem.

De acordo com o Stat News, portal americano especializado em ciência e saúde, a confirmação de que a paciente havia de fato tomado a vacina foi divulgada pelo próprio presidente da farmacêutica em uma reunião privada com investidores.

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Ainda de acordo com o site, na mesma reunião, Soriot afirmou aos investidores que essa não foi a primeira vez que os testes foram suspensos. Houve, ainda em julho, uma paralisação nos testes depois que um voluntário teve sintomas de um distúrbio neurológico.

Porém, os testes foram retomados rapidamente após uma análise mostrar que o voluntário sofria de esclerose múltipla, sem relação com a vacina ou a Covid-19.

A vacina da AstraZeneca e de Oxford, além de ser testada no Reino Unido, já foi aplicada em mais de 5 mil voluntários brasileiros.

O estudo nacional foi iniciado em junho e está sendo coordenado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A instituição informou que não foram registrados eventos adversos em participantes brasileiros.

Há, ainda, um acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a farmacêutica para uma fabricação nacional do medicamento após sua aprovação, graças a uma parceria de transferência de tecnologia entre a AstraZeneca e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A farmacêutica acredita que, mesmo com a pausa nos testes, a vacina contra o novo coronavírus pode estar disponível no mercado ainda em 2020.

OMS afirma que suspensão é procedimento normal

Na última quinta-feira (10), Soumya Swaminathan, cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), destacou, durante uma entrevista coletiva, a importância que uma suspensão temporária nos testes possui para os estudos de um medicamento, afirmando que o procedimento é normal e é considerado uma boa prática clinica.

“Nem sempre será uma rota rápida, e temos que estar preparados para isso. Esperamos que seja possível seguir, mas depende de muitos fatores, e precisamos esperar pelos detalhes do que aconteceu”, afirma Soumya.

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.