US$ 30 milhões para startups brasileiras em 2021: a estratégia da Igah Ventures

Fundo de venture capital reúne 56 startups investidas e 13 eventos de liquidez. SoftBank está na lista de investidores da Igah Ventures

Mariana Fonseca

Marcio Trigueiro, Pedro Sirotsky Melzer e Luis Felipe Magon, da Igah Ventures (Divulgação)

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SÃO PAULO – Assim como todos os setores da economia, os fundos de venture capital se assustaram com a chegada da pandemia do novo coronavírus no Brasil. Logo se percebeu, porém, que os veículos que investem em startups estavam no grupo dos resilientes ao caos. A tecnologia se provou fundamental – e não demorou para investidores na pessoa física e jurídica voltarem a procurar os VCs.

Essa é a visão de Pedro Sirotsky Melzer, um dos sócios diretores da Igah Ventures. O fundo de venture capital aportou US$ 30 milhões em startups ao longo de 2020. Para 2021, busca aportar uma quantidade igual. Os recursos vêm de um fundo de US$ 130 milhões, captado ao longo de 2020.

O InfoMoney conversou com Melzer sobre como o fundo de venture capital encarou o último ano e quais são os planos para 2021.

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Histórico da Igah Ventures

A Igah Ventures surgiu em janeiro de 2020, a partir da fusão de dois fundos conhecidos no mercado brasileiro: o de venture capital e.Bricks Ventures e o de private equity Joá Investimentos. As duas instituições acumulam 56 investimentos em startups, 13 exits (saídas, ou eventos de liquidez) e cerca de US$ 250 milhões em recursos captados e geridos. O SoftBank, conglomerado japonês de telecomunicações e dono de um fundo de US$ 5 bilhões para startups da América Latina, é um dos investidores âncora do fundo de venture capital brasileiro.

Entre as empresas atuais do portfólio estão GuiaBolso, Ingresse, Tembici e Reserva. Peixe Urbano e Porta dos Fundos são exemplos de exits.

Marcio Trigueiro, Pedro Sirotsky Melzer e Luis Felipe Magon são os managing partners (principais sócios) da Igah Ventures.

Trigueiro atuou como sócio na GP Investimentos, que tem no portfólio empresas como BR Properties e Fogo de Chão. Também foi CEO da Sascar (empresa de tecnologia e segurança automotiva) e da PDG (construtora e incorporadora). Já Melzer trabalhou como gerente de receitas na Apple, no Vale do Silício, e criou dois fundos no Brasil: a Warehouse Ventures (investidora no iFood) e o e.Bricks Ventures (Ambar, Contabilizei e Labi Exames). Por fim, Magon foi analista em instituições financeiras como Banco Pactual, Leblon Equities e BNY Mellon. E cofundou a gestora de fundos de ações e multimercado Vista Capital.

Mais executivos que fazem parte do quadro da Igah Ventures são Camila Sangali (anteriormente gerente na Somos Educação), Dennis Wang (antes vice-presidente do Nubank e co-CEO da Easy Taxi) e Thiago Maluf (que já foi vice-presidente de private equity na TPG Global e associate de private equity na Kinea Investimentos).

“O e.Bricks Ventures tinha relacionamento com a Joá Investimento tanto na pessoa física quanto na jurídica. Conhecíamos os sócios e fazíamos coinvestimentos. A união fez sentido porque a Joá buscava focar mais em venture capital e porque percebemos que tínhamos teses diferentes – eles focavam em consumo e marketing, enquanto nós olhávamos para softwares e soluções empresariais. O diferencial da Igah Ventures está nessa equipe complementar e robusta”, diz Melzer.

A Igah Ventures apoia startups que estão entre as rodadas seed e série B. O foco está no meio dessa jornada, que é a série A (entenda os estágios de crescimento de uma startup). O cheque médio por startup assinado pela Igah Ventures vai de US$ 5 milhões a US$ 7 milhões. O fundo de venture capital olha principalmente para as verticais de educação, fintech, saúde, soluções empresariais e varejo direto ao consumidor (D2C).

“O último ano evidenciou que a tecnologia será usada por empresas de todos os segmentos como facilitador de escala. Olho cada vez menos para o setor de tecnologia em si, e mais para as empresas que têm alto potencial de escala, ferramentas que garantam eficiência e capital e empreendedores com mentalidade de crescimento exponencial”, afirma Melzer.

US$ 30 milhões: plano para 2020 e 2021

Ainda em janeiro de 2020, a Igah Ventures abriu uma captação de US$ 100 milhões. “Vimos a maturidade do mercado brasileiro de startups e concluímos que esse montante poderia ser alocado com tranquilidade”, diz Melzer.

No primeiro trimestre, a captação já estava em US$ 20 milhões e a Igah Ventures investiu em negócios como Acesso Digital, Avenue e Conexa Saúde. Mas os esforços de receber dinheiro dos investidores foram interrompidos no final de março, quando a pandemia chegou ao Brasil. A Igah Ventures se voltou ao portfólio existente e fez ajustes em sua própria operação.

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Em agosto, Melzer afirma que começou a ver uma animação dos investidores. A Igah Ventures voltou a captar em setembro. “A própria situação da pandemia deixou evidente que empresas criadas no meio digital, mais ágeis e inovadoras têm vantagem. Grandes empresas e fundos nacionais e internacionais querem participar desse movimento. Fazem joint ventures, contratos de investimento e fusões ou aquisições. Já as startups conseguem realizar grandes rodadas e até IPOs. As startups se profissionalizaram como classe de ativos”, diz o managing partner.

A Igah Ventures fechou o último ano com US$ 130 milhões captados, acima do esperado no começo de 2020. US$ 30 milhões foram efetivamente investidos ao longo do último ano. Oito startups entraram para o portfólio, seis delas com investimento já divulgado: Acesso Digital, Avenue, Conexa Saúde, 321Beauty, Dr. Jones e bxblue.

Para 2021, a Igah Ventures espera investir mais US$ 30 milhões. 40% dos US$ 130 milhões captados também foram reservados para follow on – novos investimentos nas próprias startups do portfólio, em rodadas futuras de aportes. Os recursos captados pela Igah Ventures servirão para rodadas de investimento realizadas até o começo de 2022.

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Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.