Tesla (TSLA34) é condenada em R$ 15 milhões por caso de assédio racial nos EUA

No ano passado, empresa de Elon Musk também foi retirada do índice ESG do S&P por declínio em pontuação de código de conduta

Wesley Santana

(Shutterstock)

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A Justiça dos Estados Unidos revisou uma decisão e decidiu fixar em US$ 3,2 milhões (cerca de R$ 15 mi) a condenação da Tesla (TSLA34) em um caso de assédio racial contra um ex-funcionário negro. Embora a cifra seja alta, representa uma vitória para a empresa de carros elétricos que, anteriormente, havia sido condenada a pagar US$ 137 milhões (ou quase R$ 700 mi), uma redução de 98%.

Esse é o desfecho de uma ação judicial que alegava que o ambiente de trabalho era racialmente hostil e que a montadora não tomava nenhuma medida para proteger o então funcionário do assédio racial. A companhia de Elon Musk deve, portanto, pagar US$ 3 milhões por danos punitivos e mais US$ 175 mil por danos compensatórios, fixou o juri formado por 8 pessoas.

A ação inicial dizia que os funcionários encontraram “uma cena parecida com a era Jim Crow”, em referência à lei de segregação racial que vigorou nos EUA no início do século 20. Entre as reclamações, pontuou o documento, os funcionários negros encontravam pichações racistas nos banheiros, além de insultos cotidianos.

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Todas essas situações de assédio racial aconteceram em uma fábrica em São Francisco, no estado da Califórnia, que era a única linha de montagem de veículos no país. Há dois anos, o tribunal federal da região declarou que, apesar da queixa dos funcionários e até de supervisores, a Tesla não teria tomado medidas razoáveis para coibir os ataques criminosos.

Se de um lado os advogados da Tesla não quiseram comentar a decisão, os representantes do funcionário se mostraram indignados com a revisão da indenização, no que classificaram como “julgamento incorreto”. “Eu não acho que a verdade guiou as decisões aqui. Acho que foi um show em que Owen Diaz [o funcionário] foi atacado e sua credibilidade foi questionada”, disse Larry Organ, um dos advogados do reclamante à publicação norte-americana Wall Street Journal.

Mulheres também denunciaram assédio

Ao que tudo indica, o racial não era o único caso de assédio que acontecia dentro das instalações da Tesla, na Califórnia. No final de 2021, uma funcionária abriu um processo dizendo que as mulheres da fábrica eram submetidas a episódios de assédio sexual e que a empresa não tomava medidas para coibir.

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Na ação, Jéssica Barraza disse que foi vítima de linguagens e comportamentos sexistas, incluindo toques físicos não consentidos, durante a jornada de trabalho. Ela ainda garantiu que os superiores hierárquicos sabiam dos casos, mas que alguns deles, inclusive, eram responsáveis por praticar os atos.

“Quase todos os dias, durante três anos, minhas colegas de trabalho e eu fomos objetificadas, ameaçadas, e tocadas na fábrica”, afirmou a reclamante. Ela ainda acredita ter sofrido retaliações após reclamar ao departamento de recursos humanos sobre as situações, pontuou.

Tesla fora de índice ESG

Essas duas acusações contribuíram para que a Tesla fosse retirada de um dos principais índices ESG da bolsa de valores norte-americana, no ano passado.

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Segundo a S&P Dow Jones, houve um declínio na pontuação da fabricante de carros elétricos “relacionados à estratégia de baixo carbono e aos códigos de conduta empresarial”, alegou Maggie Dorn, diretora-sênior e chefe de índices ESG da S&P Dow Jones Índices para a América do Norte.

Em seu estilo irônico, Musk atacou a organização dizendo que o S&P “perdeu sua integridade”. Ainda completou:” ESG é uma farsa. Foi armado por falsos guerreiros da justiça social”, publicou em seu perfil no Twitter.