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SÃO PAULO – Depois de mostrar um lucro de R$ 19 milhões, a PDG Realty (PDGR3) viu suas ações subirem 3,07% no dia 14 de fevereiro, batendo os R$ 1,68. Dois pregões depois, a ação da empresa de construção civil já bateu os R$ 1,60 – um de seus patamares mais baixos desde a crise de 2008. Afinal, o resultado da empresa – que voltou a ganhar dinheiro – agradou ou não?
Agradou, mas ainda não é o bastante para um cenário complicado que a empresa vive: suas preocupações variam de uma bolha imobiliária até a reestruturação de suas operações. “Os dados apresentados pela empresa foram satisfatórios, tendo em vista as dificuldades que vinha enfrentando nos anos anteriores”, explica Karina Freitas, analista da Concórdia Corretora.
O cenário para a empresa é extremamente complicado. Boa parte do mercado acredita que uma bolha imobiliária está se formando e – mesmo que isso não seja consenso entre os investidores e economistas – isso impacta a cotação das empresas de construção civil. Essa nuvem no setor é um problema e uma oportunidade ao mesmo tempo: se há bolha e ela estourar, deverá impactar a rentabilidade das empresas, mas se não há, o mercado eventualmente corrigirá os preços das ações para cima.
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Por conta de todas essas dificuldades, o preço das ações de imobiliárias na BM&FBovespa está em patamares absurdamente baratos, com muitas operando a baixo de seu valor patrimonial. Para muitos, isso já mostra que o mercado teme uma retração do mercado imobiliário – principalmente nas principais praças, como Rio de Janeiro e São Paulo.
“Esse medo coloca o bode na sala, o mercado não está essa maravilha toda, o que ajuda nesse movimento negativo”, alerta Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos. Muitas das empresas já estão em uma situação complicada financeiramente – com o aumento de custos – e já veem sua velocidade de vendas recuarem recentemente.
Ele destaca que muitas empresas já estão queimando caixa com o atual cenário, os custos dispararam e muitas estão com prejuízo – e só para conseguir entregar o que já foi lançado e vendido, muitas empresas estão em apuros. “Se for olhar exclusivamente para o valor patrimonial, elas estão descontadas. A empresa pode estar valendo 20% do valor patrimonial, mas está queimando caixa. Além disso estamos em um cenário de elevação de juros, fica mais caro as pessoas financiarem”, diz o analista.
Reestruturação ainda é ponto chave
Companhias estas que estão se adequando depois de alguns “erros” de gestão. “Elas seguem tentando recuperar-se das consequências da diversificação e expansão geográfica dos seus negócios. A empresa, que vinha constantemente aumentando participação no Norte e Nordeste, voltou subitamente suas operações de volta para o eixo Rio-São Paulo, onde possui maior experiência”, destaca a Concórdia.
Um dos pontos chaves para a empresa é a reestruturação de suas operações. A empresa já cancelou 48 projetos que valem cerca de R$ 2,11 bilhões. Somados, esses projetos superam os lançamentos da empresa em 2013, que valem apenas R$ 2,01 bilhões. A PDG é uma das 12 construtoras encrencadas na Bovespa, com queda de 45,32% em 2013 e que atualmente vale cerca de metade de seu patrimônio.
A empresa tem a missão de controlar seus custos, prejudicados pelos atrasos em obras, estouros de custos e distratos de vendas. A empresa tem uma dívida líquida elevadíssima e apresentou forte prejuízo em 2012. Os projetos cancelados deverão economizar R$ 1,25 bilhão para o bolso da empresa – que ultimamente tem queimado caixa constantemente. A expectativa da PDG é que consiga parar de queimar caixa até a metade deste ano.