Stone e Pagseguro: o que explica as reações opostas do mercado aos resultados das credenciadoras

Números da dona da Moderninha estimularam forte movimento de venda; enquanto isso, empresa de André Street anima e salta 10%

Paula Zogbi

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – As credenciadoras brasileiras com ações listadas nos Estados Unidos PagSeguro e Stone despertaram reações praticamente opostas nos mercados nos últimos dias. Enquanto a dona das moderninhas estimulou um movimento de venda e uma desconfiança de analistas, a empresa de André Street animou com resultados sólidos.

Para começar com as más notícias, a PagSeguro chegou a despencar 18% na quarta-feira, data da divulgação do resultado, graças a uma sinalização da empresa de que as margens devem manter níveis estáveis (diferentemente do que se esperava de uma empresa que vinha crescendo exponencialmente em escala) e uma desaceleração do crescimento do TPV (volume total de pagamentos na sigla em inglês).

Em call sobre os resultados, a PAGS disse que essa perspectiva de margens mais tímidas tem a ver com o crescimento do PagBank – exatamente o mesmo motivo dado no ano passado quando a empresa divulgou o guidance de 2019. Naquela ocasião, a ação despencou a princípio e se recuperou rapidamente. “Os crescentes investimentos no PagBank e o impacto negativo no lucro no curto prazo devem ser vistos como dores de crescimento”, apostam analistas do Credit Suisse em relatório.

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Também levantou a sobrancelha de analistas e gestores uma manobra que aumentou a margem da empresa a partir de setembro sem necessariamente significar ganho de mercado. Naquele mês, a empresa passou a contabilizar os contratos de venda de maquininhas no modelo de comodato, que é uma espécie de assinatura. Isso aumenta a velocidade do acordo sem mudar o relacionamento com o cliente e, na prática, aumentou o lucro da companhia em R$ 20 milhões. Resta saber se o guidance já leva isso em consideração.

Já a ação da Stone salta 10% nesta manhã após a divulgação de números que, apesar de pouco abaixo da expectativa consensual do mercado, apresentaram sinais de solidez em indicadores-chave. O lucro recorrente cresceu 126% e o número de clientes saltou em 69 mil. Em call com analistas, a companhia de André Street disse que os dados de clientes ativos devem continuar em crescimento nos próximos trimestres ao longo de 2020.

Para o Credit, os números “mostram que a empresa não está dando sinais de desaceleração” e “parecem suportar uma tese de crescimento forte”. Considerando a crescente guerra das maquininhas, os analistas veem a empresa como “bem posicionada para crescer ainda mais rápido no quarto trimestre de 2019”.

Analistas do Morgan Stanley avaliaram os números como “mais positivos que negativos”, destacando aumento de market share para 8,1%. “Vemos um período de vários anos de crescimento de ganhos por ação graças à baixa penetração de pagamentos em cartões no Brasil, à oportunidade atraente de vender produtos e serviços além de pagamentos à base de clientes e à alta alavancagem inerente ao negócio”, diz o relatório.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney