Setor de transportes e bancada do agro se posicionam contra bloqueio de estradas

Confederação diz que manifestações podem gerar “transtornos econômicos”; ruralistas citam risco de desabastecimento da cidade e do campo

Rikardy Tooge

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A Confederação Nacional do Transporte (CNT), entidade que representa as empresas de transporte no Brasil, criticou nesta segunda-feira (31) os bloqueios que ocorrem em diversas rodovias brasileiras após a confirmação da vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais.

Na mesma linha, a bancada ruralista no Congresso Nacional se manifestou de forma contrária às paralisações. Para fontes com conhecimento no mercado, esses posicionamentos são considerados positivos, uma vez que sinaliza que não haverá apoio de grandes empresários aos bloqueios.

Revoltados com o resultado, eleitores do candidato derrotado, o presidente Jair Bolsonaro (PL), começaram a se manifestar em diversos pontos do Brasil. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que, por volta de 18h30, foram 236 ocorrências registradas nas estradas brasileiras, em 20 estados.

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Para a CNT, o fechamento de estradas causa ” transtornos econômicos” ao país, além de afetar a locação de pessoas doentes e de produtos de primeira necessidade, como alimentos, medicamentos e combustíveis.

“A entidade respeita o direito de manifestação de todo cidadão, entretanto, defende que ele seja exercido sem prejudicar o direito de ir e vir das pessoas”, disse a CNT, em nota. Por fim, a confederação diz confiar que as autoridades irão garantir a circulação de bens e pessoas por todo o país.

Bancada ruralista

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) disse que os bloqueios nas estradas afetam os consumidores brasileiros e que há risco de desabastecimento “em toda a cadeia produtiva rural do País”.

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“Fazemos um apelo para que as rodovias sejam liberadas para cargas vivas, ração, ambulâncias e outros produtos de primeira necessidade e/ou perecíveis”, diz a FPA, em nota.

Ministério Público cobra medidas

A Procuradoria-Geral Eleitoral solicitou na noite desta segunda-feira que Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adote providências para restaurar a normalidade nas rodovias brasileiras.

O vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gonet, solicitou ao presidente da corte, ministro Alexandre de Moraes, que as medidas sejam tomadas para evitar o agravamento da situação e “garantir o livre trânsito de veículos, bens e pessoas em todas as rodovias do país”.

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Mais cedo o Ministério Público Federal (MPF) havia dado 24 horas para a Polícia Rodoviária Federal (PRF) prestasse esclarecimento sobre quais medidas estavam sendo tomadas para evitar os bloqueios.

Representantes se manifestam

O deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, afirmou em nota oficial que os caminhoneiros não irão parar para protestar contra o resultado das eleições.

A categoria “não participa e nem participará de nenhum movimento de paralisação ou bloqueio de rodovias para protestar e questionar o resultado das eleições que elegeu o candidato Luiz Inácio Lula da Silva como novo Presidente do Brasil”, afirmou.

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O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, disse que se trata de uma “ação antidemocrática de alguns segmentos que não representam a categoria dos caminhoneiros autônomos de não aceitação do resultado das urnas”. A entidade havia promovido anteriormente chamados de greve contra os preços dos combustíveis.

Segundo Dahmer, a pauta permanente dos caminhoneiros “não é política, mas econômica”, o que inclui reivindicações como consolidação da tabela de pisos mínimos de fretes e redução dos preços dos combustíveis.

Procurada, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que tem diálogo mais próximo com o governo de Bolsonaro, afirmou que vai se reunir para avaliar a situação. A entidade não informou se apoia as manifestações.

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*Com Reuters

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br