Saraiva e Cultura juntas? Ações disparam com rumor de fusão – mas não há motivo para tanto ânimo

Gigantes do setor de livraria poderiam se fundir, de acordo com informações do Estadão, não confirmadas pela Saraiva - contudo, estrategista ressalta ceticismo com a ação da companhia

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Que o mercado de livrarias passa por um momento de crise, não é nenhuma novidade. Contudo, a notícia de que uma fusão entre dois grandes nomes do setor poderia estar no radar surpreendeu o mercado e fez a ação da Saraiva (SLED4), uma das envolvidas na operação, disparar nas últimas sessões. 

Na última quinta-feira, a Coluna do Broad, do Estado de S. Paulo, informou que a Saraiva e a Livraria Cultura negociam uma possível fusão. De acordo com a coluna, as conversas  já ocorrem há cerca de três meses, mas nenhum banco foi contratado para intermediar o negócio, que daria mais musculatura para as empresas em meio à tentativa de sobreviver com a queda das vendas e o advento dos e-books.  

Segundo a coluna, o interesse da Saraiva se resume em três pilares: conhecimento e valor da marca, pontos comerciais e participação de mercado. Entre as lojas chamarizes da Cultura está a do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Porém, nos dias seguintes à notícia do Estadão, os papéis SLED4 pouco reagiram e registraram quedas de 1,23% no dia 16 e de 1,67% na sexta (17). Em nota à CVM na última segunda, a companhia ainda informou que questionou seus administradores e acionistas controladores e eles afirmaram que não tem conhecimento de informações que devam ser divulgadas ao mercado. 

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Contudo, a notícia ganhou proporções maiores, com o jornal Folha de S. Paulo destacando no último final de semana que a notícia de que Livraria Cultura e Saraiva estariam negociando uma fusão, o que já teria assustado o mercado editorial. 

Procurada pela Folha, a Cultura disse que é normal recontar seus estoques, em resposta a uma informação de que estaria fazendo recontagem fora de época, e ainda informou que não estaria à venda. Em seguida, pediu ao jornal para desconsiderar a última resposta e usar uma nova, em que reforçava a questão dos estoques, mas tirava a informação de que não está à venda. Isso aumentou ainda mais os rumores de uma venda ou eventual fusão (no caso, com a Saraiva).

Desta forma, já na segunda, as ações SLED4 subiram 11% e mais 5,89% na variação máxima da terça-feira. Às 15h22 (horário de Brasília) desta terça, os ativos SLED4 registravam ganhos de 2,66%, a R$ 5,40, levando a ganhos acumulados de mais de 14% em apenas duas sessões. 

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Ceticismo persiste

Apesar desta notícia, o estrategista-chefe da Eleven Financial, Adeodato Volpi Netto, destaca o forte ceticismo com a ação da Saraiva. Ele aponta que, mesmo após a venda da melhor operação da companhia (a Saraiva vendeu a Editora Saraiva em junho de 2015 para a Somos Educação), a companhia não conseguiu resolver o problema de seu alto endividamento.

Além disso, a operação de varejo demanda investimento para uma virada que, atualmente, a companhia não possui capacidade financeira para fazer, ressalta o estrategista.

Ou seja, a notícia, à primeira vista, pode parecer positiva, o que reflete no preço das ações. Contudo, o cenário segue de ceticismo com a empresa no prazo mais longo. 

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.