Reabertura: como montadoras e grandes empresas começaram a retomar operações no Brasil e no mundo

Diversas montadoras, grandes bancos e multinacionais já colocam em prática os planos de volta ao trabalho

Allan Gavioli

(Alex Pantling/Getty Images)

Publicidade

SÃO PAULO – Passados alguns meses do início da pandemia do novo coronavírus, grandes empresas começam a estruturar planos de reabertura em diversos países. Como o mundo foi afetado pela doença de diferentes formas, multinacionais estudam e avaliam caso a caso a retomada das atividades em cada país.

Montadoras na Europa, China, EUA e até no Brasil já voltaram a funcionar. Fábricas retomaram suas operações e grandes bancos e empresas colocaram em prática planos de volta de seus funcionários aos escritórios.

As empresas que iniciaram algum processo de retomada de atividades garantem que adotam todas as medidas de prevenção necessárias para preservar a saúde dos seus funcionários.

Continua depois da publicidade

As atividades industriais devem ter uma retomada lenta, já que as empresas passam por um momento de readequação dos processos produtivos, que devem ser alinhados com todas as políticas de distanciamento recomendadas pelos especialistas em saúde.

Segundo dados mais recentes da Universidade Johns Hopkins, instituição que contabiliza os casos da Covid-19 ao redor do mundo, 4,8 milhões de pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus e 319 mil morreram.

Montadoras no Brasil

No Brasil, que registra um aumento no números de infectados e mortes pela Covid-19 nas últimas semanas, diversas montadoras de veículo já retomaram as atividades.

A fábrica da BMW em Araquari (SC) foi reaberta no dia 4 de maio. A planta é responsável por produzir o sedã esportivo Serie 3 e o utilitário esportivo X1, além de outros modelos da marca alemã. A empresa afirma que estabeleceu uma série de medidas de segurança para que os funcionários pudessem voltar ao trabalho.

Entre elas, está a obrigatoriedade do uso de máscara e uniforme dentro das dependências da planta e o distanciamento mínimo de 1,5 metro entre os profissionais. A fábrica estava fechada desde o dia 26 de março.

A Fiat Chrysler anunciou no último dia 11 que vai retomar suas atividades no Brasil após quase 50 dias de interrupção. A fabricante de carros da Fiat e da Jeep afirmou que, na reabertura, serão 4,3 mil pessoas trabalhando em Betim (MG), e outras 1,5 mil em Goiana (PE).

A montadora ainda informou que cerca de 600 funcionários já haviam voltado ao trabalho na fábrica de motores da Fiat em Campo Largo (PR). Também foi fechado um acordo de redução da jornada de trabalho em 20%, e de corte de 10% a 20% dos salários, para todos os cerca de 20 mil funcionários que a companhia tem no país.

A General Motors (GM) retomou na última segunda-feira (18) as atividades produtivas de sua fábrica em São Caetano do Sul (SP). No início, somente o primeiro turno da fábrica será reativado.

“Estamos muito seguros de que as medidas tomadas são eficazes e que estamos oferecendo o melhor ambiente de trabalho para os nossos empregados”, afirma Luiz C. Peres, vice-presidente de manufatura da GM América do Sul.

A Volkswagen foi outra montadora que voltou aos trabalhos nessa semana. Sua fábrica localizada em São José dos Pinhais (PR) voltou a funcionar na última segunda-feira (18), com dois turnos, mas operando em ritmo reduzido.

A fábrica da Hyundai Brasil, localizada em Piracicaba (SP) retomou as atividades do dia 13 de maio com apenas 1/3 dos turnos de trabalho.

Cerca de 700 funcionários voltaram ao trabalho. Demais empregados permanecem com os contratos de trabalho suspensos até 26 de maio, sem redução de salários e home-office para equipes de setores administrativos.

A Renault retomou a produção de sua fábrica em São José dos Pinhais (PR), do dia 4 de maio. A montadora tinha dado férias coletivas a todos os seus funcionários entre os dias 23 de março e 3 de maio. Além disso, a Renault decidiu antecipar o encerramento dos contratos de cerca de 300 trabalhadores temporários.

A fábrica da Volvo em Curitiba (PR) realizou sua reabertura no início desse mês de maio, após a montadora dar um mês inteiro de férias coletivas para seus funcionários, entre 30 de março e 30 de abril.

Já a Ford mantêm a posição de reabrir suas operações nos países da América do Sul apenas no início de julho. As plantas de Camçari (BA), Taubaté (SP) e em São Bernardo do Campo (SP) estão paralisadas desde o dia 23 de março e a montadora ainda estuda a data exata de reabertura.

Volta ao trabalho pelo mundo

Nos EUA, as montadoras General Motors, a Ford e Fiat Chrysler iniciam nesta semana o processo de reabertura de suas fábricas, depois de um desligamento completo da produção nos EUA em março para combater a pandemia da Covid-19.

A reinicialização das operações deve ser lenta no início, e os trabalhadores passarão por exames completos antes de voltarem ao trabalho.

As montadoras estabeleceram como obrigatória a medição de temperatura de quem entra nas fábricas e o uso de equipamentos de proteção individual, como máscaras e escudos faciais.

Além disso, os pisos das plantas foram reformados. As montadoras ressaltam que o distanciamento social entre os funcionários também está entre as novas medidas de segurança.

Além das montadoras tradicionais, a Tesla também retomará sua produção fabril nos EUA ainda nessa semana. Depois de algumas semanas de embates entre a empresa e a Califórnia, a montadora dos carros elétricos chegou a um acordo com o condado onde fica sua fábrica no estado. O departamento de saúde estadual aprovou a reabertura da fábrica da Tesla na cidade de Fremont. As plantas da montadora estavam fechadas desde o dia 23 de março.

Na China, após meses de paralisação e lockdown nacional, o país retoma lentamente sua produção industrial. O surto do novo coronavírus teve origem na cidade chinesa de Wuhan, obrigando Pequim a travar o país para conter o avanço da doença.

As fábricas na China da Foxconn, principal montadora de produtos da Apple fora dos EUA, voltaram a operar após permanecerem fechadas desde o início de janeiro.

Ainda assim, o cenário para a empresa nos próximos meses é imprevisível, segundo o presidente da empresa. Em conversa com investidores, Liu Young-Way disse que as restrições de governos em todo o mundo, juntamente com o aumento do desemprego, “impactaram significativamente a demanda”.

Nesta semana, a Apple também anunciou que reabrirá mais unidades de suas lojas físicas nos EUA. A companhia também retoma a atividade de 12 lojas no Canadá e outras 10 na Itália nesta semana. 42 unidades na China já haviam sido reabertas em 13 de março.

Em Hong Kong, o Citigroup anunciou que mais de 600 funcionários voltarão ainda nesta semana aos seus trabalhos no escritório local.

A cidade flexibilizou as medidas de isolamento social devido à redução do número de novos casos da covid-19. Em um comunicado interno, a instituição financeira afirmou que espera reduzir a taxa de trabalho remoto para 50%.

O Citigroup se une a outros gigantes de Wall Street, como o Goldman Sachs e o Morgan Stanley, que começam a reintegrar as equipes aos escritórios após o centro financeiro asiático aliviar restrições para reuniões sociais e iniciar a reabertura de escolas.

Hong Kong, que conseguiu controlar a propagação do vírus com apenas 1.055 casos e quatro mortes desde o início da crise, está há 23 dias sem casos de transmissão local.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.