Mudança na remuneração do cotista do FGTS inviabilizaria MCVM, diz secretário

Risco de alteração no custo de captação do programa vem pressionando as construtoras de baixa renda na Bolsa

Rikardy Tooge

Casas do programa Minha Casa, Minha Vida

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Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) decida alterar a taxa de remuneração do cotista do FGTS, o financiamento de habitações populares poderá ficar inviabilizado, de acordo com Hailton Madureira, secretário nacional de Habitação, do Ministério das Cidades.

Durante evento da XP destinado a home builders, Madureira afirma que há uma força-tarefa dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Luiz Marinho (Trabalho), Jader Filho (Cidades) e Jorge Messias (AGU) para sensibilizar os ministros da corte sobre a necessidade de manter a remuneração do FGTS da maneira como está.

O STF começa a julgar amanhã a possibilidade de o cotista do fundo deixar de ser remunerado por TR + 3% e 50% dos dividendos do FGTS ao ano para um indicador atrelado à inflação, como IPCA ou INPC. A possibilidade de mudança vem pressionando as construtoras de baixa renda na Bolsa.

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Isso deixaria o custo de captação de recursos para o Minha Casa Minha Vida (MCMV) mais alto para os financiamentos do programa. “Aí vira taxa de mercado. Estamos cautelosamente otimistas de que o STF decida pelo melhor, sob o ponto de vista da lógica habitacional”, conclui Madureira.

Para Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), a mudança na remuneração do cotista do FGTS significa “não ter mais recursos no nível adequado para o Minha Casa Minha Vida”.

“Quem se beneficia com o programa são os mais pobres. O uso do fundo de garantia é necessário para o país. As contas do governo não permitem outra forma de financiar a habitação de baixa renda”, conclui França.

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FGTS para financiar construtoras

Madureira afirmou ainda que o governo federal estuda formas de melhorar a estrutura de capital das construtoras para a retomada do Minha Casa Minha Vida.

A Abrainc levou ao governo duas formas para gerar mais recursos para as construtoras. A primeira seria a possibilidade de emitir Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) com funding do FGTS, a uma taxa de TR + 7,5% ao ano. A medida poderia trazer cerca de R$ 20 bilhões para empresas do segmento e está em discussão no Conselho Curador do FGTS.

“Isso já foi feito em anos anteriores e acreditamos que pode ser um funding importante para que as construtoras tenham fôlego”, afirmou Madureira.

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Outro pleito das construtoras é o aumento da parcela do compulsório dos bancos para o financiamento de novas moradias de 65% para 70%, o que poderia liberar R$ 38 bilhões em crédito imobiliário. O tema está em debate com o Banco Central.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br