‘Milhasback’: a aposta da fintech dos fundadores da Gol (GOLL4) 

PaGol quer impulsionar as vendas de viagem da companhia aérea e mira até R$ 1 bilhão de carteira de crédito em cinco anos 

Rikardy Tooge

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Entrou em operação nesta segunda-feira (21) a PaGol, uma fintech criada pela família fundadora da Gol (GOLL4). A fintravel, como a financeira prefere se denominar, vai oferecer soluções de crédito para quem deseja viajar com a companhia aérea e, também, ser uma alternativa para compra e venda de milhas da Smiles – outra empresa do grupo.

A PaGol segue um movimento de mercado que já é observado e bem-sucedido no setor de varejo, onde empresas criaram suas próprias fintechs para adaptar a oferta de crédito em um modelo que faça mais sentido ao negócio – Magalu (MGLU3) e Riachuelo (GUAR3) são alguns dos exemplos.

“A solução nasce com o objetivo de facilitar a vida de quem quer viajar. Identificamos um gap de mercado: não há uma fintech para o viajante. Então saímos na frente em nascer em um grupo que entende a necessidade de quem viaja”, afirma o CEO, Ravel Lage, que teve passagem pela Smiles antes de assumir o novo desafio.

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‘Milhasback’

A mecânica do novo produto é muito intuitiva: os consumidores ganharão uma milha da Smiles por dia a cada R$ 50 depositados na conta digital da PaGol, explica Lage. Ademais, haverá “milhasback” (a versão da empresa para o tradicional cashback) ao realizar pagamentos via cartão de débito – um dos carros-chefes do produto.

Consumidores ávidos por ‘acelerar os ganhos’ podem aderir a um plano mensal, que ‘turbinaria’ a captura de milhas. Em situações normais, cada R$ 20 gasto em débito vira uma milha, enquanto no programa de assinatura esta proporção cai a R$ 10 para uma milha. O plano será de R$ 39 por mês.

Interface do app PaGol (Divulgação)
Interface do app PaGol (Divulgação)

“O milhasback nasceu naturalmente, é uma demanda que nós já conhecíamos. A dificuldade estava em financiar isto até acharmos o modelo”, destaca o CEO. Os cálculos da fintech apontam que um assinante que seja usuário assíduo da PaGol ganhará milhas suficientes para viajar a cada 12 meses.

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Outra possibilidade da plataforma, que já está disponível para Android – e ficará para iOS nos próximos dias –, é a compra e venda de milhas da Smiles, o que faz a PaGol disputar parte de um milionário mercado que já possui grandes players, como a 123milhas.

Para 2023, a fintech também oferecerá cartão de crédito e financiamentos aos clientes. Outras formas de milhasback também estão em estudo, como para quem paga boleto ou faz Pix pela plataforma.

Pronta para decolar

A PaGol já nasce com metas agressivas para seu primeiro ano de operação. Entre a autorização do Banco Central até o início das atividades, passou-se pouco mais de um ano de desenvolvimento do produto.

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Com o sistema no ar, agora a empresa mira faturamento de R$ 200 milhões em seu primeiro ano e de R$ 500 milhões para os 12 meses seguintes. A ideia é que, até o final desse ciclo, cerca de cinco milhões de clientes estejam utilizando a plataforma. Para o crédito, a meta é conseguir uma carteira R$ 1 bilhão em cinco anos.

Roger Ravel, CEO da PaGol: meta de R$ 200 milhões de faturamento para o primeiro ano (Divulgação)
Ravel Lage, CEO da PaGol: meta de R$ 200 milhões de faturamento para o primeiro ano (Divulgação)

Lage destaca que a fintech está preparada para lidar com o desafio de alta inadimplência que domina o mercado de crédito desde o ano passado. “Chegamos ao mercado em um momento melhor. A inadimplência já aconteceu. Para nós, seria muito pior pegar toda essa questão desde o começo, teríamos sofrido com isso. Agora, entramos sabendo como esta a situação e seremos bem cautelosos na concessão de crédito”, afirma.

Funding 

A PaGol é uma empresa fora do grupo controlador da Gol. Ela é uma sociedade de crédito direto (SCD) fundada por Constantino de Oliveira Júnior e Ricardo Constantino, que são da família fundadora e que ainda controla a empresa aérea.

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No modelo de SCD, a fintech só poderá oferecer crédito com capital próprio. Com o negócio ganhando escala, Lage fala que, além do capital dos sócios, há a possibilidade da criação de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) para dar funding extra ao negócio.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br