Mais que um jogo: Super Bowl movimenta ecossistema bilionário

Estima-se que NFL deva levantar US$ 10 bilhões só em cotas de publicidade; Jogadores vencedores vão ganhar US$ 157 mil cada um

Wesley Santana

(Getty Images)

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Acontece neste domingo (12), a grande final do campeonato de futebol norte-americano, o Super Bowl. Em sua 57ª edição, o principal evento da liga NFL traz para o show do intervalo -um dos momentos mais importantes- a apresentação da cantora Rihanna, que está distante dos palcos há pelo menos cinco anos.

Para além da disputa entre Philadelphia Eagles e Kansas City Chiefs, os competidores do torneio, o foco  costuma ir para grandes empresas. Isso porque os setores de marketing, de apostas, de varejo e alimentação ficam de olhos bem abertos para o evento, responsável por movimentar bilhões de dólares nas suas últimas edições.

Apenas em termos de apostas, a edição de 2022 levantou cerca de US$ 7,6 bilhões, segundo dados da Associação Americana de Games. Para este ano, a expectativa é que os palpites alcancem o dobro, somando US$ 16 bi, ainda de acordo com a entidade.

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Muito dinheiro também circulará em campo. A instituição que organiza o campeonato diz que cada jogador da equipe campeã vai embolsar US$ 157 mil, enquanto os derrotados ficarão com a metade disso, cerca de US$ 82 mil.

Além disso, os jogadores ganham um anel luxuoso de cortesia feito de forma exclusiva e que tem avaliação estimada entre US$ 5 mil e US$ 7 mil inicialmente, mas que pode saltar dependendo de como for a partida e do atleta a quem pertencer. Em 2012, por exemplo, Lawrence Taylor vendeu seu exemplar por cerca de US$ 230 mil.

Rihanna não vai receber nada, mas empresas vão pagar US$ 7 milhões

Por incrível que pareça, a cantora Rihanna não vai receber nenhum cachê para se apresentar no Super Bowl 2023. Parece piada, mas a remuneração da já bilionária deve vir a partir do aumento na procura por suas músicas e álbuns como consequência da aparição no maior evento esportivo dos Estados Unidos.

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O motivo é fácil de explicar: estima-se que ao menos 190 milhões de pessoas assistirão a final do campeonato na TV norte-americana. A projeção não conta o público presente no estádio e os telespectadores de emissoras de TV ao redor do mundo.

Isso é praxe no mercado estadunidense, e a cantora Lady Gaga é a prova de que dá certo. Segundo a revista Billboard, em 2017, depois que Gaga se apresentou no show do intervalo, a procura por seus trabalhos cresceu na faixa de 1.000%. Movimento parecido aconteceu com outros músicos em edições mais recentes, como Snoop Dog, Eminem e Kendrick Lamar.

Na mesma proporção em que os artistas querem estar presentes no Super Bowl, as empresas também esperam, e pagam muito por isso. Cada cota de patrocínio desta edição custa US$ 7 milhões e dá direito a uma aparição de 30 segundos. O limite comercial do evento é de 58 anúncios, o que rende à organização um montante de US$ 10 bilhões de dólares.

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Todos esses espaços foram vendidos rapidamente para empresas de diversos segmentos. Estão entre as anunciantes: General Motors, Netflix, Hellmann’s, Heineken, Booking.com e PopCorners. Algumas dessas marcas fazem uma espécie de colaboração entre elas para dividir o valor do investimento e anunciar um produto em comum.

Para Renê Salviano, especialista em marketing esportivo, o Super Bowl é um exemplo de evento que ultrapassa os limites da própria arena, pois chega aos fãs do esporte em uma cobertura completa, via TV ou internet. Para ele, isso gera engajamento, interação e conversação cada vez maiores.

“Um evento como este sempre dita novas tendências dentro e fora dos campos. Desde a inovação e a tecnologia aplicadas para o rendimento de alta performance dos atletas ao apelo comercial absurdo que envolve os patrocínios. Creio que o diferencial deste é mostrar aos profissionais das diversas áreas, especialmente de marketing esportivo, como é possível transformar cada elemento da final em uma atração à parte que, no fim das contas, só faz aumentar a curiosidade, o engajamento e a atenção em cima dele”, avalia.

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No ano em que comemorou 50 edições, o Super Bowl levou ao show do intervalo Beyonce, Coldplay e Bruno Mars
No ano em que comemorou 50 edições, o Super Bowl levou ao show do intervalo Beyoncé, Coldplay e Bruno Mars. Foto: Getty Images

Mais e além no Super Bowl

Apesar de todo o sucesso que já consolidou nos EUA, a organização do Super Bowl tem feito um trabalho de expansão do esporte para outros países com a ideia seja dar características que o assemelhe a Copa do Mundo de Futebol, por exemplo, mesmo não se tratando de uma competição que envolva outros países.

“Creio que a Copa do Mundo e as Olímpiadas, cada uma ao seu modo, possuem uma linguagem mais universal. O Super Bowl é fruto de uma modalidade esportiva enraizada na cultura dos Estados Unidos, mas que todo ano vem conquistando mais fãs ao redor do mundo. Por se tratar de um nicho mais fechado, vejo que a NFL tem realizado um trabalho de expansão bem interessante para pluralizar e globalizar ainda mais sua audiência, conquistando territórios em que o futebol e os esportes especializados já são mais consolidados”, define Salviano.

Parte desse passo já foi dado no Brasil, pois os fãs podem acompanhar o evento a partir das 20h30 na TV aberta (RedeTV), na fechada (ESPN) e no streaming (Star Plus). Segundo a emissora de Osasco, Apple, Vivo, Popeyes, Sky e Amazon já fecharam patrocínio para anunciar na final da NFL.