Magazine Luiza entrega 35% dos pedidos da Black Friday até segunda

Varejistas vendem entregas extremamente rápidas como a nova realidade do comércio eletrônico

Paula Zogbi

Galpão do Magazine Luiza: empresa é a líder em compras de startups no Brasil (Divulgação)

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SÃO PAULO – Depois da Via Varejo ([ativo=VVAR3)] prometer entregar 100% das compras da Black Friday em até uma semana, o Magazine Luiza (MGLU3) divulgou nesta segunda-feira (2) que mais da metade das compras feitas na data promocional (29) dentro da Grande São Paulo foram entregues até hoje, dobrando a aposta na entrega rápida como diferencial competitivo. No Brasil todo, 35% das entregas já foram realizadas.

Os números correspondem às vendas realizadas diretamente pelo Magazine Luiza – não incluem as outras marcas do grupo (como Netshoes e Zattini) ou marketplace. Mesmo assim, representam uma operação logística bem acima do padrão brasileiro em geral.

Para garantir as entregas rápidas, o Magalu utiliza sua própria malha logística, permite retiradas em suas mais de mil lojas, e conta com empresas parceiras. Em cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Campinas, as entregas são feitas pela transportadora Logbee, startup de logísticacomprada pelo Magalu em maio de 2018.

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Solução ou problema?

Cada vez mais, as varejistas vendem entregas extremamente rápidas como a nova realidade do comércio eletrônico. Mas o resultado não necessariamente é positivo do ponto de vista contábil.

Na divulgação de resultados do terceiro trimestre de 2019, a Amazon registrou lucro 26% abaixo do trimestre anterior – a primeira queda desde 2017- graças aos esforços e investimentos em entregas cada vez mais rápidas. As despesas operacionais saltaram 26,4% principalmente graças ao serviço Prime, que oferece frete grátis em um dia. O custo da entrega da empresa disparou 46% em relação ao mesmo período de 2018, chegando a US$ 9,6 bilhões.

Mas uma das grandes diferenças entre Amazon e Magalu nesse sentido é a promessa: para o cliente do Magazine, uma entrega rápida é uma vantagem a mais, enquanto o assinante do Prime nos EUA não aceita menos do que receber seu pacote em até 24 horas. Com isso, a empresa brasileira fica mais livre para trabalhar dentro da sua margem.

Para Pedro Fagundes, analista que cobre varejo na XP Research, é pouco provável ver esse efeito no Magazine Luiza no médio prazo porque o processo de entrega criado pela empresa se mostrou extremamente eficiente. “O Magazine consegue alavancar a estrutura das lojas e da LogBee: o caminhão que abastece as lojas já leva os produtos comprados online e entrega para os motoristas da LogBee, que também usa carros e Fiorinos para as entregas”, explica o analista. “Com isso, para eles, fazer a entrega mais rápida acaba não sendo tão oneroso”.

Fagundes aponta que o Magalu já faz 70% das entregas em até 48 horas e a evolução das margens ao longo dos anos não mostra problemas nessa linha.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney