Luiz Barsi passa a deter fatia na Forjas Taurus de 10,33% das ações preferenciais

Ações tiveram uma das maiores altas de 2018 em meio à expectativa de que o presidente Jair Bolsonaro facilite o acesso a armas no país 

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O megainvestidor Luiz Barsi Filho ampliou sua participação no capital da fabricante de armas Forjas Taurus e agora possui 10,33% das ações preferenciais da companhia, conforme comunicado enviado pela companhia à B3 em 27 de dezembro e divulgada no dia seguinte.

Somente no primeiro pregão do ano, as ações chegaram a saltar até 29,6%, de olho nas primeiras medidas do presidente recém-empossado Jair Bolsonaro.

Barsi possui 1.844.600 ações preferenciais da Taurus decorrentes de “múltiplas aquisições”. As ações preferenciais (FJTA4), que têm prioridade na distribuição de dividendos, acumularam ganhos de 130,9% ao longo de 2018. O impulso nos papéis ocorreu, majoritariamente, durante a corrida presidencial.

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O ano passado foi marcado pela expectativa de que Bolsonaro facilite o acesso a armas no país, o que levou a fortes ganhos dos papéis apesar da visão de que também pode haver a facilitação da entrada de fabricantes estrangeiros no Brasil, o que prejudicaria a companhia.

Os papéis chegaram a registrar ganhos de quase 1.000% desde setembro até o segundo turno. Os movimentos foram apontados como especulativos por analistas do mercado, que citaram os fundamentos fracos da companhia – prejuízos e elevados endividamentos – como principal ponto fraco dos papéis.

A leitura de parte dos investidores foi de que Bolsonaro ajudaria a alavancar as vendas de armas no país, beneficiando a Taurus. Em entrevistas durante a campanha e também durante o discurso de posse, o novo presidente falou em “abandonar o politicamente correto” quando comentou sobre o afrouxamento das regras para a posse de arma em nome da “legítima defesa”.

Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro disse que a idade mínima para a posse de armas cairia de 25 para 21 anos. No último sábado (29), Bolsonaro fez uma publicação no Twitter em que evidenciou os planos de garantir por decreto a posse de armas para cidadão sem antecedentes criminais. “Por decreto pretendemos garantir a POSSE de arma de fogo para o cidadão sem antecedentes criminais, bem como tornar seu registo definitivo”, afirmou o presidente.

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Vale destacar que essa informação não é, necessariamente, positiva para a companhia. Isto porque Bolsonaro já disse em outras ocasiões que pretendia “quebrar o monopólio da Taurus” no mercado brasileiro de armas e munições.

A empresa é uma das duas fabricantes de pistolas no Brasil e fornecedora de armas para as polícias e as Forças Armadas. Ou seja, a empresa pode perder espaço no mercado, em que tem quase o monopólio, ainda que haja liberação do posse de armas.

O presidente da Taurus disse ao InfoMoney (em entrevista publicada em 16 de novembro) que a empresa está focada em seu plano estratégico do “tripé” citado no começo da reportagem e que prevê resultados positivos “independente do governo” e lembrou que 80% da faturamento da empresa vem de vendas no exterior.

“Não vai afetar o nosso resultado de forma significativa”, seja positivamente ou negativamente, respondeu Nuhs ao questionamento sobre o eventual fim do estatuto do desarmamento e abertura do mercado a empresas estrangeiras.

Qualidade dos produtos
As armas produzidas pela Forjas Taurus acumulam um histórico de disparos acidentais, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, e fomenta desconfiança do mercado até hoje. O presidente da Taurus explicou que, cientes dos problemas do passado, a empresa tem investido em sua linha de produção e que todo o sistema agora é automatizado, evitando ajustes manuais que possam resultar em erro humano e posteriores defeitos.

“Te afirmo com toda certeza que isso ficou no passado [a imagem negativa da empresa por falhas nas armas]. As vendas internas aumentaram e temos produtos novos que atendem às necessidades desse público. Recuperamos nossa credibilidade. Temos processos de produção que impedem ter variação da qualidade do produto. O funcionário não pode interferir na produção da arma. Não tem ajuste e isso garante a qualidade do produto”, explicou.

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