É bolha? Promessas do Vale do Silício derreteram até 45% desde o IPO em 2019

Pelo que parece, 2019 foi um ano com mais fracassos do que fortunas para as empresas de tecnologia que abriram capital na Bolsa

Allan Gavioli

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Alguns dos maiores nomes da tecnologia fizeram IPOs (aberturas de capital) no ano de 2019. Embora muitas dessas startups ainda não estivessem dando lucro, o alarde dos investidores e a especulação de um ambiente favorável para crescimento levaram muitas dessas empresas a irem buscar investimentos e capitalização no mercado.

Porém, com procura abaixo do esperado pelo mercado e a falta de um caminho claro para a lucratividade dos negócios fez com que alguns dos IPOs mais esperadas do ano tivessem péssimos resultados.

Pelo que parece, 2019 foi um ano de fortunas e fracassos para ofertas públicas. Algumas empresas, como a startup de videoconferência Zoom Technologies, estão negociando bem acima do preço de abertura. Outras, como a Lyft, empresa de mobilidade urbana, estão em constante queda desde seu primeiro dia na bolsa.

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À medida que chegam os meses finais de 2019, espera-se que mais dois grandes nomes da área de tecnologia comercializem ações ao público: a startup de compartilhamento de escritórios WeWork e a empresa de acessórios fitness Peloton. Ambas têm valor de mercado superiores a US$ 1 bilhão, a marca tradicional do unicórnio, mas ainda não obtiveram lucro.

No caso da WeWork, já existe uma quantidade enorme de ceticismo em torno do negócio e há indícios de que a empresa trabalha em se depreciar de propósito para salvar seu IPO.

A empresa de coworking tenta trilhar um caminho diferente das grandes empresas de tecnologia quando o assunto é abrir capital. A startup visa evitar péssimos resultados na Bolsa, assim como aconteceu com a Uber e a Lyft, por exemplo.

Startups esperam que seus modelos de negócios cheios de inovação consigam um crescimento exponencial. Até la, contudo, prejuízos e problemas vão se acumulando.

E, quando essa empresa vai para a Bolsa, o mercado espera que esses modelos de negócios vinguem para que se tornem empresas sólidas para investimentos, mas esse não foi o caso com alguns dos grandes nomes que fizeram seu IPO esse ano.

Fiverr: queda de 21%

A Fiverr, empresa conhecida por oferecer serviços freelancer, fez seu IPO em 14 de junho na New York Stock Exchange (NYSE), a bolsa de valores da cidade de Nova York.

Logo após a estreia na Bolsa, os papéis chegaram a saltar 42%, mas a alegria durou pouco. Os papéis, que começaram sendo ofertados por US$ 26, hoje estão cotados a US$ 20,65, o que representa uma queda de 21% desde o IPO até agora.

A empresa divulgará os resultados no próximo dia 11 de novembro. 

Uber: queda de 24%

A gigante da mobilidade urbana fez seu IPO em 10 de maio na NYSE, envolta de grandes expectativas, mas ainda não apresentou um plano de negócios sólido em lucratividade. 

As ações da Uber estão definhando abaixo do preço de seu IPO e esperam mais perdas à medida que problemas internos e com a legislação se intensificam. A empresa divulgará os resultados em 7 de novembro. O resultado do segundo trimestre da companhia foi o pior da história.

Os papéis começaram sendo ofertados por US$ 45 e hoje estão cotados a US$ 34,59, o que representa uma desvalorização de 24% da ação desde o IPO até agora.

The RealReal: queda de 41%

A RealReal, e-commerce de artigos de luxo e material de construção, fez sua estreia na Nasdaq (National Association of Securities Dealers Automated Quotations) no dia 28 de junho.

Os papéis começaram sendo ofertados por US$ 28,90 e hoje estão cotados a US$ 17,02, o que representa uma desvalorização de 41% da ação desde o IPO até agora.

Yunji: queda de 43%

A Yunji, um serviço chines de comercio eletrônico, fez sua estreia na Nasdaq no dia 3 de maio.

A empresa construiu rapidamente uma enorme rede de usuários, mas começou a explorar demais os elos sociais que controlava, o que fez com que deu indícios de esquema de pirâmide e gerou uma multa de US$ 1,4 milhão do governo chinês.

Os papéis começaram sendo ofertados por US$ 11 e hoje estão cotados a US$ 7,68, o que representa uma desvalorização de 43% da ação desde o IPO até agora.

Lyft: queda de 45%

Concorrente direta da Uber no mercado americano, a Lyft fez seu IPO em 29 de março na Nasdaq.

As ações da Lyft também estão sofrendo. E os problemas internos não se restingem a Uber, já que a Lyft também se encontra presa em um ciclo de queima de caixa aparentemente interminável e prejuízos constantes. Em 2018, a Lyft declarou um prejuízo de US$ 1,8 bilhão.

Os papéis começaram sendo ofertados por US$ 72 e hoje estão cotados a US$ 48,26, o que representa uma desvalorização de 45% da ação desde o IPO até agora.

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Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.