Gabriel Leal, da XP, critica campanha do Itaú: “Desespero”

O sócio da XP Inc. falou também sobre o papel dos agentes autônomos de investimento, criticados pelo banco

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A XP Inc. voltou a criticar a nova campanha de marketing do Itaú. Durante uma coletiva de imprensa, Gabriel Leal, sócio, head comercial e de relacionamento com clientes do grupo, afirmou que a campanha mostra o desespero do banco diante da perda de clientes para instituições financeiras independentes.

“A competição é boa, a provocação é sempre saudável, porque faz as instituições melhorarem. Mas a campanha mostra o total desespero do Itaú. Quando você vê que R$ 150 milhões todos os dias saem do banco [em TEDs] e entram na XP, vê a incapacidade do banco de resolver conflitos internos”, afirmou Leal.

O executivo respondeu à campanha de marketing do banco Itaú, veiculada nesta quarta-feira (24), que critica o comissionamento dos assessores de investimentos na distribuição de produtos financeiros.

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Para Leal, a nova peça publicitária revela uma “hipocrisia” do Itaú, já que o banco estaria atacando instituições financeiras independentes, antes de resolver problemas internos.

“Adoraria ver a transparência que o Itaú tanto fala com seus gerentes. Adoraria ver o Itaú acabar com produtos que cobram (de taxa de administração) mais de 100% do CDI. Ou seja, o cliente investe o dinheiro e 100% da rentabilidade é do banco”, disse o sócio da XP.

Leal prosseguiu dizendo que, em um cenário de taxa Selic a 2,25% não entende a lógica de o banco oferecer aos clientes fundos de renda fixa que cobram taxas de administração de 1,75% ao ano, ou fundos que investem no título público Tesouro Selic, com taxas superiores a 3,5% ao ano.

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“Quantas vezes nós, clientes do banco, não recebemos ofertas de títulos de capitalização como um investimento; ou uma poupança como um investimento; ou uma previdência com 3% ao ano de taxa de administração como um bom investimento para o longo prazo?”, questionou.

O executivo afirmou também que o banco se beneficia da falta de informação e do desconhecimento da população para ganhar dinheiro. “A educação, para nós, é mais um motivo e bandeira para reduzir o conflito. Nós queremos que todos os nossos investidores entendam, conheçam e saibam o que estão fazendo”, disse Leal, acrescentando que o grupo XP Inc. acabou de lançar uma nova plataforma de educação, a XPEED.

Empresários e funcionários

Gabriel Leal também falou sobre o papel do agente autônomo de investimentos, profissional que faz o meio de campo entre corretoras e investidores. Ele esclareceu que esses assessores oferecem os produtos financeiros da XP aos seus clientes de acordo com seu prazo de investimento, perfil e objetivo.

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Sobre a crítica do Itaú, o sócio da XP respondeu que não existem profissões sem conflitos de interesse, uma que vez que qualquer profissão é remunerada. Ele disse também que, acima de tudo, a XP enxerga que não há nada de errado no fato de um profissional ganhar dinheiro pelo seu trabalho.

“O agente autônomo de investimento é um empresário”, afirmou. “Se um funcionário erra, no dia seguinte ele manda o currículo e está trabalhando em outro lugar; o agente autônomo decide montar um projeto de vida, abrir a sua empresa; se ele erra, tem que fechar sua empresa, ele fracassa, tem que demitir as pessoas que trabalham com ele. Então não existe nada mais alinhado do que um empresário com visão de longo prazo, esse é o principal ponto que talvez o Itaú não entenda”, afirmou.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidade que regula o mercado de capitais, está estudando uma revisão na Instrução nº 497 para discutir a transparência dos agentes autônomos. Segundo Leal, a XP se antecipou às possíveis mudanças de regras e já mostra aos investidores as remunerações obtidas pelos agentes autônomos na compra dos produtos da empresa.

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Ele explicou que a informação sobre o percentual da taxa de administração que se converte em rebate para o assessor pode ser conferida na lâmina dos fundos distribuídos pela XP.

Carta do CEO

Na quarta-feira (24), Guilherme Benchimol, CEO e fundador da XP Inc., já havia emitido uma nota em resposta à campanha do Itaú. Disse ter certeza de que os bancos preferem o “Brasil do passado, com juros altos e baixa concorrência, explorando ainda mais os empresários e os investidores individuais”.

“Quem nunca recebeu uma oferta do seu banco com um cheque especial abusivo, um empréstimo com as mais altas taxas de juros do mundo, um ‘investimento’ na caderneta de poupança, um título de capitalização desnecessário, um fundo com taxas exorbitantes, um consórcio para bater a meta do fim do mês e assim por diante?”

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Benchimol disse ainda que a XP conta com mais de 7.000 assessores independentes. “A campanha do Itaú só reforça que estamos no caminho certo. Para o maior banco do país, com mais de 90 anos de tradição, ir a público e ofender uma profissão tão fundamental para o desenvolvimento financeiro dos brasileiros, é porque realmente percebeu que não consegue mais competir colocando o cliente em primeiro lugar. Tenho uma certeza: se tem algo que o banco não é, nem nunca foi, é ser feito para você.”, disse o CEO.