Fleury revisa estimativa de ganho de Ebitda após aprovação da fusão com Pardini para até R$ 220 milhões por ano

Negócio resultante da união dos dois grupos nasce com R$ 7,1 bilhões em receitas brutas e 277 milhões de exames processados anualmente

Anderson Figo

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O Fleury (FLRY3) revisou nesta segunda-feira (17) suas estimativas de geração operacional de caixa decorrentes da fusão com o Grupo Pardini (PARD3), aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na semana passada, sem a necessidade de medidas adicionais (os chamados remédios).

As sinergias promovidas pela união dos grupos devem gerar entre R$ 200 milhões e R$ 220 milhões anuais em Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) extra. O valor é 25% maior que as estimativas iniciais do negócio, que giravam em torno de R$ 160 milhões a R$ 190 milhões.

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O cálculo das sinergias é composto por 90% na redução de custos e despesas que a empresa objetiva atingir a partir de agora, mas considera também oportunidades de ganhos de produtividade e novas receitas com a ampliação de portfólio de exames e serviços. A previsão é a de que 95% desses ganhos sejam capturados até o final do terceiro ano de operação conjunta.

O negócio resultante da união dos dois grupos nasce com R$ 7,1 bilhões em receitas brutas, 277 milhões de exames processados por ano, 20.000 colaboradores, 4.300 médicos, 520 unidades de atendimento e mais de 7.000 clientes lab-to-lab (operação B2B do Grupo Pardini, uma nova avenida de crescimento para o Fleury).

O Fleury e o Pardini são o segundo e o terceiro maiores players do setor de diagnósticos do Brasil, respectivamente, atrás apenas da líder Dasa (DASA3). Em 2022, a Dasa reportou uma receita bruta da ordem de R$ 14,1 bilhões, correspondendo a uma alta de 26% sobre 2021.

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A compra do Pardini pelo Fleury foi anunciada em meados de 2022, em transação por troca de ações e dinheiro. As ações PARD3 serão convertidas em ações FLRY3 na proporção de 1,2135 no dia 28 de abril, enquanto os acionistas PARD3 receberão uma parcela em dinheiro de R$ 2,15 por ativo na data.

Ao InfoMoney, Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, disse que só a nova avenida de crescimento B2B gera uma receita de R$ 1,8 bilhão por ano. “A gente também agrega vantagens competitivas para o nosso negócio”, afirma. “Nos últimos meses viemos trabalhando em oito frentes, com mais de 60 iniciativas detalhadas, que começarão a ser executadas agora e que puderam nos dar mais clareza nas capturas de sinergias.”

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A executiva citou como exemplo de ganhos de sinergia o uso da estrutura logística do Pardini em todo país e a capacidade de negociação com fornecedores. Com o negócio, o Fleury também passa a ter operação B2C (atendimento direto ao público) em Minas Gerais e Goiás com as marcas Pardini e Padrão.

Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury (Divulgação)
Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury (Divulgação)

“A gente vai conseguir dar acesso ao portfólio completo de exames do Fleury a uma base de clientes muito maior. (…) Nós temos uma nova operação complementar, principalmente em áreas produtivas pelo Brasil. Quando a gente olha por essa perspectiva, o Pardini tem 14 áreas produtivas e o Fleury possui 10, principalmente derivadas das aquisições que foram realizadas ao longo do tempo. Quando nós somamos essa competência produtiva, nós temos uma capacidade competitiva muito maior. Ou seja, você pode produzir o B2B em várias regionais, diminuindo o tempo de entrega do resultado, o custo logístico e muitas vezes o próprio custo”, destacou Roberto Santoro, até então CEO do Pardini, ao InfoMoney.

Com a operação, Santoro assume como presidente da Unidade de Negócios lab-to-lab, acumulando também Suporte a Operações. Jeane segue como CEO do Grupo Fleury. A nova composição societária é formada pelos sócios médicos (12%), Bradesco Diagnóstico (24,9%), Victor Pardini (6,6%), Áurea Pardini (6,6%) e Regina Pardini (6,6%). O free float (ações em circulação no mercado, nas mãos de investidores minoritários) passa a ser de 43,4%.

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O novo organograma da diretoria do Grupo Fleury, com a integração do Pardini, fica com três executivos do Pardini e seis do Fleury, todos liderados por Jeane. Veja abaixo.

Sobre a estrutura de dívida do Fleury com a integração do Pardini, José Antônio Filippo, CFO do grupo, disse ao InfoMoney que ela deve continuar baixa e que não atrapalha os planos de expansão orgânica e inorgânica da companhia. No fim de 2022, o Fleury tinha uma alavancagem (relação percentual entre dívida líquida e Ebitda) de 1,2x, enquanto o Pardini tinha 0,9x.

“A combinação pro forma geraria o resultado de 1,1x. A gente tem condições de continuar [com os planos de expansão], a gente tem feito o planejamento, tem feito a gestão do pipeline de prospecção como a gente fazia antes. O que ocorre é que, em função da situação atual do mercado, o custo de capital se elevou, nós, como boa parte do mercado, estamos mais seletivos, priorizando esses investimentos”, afirma Filippo.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.