“Continuamos olhando as oportunidades, mas estamos mais rigorosos”, diz CEO do Fleury sobre novas aquisições

Ao InfoMoney, Jeane Tsutsui falou ainda sobre aumento de capital, crescimento orgânico, expansão dos atendimentos móveis, novos elos e dividendos

Anderson Figo

Apesar de a demanda por exames ter sido negativamente impactada no último trimestre do ano passado por férias e pela Copa do Mundo, o Fleury (FLRY3) conseguiu fechar 2022 com crescimento de 15,1% na receita bruta do grupo, que atingiu R$ 4,8 bilhões. Para 2023, Jeane Tsutsui, CEO da companhia, espera mais avanço, especialmente com a aprovação da fusão com a Hermes Pardini pelo Cade (PARD3).

Em entrevista ao InfoMoney, Jeane falou sobre o aumento de capital promovido pelo grupo no início do ano e como a perspectiva de juros altos por um período mais prolongado de tempo fez com que o Fleury buscasse “um equilíbrio” e ficasse “mais rigoroso” ao analisar oportunidades de novas aquisições.

Ela participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do quarto trimestre e ano fechado de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

“A gente já vinha falando anteriormente sobre uma necessidade de adequar a nossa estrutura de capital. Antes, a gente dizia que a gente poderia chegar até 2x na relação entre dívida líquida e Ebitda — lembrando que nossos covenants estão em 3x, então a gente estaria confortável —, mas esse cenário de juros [altos] mais prolongado nos levou, realmente, a buscar um equilíbrio”, disse Jeane.

“Nós estamos muito equilibrados agora, com uma relação entre dívida líquida e Ebitda de 1,2x, com um perfil de dívida longo, de quatro anos. Nós não temos nenhuma pressão [de pagamentos] nos próximos anos. Estamos com uma estrutura de capital adequada, e isso é um diferencial muito grande num momento de juros altos. (…) Estamos preparados e temos um time de M&A que olha continuamente novas oportunidades de aquisições. Entretanto, neste momento de aumento de custo de capital, isso precisa ser bem avaliado”, continuou.

Segundo a CEO, o Fleury não só vai olhar os aspectos culturais e estratégicos das possíveis novas aquisições, mas também, principalmente, para o preço. “O preço precisa estar adequado para que a gente faça uma aquisição que realmente agregue valor nesse cenário. Continuamos olhando as oportunidades, mas estamos mais rigorosos com relação aos indicadores financeiros e a todo esse processo”, afirmou a CEO.

Em 2022, o Fleury realizou quatro aquisições, sendo duas em medicina diagnóstica e duas em novos elos — nome dado pelo grupo à expansão em especialidades como ortopedia, oftalmologia e fertilidade, por exemplo. Jeane citou que o Fleury também prevê crescer organicamente, com abertura de novas unidades, aumento dos serviços prestados em unidades já existentes e com os planos de ampliação da oferta de serviços nas especialidades de novos elos.

Jeane falou ainda sobre a expansão do atendimento móvel, sobre pagamento de proventos aos acionistas, sobre possíveis novas especialidades em novos elos, além dos riscos que ela enxerga para as operações do Fleury em 2023. “Nós temos um grande desafio, que acaba sendo uma grande oportunidade, de aumentar o acesso à saúde suplementar no Brasil. Só 23% da população tem acesso a isso”, disse. Veja a entrevista completa no player acima, ou clique aqui.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.