Fleury: “combo” aquisição + recomendação faz FLRY3 subir 5%; o que muda na tese?

Aquisição do Grupo São Lucas Centro de Diagnóstico foi bem vista por analistas ainda que tenha impactado limitado; já Goldman elevou recomendação de ações para compra

Camille Bocanegra

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O Fleury (FLRY3) anunciou a compra de 100% das cotas Grupo São Lucas Centro de Diagnóstico, em um movimento que inaugura a presença da empresa com unidades de atendimento em Santa Catarina.

A aquisição foi bem recebida pelo mercado e as ações da companhia subiram 5,07%, a R$ 14,72. Em 2024, no entanto, os papéis da companhia amargam queda de 17,41%.

Para analistas, a principal vantagem observada no acordo é a entrada no mercado do estado de Santa Catarina no segmento PSC com um ativo que possui boa rentabilidade, com uma margem de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de 27,4% – superior à margem consolidada de 25% do Fleury.

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Goldman eleva recomendação

Para o Goldman Sachs, mesmo sem a aquisição, a história de investimento da rede justificava a alteração de recomendação de neutra para compra, mudança feita na noite da última segunda-feira (22) e que também impulsiona as ações nesta terça. Na reavaliação do nome, o preço alvo foi alterado para R$ 19 por ação (dos R$ 18 praticados anteriormente). A rede é vista como alternativa defensiva convincente no setor por unir desafios operacionais já precificados, bom posicionamento do ponto de vista de desavalancagem e perspectiva competitiva mais favorável.

Além disso, o banco reconhece ser possível que algumas opções positivas ainda não estejam precificadas, como revisão positiva nas margens a partir de maior integração do Hermes Pardini e potenciais novas aquisições, como é o caso da compra do Grupo São Lucas.

“Embora a falta de catalisadores operacionais de curto prazo permaneça como um ponto a ser monitorado na tese, acreditamos que o Fleury apresenta não apenas um valuation convincente (12 vezes o preço sobre lucro [P/L] para o fim de 2024 e 10 vezes o P/L para 2025) para cobrir esses riscos, mas os retornos totais também parecem atrativos no médio prazo (hipoteticamente, 8%/10% de rendimento de dividendos em 2024/2025 se assumíssemos uma taxa de pagamento de 100%)”, considera a análise.

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Presente entre as questões que poderiam atrapalhar a rentabilidade, a desaceleração de marcas premium já estaria precificada nos números de consenso e compensada por outros segmentos mais fortes. Ainda assim, a marca premium da companhia tem previsão de crescimento em dígito médio, considerando a base de comparação difícil.

Impacto limitado da compra, mas positivo

Já sobre a aquisição anuncia na véspera, para o JPMorgan, a empresa comprada apresenta como principais vantagens o fato de não ser uma empresa alavancada, enquanto ostenta um alto componente de gastos próprios dentro da mistura de pagadores. O acordo é visto com bons olhos, mesmo considerando que o Grupo São Lucas representa pouco em termos de lucro e Ebitda (considerando o tamanho da operação do Fleury atualmente).

O Itaú BBA considera a aquisição positiva do ponto de vista estratégico, porém com impacto limitado. Apesar da pouca representação para uma empresa da estatura do Fleury, a compra indica que a forte geração de fluxo de caixa e sólido balanço patrimonial podem apoiar a expansão geográfica da companhia. Além disso, pode também impulsionar o crescimento da receita, conforme há o amadurecimento das marcas atuais.

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No cálculo do BBA, o Fleury negocia hoje a 11,4 vezes o P/L para fim de 2024 e 9,8 vezes a relação para fim de 2025. A divisão de análise do Itaú sustenta a classificação de Outperform (desempenho acima da média, similar à compra) para o nome, com preço alvo estimado em R$ 22,00.

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