Empresas que não promoverem a diversidade serão cobradas pelos clientes, diz Luiza Helena Trajano

Em bate-papo promovido pelo grupo XP Inc., fundadora do Magazine Luiza disse que um negócio só cresce quando o empresário escuta o que não quer ouvir

Equipe InfoMoney

Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza (Flavio Santana/Biofoto)

Publicidade

SÃO PAULO –  Durante evento online, realizado pelo grupo XP Inc. nesta segunda-feira (14), Luiza Helena Trajano, 71 anos, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza (MGLU3), disse que as empresas que não promoverem a diversidade e inclusão serão cobradas pelos consumidores que, segundo ela, estão mais atentos.

“Quem não promover atuações contra o racismo e a diversidade não vai ter cliente, porque os clientes, durante a pandemia, tomaram mais conhecimento sobre essas desigualdades e estão exigindo ações das empresas – e quem manda é o mercado”, disse Luiza.

Luiza Helena conversou com José Berenguer, CEO do Banco XP, sobre sua atuação no projeto Mulheres do Brasil, grupo criado há sete anos, que hoje conta com uma rede de mais de 60 mil mulheres, que atuam em diversas cidades ao redor do mundo.

Continua depois da publicidade

O grupo trabalha com comitês que incentivam a valorização da mulher no mercado de trabalho, criam iniciativas de combate à violência contra a mulher, além de ações focadas na promoção da igualdade racial, inclusão de pessoas com deficiência, idosos e refugiados.

“Qualquer mulher pode contar conosco. Nós temos mulheres de todas as classes, de todas as profissões e é isso que nos torna tão fortes. Fazemos acontecer no atacado e no varejo, na minha linguagem. No varejo é quando a gente faz coisas todos os dias, ajudando, estando junto; e no atacado é quando trabalhamos com políticas públicas, porque são elas que vão promover a mudança”, diz a empresária.

Em sua fala, a executiva também defendeu a adoção de cotas para diminuir as desigualdades nas empresas. Segundo Luiza, as cotas são um passo transitório para a sociedade superar as desigualdades e ajudaram o Magazine Luiza a se tornar uma companhia de referência no mercado de trabalho brasileiro.

“Eu fui a primeira executiva a defender as cotas e sempre acreditei muito nisso porque as cotas são processos transitórios. Hoje, temos 7% de mulheres nos conselhos das empresas com capital aberto na Bolsa – se forem retiradas as donas ou as filhas dos donos, como eu, o percentual cai para 4%. Isso significa que vamos levar 120 anos para ter 20% de mulheres nos conselhos. Existem muitas crenças limitantes e é preciso atuar com essa política”, reforçou Luiza.

Tecnologia como cultura

A presidente do conselho do Magazine Luiza afirmou que, durante a pandemia, a varejista teve um salto de 181,9% nas vendas do e-commerce, que geraram uma receita de R$ 6,7 bilhões.

Luiza ressaltou que, diferentemente de outras gigantes do comércio eletrônico, como a americana Amazon e a chinesa Alibaba, o Magalu nasceu em um formato analógico para depois se transformar em uma empresa digital. Ainda assim, a empresária destaca que, mesmo antes da pandemia, a empresa já fazia altos investimentos para se tornar omnichannel, integrando os canais online e físicos. Segundo ela, esse se tornou o grande diferencial da companhia.

A executiva comentou que a conversão digital não se trata de criar uma plataforma ou um aplicativo, mas sim uma cultura, formada por acertos e erros, com o objetivo simplificar os processos.

“Duas coisas fazem diferença em uma empresa: inovação e atendimento ao público. Não tem nada que se faça de tecnologia hoje se não for pelo digital”, afirmou Luiza, acrescentando que a inovação é o fator que impede que o negócio envelheça.

Ela disse ainda que quanto mais o executivo sobe na carreira, mais as pessoas à sua volta falam o que ele quer ouvir. “É preciso ouvir a ponta, você só faz sua empresa crescer quando escuta o que não quer ouvir”, diz.