É Lego? Tenda quer mais que dobrar de tamanho com tecnologia modular

Fábricas de imóveis ainda não são economicamente viáveis para a terceira maior construtora do Brasil, mas o alvo está dado

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – A construtora Tenda (TEND3) acredita ter condições plenas de dobrar de tamanho se simplesmente cumprir com todo o potencial do modelo de negócio atual – sem grandes mudanças. Mas crescer 100% no mesmo modelo significaria alcançar um teto. E a companhia quer mais.

Desde 2013, a segunda maior construtora com foco em habitação popular (terceira maior do país em volume de lançamentos total) cresce à razão de uma nova região por ano, a partir de uma operação mais eficiente que as concorrentes diretas. O indicador de Vendas Sobre Oferta (VSO) do negócio é de 28%, versus 15% da MRV e 13% da Direcional.

O problema é que seu modelo “Flywheel”, uma espécie de fordismo da construção civil, onde o ritmo dos lançamentos é ditado de forma a melhor utilizar a mão-de-obra, só é viável em cidades cuja demanda é maior que mil unidades de baixa renda por ano para a própria Tenda. Segundo Rodrigo Osmo, diretor-presidente, a companhia já está em nove dos 13 mercados em que isso é possível.

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Desse desafio vieram os planos de apostar em um modelo de offsite construction, que consiste em investir em fábricas de imóveis para a construção dos prédios fora do canteiro de obras e posterior transporte de estruturas modulares para montagem. Como se fosse um Lego em tamanho real.

Já há empresas, inclusive no Brasil, que operam neste modelo, mas nenhuma das alternativas de materiais utilizados atualmente se mostraram economicamente viáveis para uma operação do tamanho da Tenda, de acordo com Osmo. Caso encontrasse o modelo ideal, a Tenda calcula que seu mercado potencial aumentaria em mais de quatro vezes em Minas Gerais, por exemplo.

Menor subsídio com FGTS é “oportunidade”

Preocupação de analistas para o mercado de baixa renda, a queda esperada no subsídio do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) (resultado da liberação do saque e da distribuição de 100% dos lucros, medidas anunciadas pelo governo ao longo do ano) foi classificada pelos executivos da companhia como potencialmente positiva durante o Investor Day, evento anual com analistas.

O argumento tem como base a eficiência da companhia. Como os custos da Tenda são menores que a média do setor, a queda do subsídio significará uma redução da competição por recursos, já que nem todos os players têm eficiência para operar com menos subsídio, de acordo com Osmo. Por outro lado, a demanda por habitação de baixa renda é vista como “virtualmente infinita”, o que significa, para ele, oportunidade de crescimento a partir de uma concentração maior do mercado.

A ação da Tenda vê queda de 1,64% por volta das 11h20 desta terça-feira (10), o que pode ser lido como uma correção após uma significativa disparada. No ano, o papel acumula alta de 61,57%. Em 12 meses, a valorização é ainda mais expressiva: 77,76%.

Dentro da cobertura da Bloomberg, o papel tem sete recomendações de compra, duas de manutenção e uma de venda, com preço-alvo estimado em 8 de novembro em R$ 27,59, ante R$25,60 do fechamento da última segunda-feira.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney