Dona da 99 aposta em serviços financeiros após escândalos de segurança

Novas regulamentações de segurança ameaçam reduzir o número dos motoristas do app, e empresa terá que achar outros meios de aumentar a receita 

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – A empresa chinesa Didi Chuxing, controladora da brasileira 99, vai começar a apostar na área de serviços financeiros na tentativa de diversificar seus produtos. Novas regulamentações de segurança ameaçam reduzir o número dos motoristas do aplicativo de transporte que leva o mesmo no da empresa. 

A nova linha de serviços financeiros da Didi, que incluem seguro de carro, empréstimos pessoais e convênio médico foram adicionados ao app da Didi nesta quarta-feira (2) e também podem ser acessados em um aplicativo separado chamado “Didi Finance”.

O movimento de diversificação acontece após um semestre conturbado para a empresa, com o assassinato de dois passageiros em sua plataforma em 2018 – o que forçou a empresa a suspender uma de suas frentes chamada “Hitch”.

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O governo chinês criticou a empresa e ameaçou puni-la se não melhorasse a segurança no app. A partir do dia 1º de janeiro, passaram a valer as novas regras que exigem mais garantias de proteção para o usuário – e que podem dificultar a entrada de novos motoristas na plataforma.  

Para se inscrever na plataforma da Didi em 2019, os novos motoristas terão de passar em uma espécie de teste (que ainda não foi detalhado) e solicitar uma licença de negócios antes de dirigir.

A Didi se recusou a comentar o impacto da nova regulamentação à mídia estrangeira. A empresa havia anunciado anteriormente que iria “trabalhar na certificação de motoristas e veículos” por meio de treinamentos especializados. Segundo o Financial Times, um motorista do app que atua na cidade Shenzhen acrescentou que, até o momento, a empresa não havia estabelecido prazo para que os condutores obtivessem a licença.

Ainda restam dúvidas

Apostar em serviços financeiros coloca a Didi frente a frente com fintechs que já atuam com sucesso no mercado chinês, como a Ant Financial, da Alibaba e as plataformas WeSure e WeBank da Tencent. 

“A pergunta na cabeça de todos é: será que a tentativa de Didi de criar um novo setor para si mesma, após as perdas de 2018 em termos de investimento vale à pena?”, questionou Chen Lin, professor da China-Europe International Business School, em Xangai, em entrevista ao site. 

“Resta saber se a Didi será capaz de lucrar com seguros, por exemplo, considerando seus métodos de gestão de risco”, disse Lin.

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A empresa pretende que seus serviços financeiros representem uma “nova era da economia e do emprego flexível” e que alguns, como o convênio médico, “reduziriam a barreira de entrada para os trabalhadores da chamada economia gig” – resultado da flexibilização do mercado de trabalho na era digital, que favorece, por exemplo, trabalhos de profissionais freelancers e serviços como Uber e Airbnb.

Lin alerta que a “Didi passa por um período cauteloso”, sugerindo que a empresa pode enfrentar dificuldades no futuro com as regulamentações governamentais.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.