Compra da TAG, aposta em energia renovável e valorização de 130% na Bolsa: a ascensão da Engie

A maior produtora privada de energia do Brasil foi escolhida como a melhor empresa da Bolsa no setor de utilidade pública, segundo o ranking feito pelo InfoMoney em parceria com o Ibmec e a Economatica

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Com a ambição de “liderar a transição da matriz energética” do país, nas palavras de seu presidente, Eduardo Sattamini, a Engie Brasil passa por um período de intensa transformação.

A maior produtora privada de energia do Brasil investiu pesado nos últimos três anos para ampliar a geração por meio de fontes renováveis e ampliar os segmentos em que atua. Apenas os aportes em novas usinas, com foco em eólicas e solar, foram de R$ 7,2 bilhões a partir de 2016.

O lado negativo foi o aumento da dívida, que passou de R$ 3,090 bilhões, em 2016, para R$ R$ 9,546 bilhões no primeiro trimestre deste ano. A relação dívida líquida/ebtida saltou de 0,3 para 1,8 na mesma base de comparação.

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Ainda assim, o patamar é considerado confortável por Sattamini, que ressalta que a Engie está se preparando para um novo cenário, de maior demanda de fontes “limpas” de energia.

“A partir de 2017, a companhia entrou em um novo ciclo de crescimento, o que representou uma oportunidade para otimizar a nossa estrutura de capital, que se mostrava excessivamente conservadora”, explica Sattamini.

Os bons resultados da empresa nos últimos anos contribuem para deixar o executivo tranquilo. O lucro líquido subiu de R$ 1,548 bilhão, em 2016, para R$ 2,315 no ano passado, um avanço de 22%. No primeiro trimestre deste ano, nova alta de 15,6% sobre igual período de 2018.

Os principais indicadores de rentabilidade, como Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) e o Retorno sobre Capital Investido (ROIC), têm se mantido em níveis elevados e acima da média do setor elétrico.

“Isto é reflexo da manutenção de uma forte disciplina financeira e da priorização de investimentos atrativos, que têm resultado em um retorno adequado ao acionista”, diz Sattamini, que assumiu a companhia em 2016.

A Engie foi escolhida a melhor empresa do setor de utilidade pública no ranking Melhores Empresas da Bolsa, feito pelo InfoMoney em parceria com o Ibmec e a Economatica. O ranking analisou diferentes indicadores das companhias abertas em três anos, de 2016 a 2018 (confira as demais vencedoras e a metodologia).

Compra da TAG e dividendos de 100%

Com uma capacidade instalada de 8.276 MW – 1.600 MW adicionados nos últimos três anos –, a Engie tem 55 usinas, o que representa cerca de 6% da capacidade do país e com 90% da energia proveniente de fontes renováveis.

Um movimento importante da companhia, em abril deste ano, foi a parceria com o fundo canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec (CDPQ) para adquirir a maior transportadora de gás natural do país por US$ 8,6 bilhões.

A Transportadora Associada de Gás (TAG) possui em torno de 4,5 mil km de gasodutos de alta pressão, que atravessam diversos estados. “Esses foram os movimentos transformacionais, mas também investimos em melhorias incrementais, como a digitalização dos processos, a gestão mais ativa de nosso portfólio, a criação de novos produtos de energia e novos canais – como o trading e a comercializadora varejista”, complementa Sattamini.

O desempenho consistente e os fortes investimentos agradaram aos investidores. Com um free float (percentual de ações em circulação na bolsa) de 21,29%, os papeis negociados na B3 valorizaram 30,26% no ano passado – incluindo dividendos e juros sobre capital próprio.

No acumulado de 2016 até julho de 2019, os ganhos para o acionista chegam a 130%, com um volume médio diário de negociação de cerca de R$ 37,4 milhões. No final de 2018, a Engie realizou um aumento de capital social com emissão de novas ações ordinárias distribuídas aos acionistas a título de bonificação, na proporção de uma nova ação para cada quatro papéis anteriormente detidos.

Assim, o total de ações foi acrescido em 25% o que resultou em um aumento da base acionária, bem como volume de negócios e liquidez.

Em termos de dividendos, embora a Engie pelo estatuto social distribua pelo menos 30% do lucro líquido, este percentual tem ficado acima de 55% do resultado final. Nos últimos três anos, o payout atingiu 100% do lucro líquido ajustado.

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