Com crise do coronavírus, executivos de companhias aéreas cortam os próprios salários

Prejuízos globais para o setor neste ano, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo, podem ser entre US$ 63 bilhões e US$ 113 bilhões

Pablo Santana

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Em meio ao surto da COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus, companhias aéreas de todo mundo têm anunciado medidas para conter a crise, que inclui corte de salários de executivos, redução de bônus, licenças não remuneradas de tripulantes e suspensão de voos.

O presidente executivo da companhia americana Southwest, Gary Kelly, anunciou um corte de 10% do seu próprio salário, em uma mensagem de vídeo destinada aos seus funcionários.  Diante das perdas na demanda por viagens, Kelly chamou o surto da doença de o maior desafio que o setor enfrenta desde 11 de setembro, observando que “pode ​​ser pior”.

Segundo informações do The Wall Street Journal, o salário do executivo foi de US$ 750 mil em 2018, últimos dados disponíveis, e sua remuneração anual é de US$ 7,73 milhões.

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A Southwest avalia uma perda de receita potencial de US$ 300 milhões apenas neste mês por conta da crise no setor.

Alan Joyce, CEO da australiana Qantas, abriu mão do seu salário por 6 meses na tentativa de equilibrar os custos operacionais da companhia. Dados do The Australian Council of Superannuation Investors (ACSI) apontam que o executivo ganhou US$ 23,88 milhões em 2018.

A companhia reduziu em 25% seus voos, suspendeu bônus, cortou em 30% o salário de conselheiros e equipe executiva e cancelou a recompra de ações de US$ 150 milhões.

A Qantas também congelou todo o trabalho de consultoria não essencial e pediu a todos os funcionários da empresa e da sua subsidiária, a Jetstar, que tirassem férias remuneradas ou não, tendo em vista a redução das atividades de voo.

As companhias americanas American Airlines e United, também informaram corte de voos em trajetos nacionais e internacionais, suspensão de contratações e licença não remunerada para funcionários.

Os prejuízos globais para o setor neste ano, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), podem ser entre US$ 63 bilhões e US$ 113 bilhões. Nesta terça-feira (10), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou que o governo estuda ajudar companhias do setor aéreo e marítimo impactadas pelo coronavírus.

Vítima da diminuição drástica da demanda, a companhia aérea inglesa, Flybe, entrou com pedido de falência. “Todos os voos foram suspensos e os negócios no Reino Unido deixaram de operar imediatamente”, comunicou a operadora

Impactos no Brasil

A Azul (AZUL4) iniciou, nesta semana, planos para conter o aumento dos custos operacionais da empresa. Entre as ações anunciadas estão a suspensão temporária dos voos entre Campinas e Porto para otimizar seus custos e a possibilidade de licenças não remuneradas aos seus tripulantes.

Na última semana, também por conta do coronavírus, a companhia aérea inglesa Virgin Atlantic adiou o início das suas operações no Brasil.

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Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios