Cliente critica Bezos por declaração contra racismo e CEO diz que fica “feliz em perder” clientes como esse

CEO da Amazon acumula patrimônio de US$ 150 bilhões em meio à crise e reforça posicionamento da empresa após protestos nos EUA

Giovanna Sutto

SÃO PAULO – O fundador e CEO da Amazon, Jeff Bezos, divulgou um e-mail recebido de um cliente, que ficou irritado com o apoio do executivo ao movimento “Black Lives Matter”, e afirmou que ficava “feliz em perder” esse tipo de consumidor.

O remetente afirmou: “Você obviamente não é um idiota ou não teria o sucesso financeiro que teve. Eu estava fazendo um pedido na Amazon quando descobri sua declaração de apoio ao Black Lives Matter. Cancelei meu pedido e sei que não serei o único”, escreveu Dave, cujo sobrenome foi omitido por Bezos.

Veja o post feito por Bezos em sua conta no Instagram:

Na legenda da foto, Bezos diz que recebeu, sem surpresa, várias mensagens repugnantes, via e-mail em resposta às declarações de apoio ao movimento “Black Lives Matter” dadas anteriormente em seu Instagram, após a morte de George Floyd – que iniciou uma série de protestos contra o racismo nos Estados Unidos.

“Houve várias respostas repugnantes, mas não surpreendentes, na minha caixa de entrada desde o meu último post. Esse tipo de ódio não deve se esconder nas sombras. É importante torná-lo visível. Esse é apenas um exemplo do problema. E, Dave, você é o tipo de cliente que fico feliz em perder”, afirmou.

Na semana passada, Bezos também havia compartilhado na rede social um outro e-mail recebido de um cliente que estava irritado com o aparecimento de um banner em apoio ao movimento “Black Lives Matter” na página inicial da Amazon.

Antes, em 30 de maio, o CEO afirmou em outro post no Instagram: “A dor e o trauma emocional causados ​​pelo racismo e pela violência que estamos testemunhando em relação à comunidade negra têm efeitos profundos”.

A empresa também anunciou que doaria US$ 10 milhões para organizações que apoiam a justiça e a equidade racial, incluindo a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês), a National Urban League, entre outras.

US$ 150 bilhões

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Em meio à crise do coronavírus e o isolamento social, que fez com que a demanda via e-commerce aumentasse nos EUA e no mundo, o CEO da Amazon viu seu patrimônio crescer quase US$ 35 bilhões desde o início do ano, chegando a um total de US$ 150 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index. 

As ações da Amazon passaram dos US$ 2 mil durante a pandemia. Nesta segunda-feira, às 12h (horário de Brasília), os papéis da empresa subiam 1% cotados a US$ 2.502. Bezos é o maior acionista da empresa, com mais de 55 milhões de ações.

Com a valorização das ações aumentando ainda mais sua fortuna, o fundador da Amazon segue liderando o ranking dos maiores bilionários do mundo e ampliou sua diferença para o segundo colocado: seu patrimônio supera em US$ 35 bilhões o de Bill Gates, fundador da Microsoft, que ocupa a segunda posição da lista.

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À medida que a riqueza de Bezos cresce, a Amazon é analisada minuciosamente em relação ao tratamento com os seus funcionários nos centros de distribuição, que separam e embalam os produtos de pedidos online.

Em março, a empresa introduziu um aumento temporário de US$ 2 no salário mínimo por hora, que costuma ser ser de US$ 15, mas a política foi descontinuada no início deste mês.

Além disso, os funcionários protestaram contra a empresa, afirmando que não foram oferecidas as proteções de segurança adequadas. Oito trabalhadores faleceram de Covid-19 desde que a pandemia começou.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.