CEO da Netshoes fala de planos do Magazine Luiza com aquisição: “fundamental”

Kumruian lembra o que transformou a empresa em uma mina de ouro do varejo que despertou um cabo de guerra no primeiro semestre deste ano

Allan Gavioli

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SÃO PAULO – O Magazine Luiza (MGLU3) adquiriu a Netshoes pelo preço de US$ 3,70 por ação (US$ 115 milhões) em julho deste ano, negócio considerado uma pechincha por analistas do setor de varejo (o valor do papel na abertura de capital era de US$ 18). Meses depois da aquisição, um dois maiores e-commerces de artigos esportivos do planeta quer mostrar como pode ajudar o novo controlador a se consolidar no mercado de vendas online e assumir o posto de maior marketplace do Brasil.

Em palestra na Expo Magalu, evento realizado pela varejista para sellers do marketplace, Marcio Kumruian, cofundador e CEO da Netshoes, explicou a trajetória de 19 anos da companhia e como as suas etapas de crescimento foram fundamentais para a Netshoes atingir a importante fatia do mercado que possui hoje – fatia esta que garantiu que o Magazine Luiza disputasse sua compra com a Centauro por mais de dois meses.

Kumruian diz que a expertise de moda e mercado de vestuário da Netshoes pode ser fundamental para estabelecer a Magazine Luiza como uma referencia nesse setor. “Trabalhamos para trazer esses sellers de moda, esporte e vestuário para a plataforma integrada da Magalu”, explica.

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Fabrício Garcia, diretor comercial do Magazine Luiza, considera a Netshoes uma parte importante na estratégia geral da companhia, principalmente por introduzir o Magazine Luiza em uma nova categoria. A ideia é aproveitar a nova onda de compras pela internet para deixar de ser um player limitado e estar de fato no dia a dia do consumidor.

“É uma oportunidade de aumentar a venda nas lojas e aumentar o número de clientes, mas acaba sendo uma oportunidade para a eles [Netshoes] também, pois conseguem utilizar toda a estrutura das nossas lojas e nossa plataforma integrada. Um bem comum para as duas marcas”, explica o diretor em entrevista ao InfoMoney.

A expectativa do mercado é que a expertise do Magalu seja suficiente para garantir a retomada da lucratividade para a Netshoes e a otimização dos mais de 6,8 milhões de clientes ativos mensais das marcas, incluindo Zattini e Shoestock.

Um ano de empresa é o suficiente para inovar

Sua palestra também foi uma lembrança da trajetória que levou a empresa a se tornar essa mina de ouro – ao menos na visão da família Trajano.

Fundada em 2000, a Netshoes abriu sua área de comercio online no ano seguinte, influenciada pela vontade de crescimento acelerado de Kumruian. “Nós começamos a vender pela internet em 2001, pois não entendiamos que o único jeito de ganhar e consolidar mercado seria vendendo digitalmente”, relata Kumruian.

Em dois anos, a loja loja física teve um crescimento de faturamento de 15% a 20% enquanto a loja virtual cresceu dez vezes no mesmo período. O que reestruturou toda a empresa.

Para Kumruian, esse sucesso repentino no inicio dos anos 2000 com as vendas online foi um passo importante para romper barreiras na categoria e colocar a companhia como um grande nome do mercado do varejo.

Com projetos de expansão com academias e profissionais do esporte, em 2003, a Netshoes ganhou um mercado que, até então, não era tão concorrido: a venda de artigos de vestuário esportivo pela internet.

A companhia aproveitou o hiato das concorrentes no meio digital para posicionar a marca como uma das líderes de venda em sua área.

Dedicação, experiencia do cliente e tecnologia

A dedicação com a qualidade do produto, tanto na venda, quanto na entrega, foram fundamentais para que o consumidor olhasse a Netshoes como a preferida para comprar itens de vestuário pela internet. E para Kumruian, a satisfação e, principalmente, a experiência do cliente com o produto são os pilares mais importantes para colocar a marca no imaginário no público como a melhor.

“Esses nossos valores levaram a Netshoes a ser a 29ª marca mais valiosa do país, com 22 milhões de consumidores e um total de 40 mil pedidos diários”, explica Kumruian.

O CEO ainda pede que as pessoas que estão iniciando no mercado não subestimem a tecnologia, e muito menos o impacto da mesma nas vendas e na inovação de um produto ou marca.

“Teste, mensure e aprimore. Utilize a tecnologia ao seu favor, escute o que os clientes estão pedindo. Seja rápido, leia o cenário, entenda o que está acontecendo e tome as medidas necessárias’,

As diversas tecnologias e automações que a marca implementou ao longo de sua trajetória auxiliou a empresa a se adaptar as novas realidades de comercio e, principalmente, o desejo dos consumidores. “Nós como sellers precisamos estar atentos a tudo que está acontecendo”.

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Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.