Magazine Luiza anuncia frete grátis e outras novidades em marketplace: “temos que ser o maior do Brasil”

Magalu arcará com até 100% do valor da entrega. Para o consumidor, o frete grátis para compras a partir de R$ 99 será também aplicado a essa categoria

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – O Magazine Luiza (MGLU3) anunciou nesta quarta-feira (25) uma série de benefícios para os vendedores de seu marketplace (plataforma que permite vendas de terceiros em seu e-commerce). Entre elas, estão novidades para quem usa a entrega de produtos utilizando a logística da empresa, a Malha Luiza, e até a retirada em loja. O primeiro parceiro nessa nova estratégia será a Netshoes, adquirida no primeiro semestre, que em outubro terá retirada de produtos em lojas do Magalu em São Paulo.

Em evento com os vendedores da plataforma, Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, chegou a cutucar sutilmente a varejista americana Amazon e sua investida no Brasil. “Quem digitalizou os Estados Unidos foi um americano, quem digitalizou a China foi um chinês, quem vai digitalizar o Brasil tem que ser um brasileiro”, disse o CEO. Luiza Trajano, fundadora e presidente do conselho, passou outro recado na mesma linha: “temos que ser o maior marketplace do Brasil”, clamou.

Diferentemente do que conseguem com a concorrente gringa, os vendedores terceirizados que entrarem no novo programa, os chamados parceiros Magalu Entregas, terão facilidades adicionais, como a possibilidade de retirada nas lojas físicas (prevista para dezembro para os sellers) e o subsídio do frete total: a partir de outubro, o Magalu arcará com até 100% do valor da entrega desses parceiros (limite de R$ 80). Todas essas condições serão testadas ao longo do trimestre – terminando dezembro, o Magalu definirá se serão permanentes.

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Para o consumidor, o que muda é que o frete grátis para compras a partir de R$ 99 será também aplicado a essa categoria do marketplace. Importante destacar que isso vale para o aplicativo, onde os consumidores são, em geral, mais fieis e mais recorrentes, e onde o Magalu já oferecia frete grátis acima desse valor. A empresa espera que o impacto no balanço do último trimestre do ano seja pequeno, justamente por isso.

Segundo Frederico, o contrato do Magazine com as transportadoras diminui em 28% o valor do frete para o varejista e reduz o tempo de entrega em 60%, o que também deve melhorar a experiência do cliente que comprar de terceiros na plataforma do Magalu. Atualmente, 70% dos vendedores terceirizados já usam Magalu entregas, número que pode crescer significativamente agora com as novas facilidades oferecidas.

Adicionalmente, os sellers do marketplace poderão contratar dois novos serviços: o Magalu Tax, uma espécie de contador digital que facilita a emissão de boletos, e o iPDV, um sistema de digitalização de lojas físicas semelhante ao da Linx. “O objetivo é digitalizar o vendedor analógico”, revelou Fred, e, assim, ter também acesso ao estoque dessas lojas para vender no próprio Magalu. No limite, todo o comércio analógico pode acabar no site da família Trajano.

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Temporariamente, e seguindo as quedas da Selic, a empresa anunciou também uma taxa de antecipação de recebíveis (opcional) de 0,99% – queda em relação ao 1,42% cobrado atualmente – para os clientes Magalu Pagamentos.

Com a investida, o Magazine Luiza quer ampliar sua rede de mais de 8 mil vendedores terceirizados e se consolidar como maior marketplace do país – frente dominada pela Amazon em outros mercados. Isso porque a empresa antecipa que a próxima fase do varejo eletrônico brasileiro vai além do eletroeletrônico, expertise do Magalu, e pode ser melhor explorada com o auxílio dos vendedores terceiros. A frente de marketplace deve gerar receita acima de R$ 2 bilhões esse ano para a companhia.

“Hoje temos um nível de parceria que eu considero muito básico”, disse o CEO em apresentação para mais de mil vendedores terceirizados da plataforma. “Nossa ideia é disponibilizar para os sellers todos os diferenciais do Magalu, igualmente”, complementa.

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No evento, Trajano passou um recado de qualidade a esse público. “Certo é certo. Queremos ao nosso lado quem entrega o que promete e respeita o cliente. Sem gambiarra, sem jeitinho e sem contravenções”, dizia um slide da apresentação do executivo. A nota do Magalu no Reclame Aqui, incluindo marketplace, é de 8,5, a melhor da categoria. “Não quero ser conhecido como a 25 de Março”.

O recado é, também, para a concorrência. Todos os outros varejistas que trabalham com marketplace no Brasil hoje aceitam vendedores informais, enquanto o Magalu exige apresentação de nota fiscal e formalidade de seus parceiros. Segundo a empresa, 30% dos vendedores que tentam entrar na plataforma são recusados por não atenderem aos requisitos.

Mesmo assim, a força dos competidores não é uma marolinha. A jornalistas, Fred fez uma metáfora sobre o número de empresas do nicho no país: “a concorrência antes era FIFA [um contra um], hoje é Fortnite [jogo de múltiplos jogadores]”.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney