Boeing promete consertar falhas do 737 Max após relatório sobre acidente da Lion Air

Documento oficial foi divulgado nesta sexta-feira (25); e custos da fabricante de aviões vão subir

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – A Boeing se posicionou sobre a divulgação do relatório final sobre o acidente da aeronave Lion Air 737 Max em outubro do ano passado que fez 189 vítimas fatais.

O relatório, divulgado nesta sexta-feira (25) pelo Comitê Nacional de Segurança de Transportes da Indonésia, concluiu que a Boeing precisava projetar melhores sistemas de cabine e que uma supervisão mais forte da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) e outras agências é necessária.

Cinco meses após o acidente da Lion Air, outro jato 737 Max caiu apenas 6 minutos depois de decolar do Aeroporto Internacional Addis Ababa Bole, na Etiópia. Desta vez, 157 pessoas morreram.

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O foco de análise de ambos os acidentes tem sido o sistema de controle de voo, projetado pela Boeing, conhecido como MCAS, que empurrou o nariz do avião para baixo, confrontando as ações dos pilotos nos acidentes, de acordo com o texto.

Em sua resposta ao relatório dos reguladores indonésios, a Boeing disse que está redesenhando os sensores de ângulo de ataque (AoA, na sigla em inglês)- parte do sistema de controle. Esse sensor tem a função de detectar se as asas do avião têm sustentação suficiente para continuar voando – se não possuem, o avião fica fora de controle – forçando o nariz da aeronave para baixo.

Ainda, a ideia é melhorar o sistema para que o MCAS seja ativado apenas uma vez quando detectar o aviso dos sensores para evitar confrontar a decisão do piloto ao tentar controlar o avião.

A fabricante de aviões disse que essas mudanças vão impedir que as condições de voo que causaram o acidente da Lion Air aconteçam novamente.

A Boeing também está atualizando os manuais da tripulação e o treinamento dos pilotos.

Relatório dos órgãos da Indonésia

Em seu relatório, os reguladores indonésios disseram que o sistema MCAS havia forçado repetidamente o nariz do avião para baixo devido à falha no sensor de ângulo de ataque, o que significa que os pilotos tinham que aplicar repetidamente a manobra em uma tentativa condenada de corrigir a aeronave.

Os reguladores concluíram que: “o projeto e a certificação do MCAS não consideraram adequadamente a probabilidade de perda de controle da aeronave”.

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Ainda, o texto diz que havia evidências de que o sensor não havia sido calibrado adequadamente por uma oficina na Flórida, nem havia sido testado pela equipe de manutenção da Lion Air.

A tripulação também foi criticada. O texto diz que o capitão da Lion Air não deu todas as informações sobre a situação da aeronave ao primeiro oficial ao passar o controle do avião pouco antes do acidente acontecer.

Resposta da FAA

A Autoridade Federal de Aviação dos EUA (FAA) também se posicionou depois das críticas.

Em um comunicado, a FAA afirmou que vai considerar cuidadosamente as conclusões do relatório, bem como outras recomendações, enquanto continua sua análise de como a Boeing planeja lidar com a operação do 737 Max.

“Como prometemos anteriormente, a aeronave retornará ao serviço somente depois que a FAA determinar que é segura”, disse o comunicado.

A FAA acrescentou que o relatório do acidente é “um lembrete sóbrio” de que a primeira prioridade dos reguladores deve sempre ser a segurança.

Custos da Boeing só aumentam

No início desta semana, a Boeing disse que os custos de construção do 737 Max haviam aumentado em US$ 900 milhões no terceiro trimestre. Isso estava além dos US$ 2,7 bilhões em custos extras de produção anunciados no início deste ano.

O custo total da reconstrução do 737 Max pode não ser conhecido até que haja um consenso global sobre a segurança do avião.

Em setembro de 2019, a Agência de Segurança da Aviação da União Européia (EASA) disse que queria um acordo para a construção de três sensores AoA, em vez da atualização proposta pela Boeing para um contrato de dois em cada aeronave.

A implementação de um sensor mais em cada 737 Max atrasaria inevitavelmente o retorno do avião aos céus e aumentaria significativamente os custos de produção.

As ações da Boeing estavam caindo cerca de 1% nesta sexta-feira (25) às 12h30. À medida que se aproxima o aniversário de um ano do acidente da Lion Air, o estoque de aeronaves está cerca de 3% menor do que exatamente 12 meses atrás.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.