Balanço mostra que Mercado Livre não vai dar descanso para Magalu e maquininhas

Líder em e-commerce, o Meli investe pesado para manter a posição que a empresa dos Trajano quer ocupar com investimento em marketplace

Paula Zogbi

Mercado Livre

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SÃO PAULO – Divulgados na noite da última quinta-feira (31), os resultados do Mercado Livre demonstraram, segundo analistas, que a posição da líder do e-commerce ainda não parece ameaçada – apesar dos esforços das concorrentes B2W e Magazine Luiza (leia mais aqui) – e a frente de pagamentos é promissora.

O GMV, ou seja, valor total de mercadorias vendidas no site, cresceu 24% em relação ao mesmo período do ano passado, apesar do impacto da greve dos Correios (que foi de 2 pontos percentuais).

Já a logística apresentou progresso significativo: 30% dos pedidos já são entregues por meio de estrutura de logística própria, contra 10% no terceiro trimestre de 2018. A empresa também anunciou a inauguração, em 2020, de seu terceiro centro de distribuição no Brasil, em Gravataí (RS).

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Já em pagamentos, com o Mercado Pago, o crescimento foi de 94,5% em volume, processando US$ 7,6 bilhões no período. O total de transações cresceu 118,5% em relação ao mesmo período do ano passado para 227 milhões de operações de pagamento no trimestre.

Os lucros da companhia vieram enfraquecidos, mas principalmente por conta de uma prevista postura investidora que pode ser positiva no médio prazo. “A perda líquida antes dos impostos de US$ 66,9 milhões no trimestre, versus a perda de US$ 10,3 milhões registrada no mesmo período do ano passado, deu-se em grande parte em função do incremento no investimento de marketing para as marcas do Mercado Livre e Mercado Pago”, escreveu a empresa na sua divulgação de resultados.

Para analistas do Bradesco BBI, as taxas aceleradas de crescimento mostram que o MELI é capaz de manter a liderança em e-commerce e construir uma vantagem competitiva em pagamentos – mesmo em meio à guerra das maquininhas.

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“Notamos que a gestão [da empresa] tem um forte histórico de geração de compensações a partir de decisões como esta (a entrega grátis, por exemplo, aumentou significativamente a liderança e a base de usuários no Brasil)”, escreveram os especialistas em relatório, mantendo recomendação de compra para o papel negociado nos Estados Unidos.

A equipe de Research da XP Investimentos também vê resultados sólidos, mas tem uma visão mais cautelosa para a empresa. “Apesar de forte, o crescimento de vendas tem mostrado uma leve desaceleração ao longo dos últimos trimestres (aproximadamente 30% no primeiro semestre de 2019) e está abaixo das taxas de 54% e 28% reportadas pela B2W e Magalu no trimestre”, escreveram. B2W e Magalu, vale lembrar, ocupam a segunda e a terceira posições de liderança no e-commerce do país – e vêm lutando para ultrapassar o Meli.

“Sobre o progresso em logística, a empresa continua reduzindo gradualmente a dependência dos Correios, mas acreditamos que tanto a B2W quanto o Magalu hoje têm estruturas logísticas mais desenvolvidas”, completam os analistas.

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Mercado não gostou

No pregão desta sexta-feira (1) pesou mais o aspecto negativo do balanço. A ação do mercado livre via forte queda de 4,57% às 15h08 (horário de Brasília). Na concorrência, o Magazine Luiza, que apresentou resultados acima das expectativas nesta semana, subia perto de 5% e a B2W, 0,57%.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney