Após anúncio de OPA, analistas dão 3 motivos para vender papéis do Santander

Units da companhia subiram 15% após anúncio de oferta voluntária de aquisição que pode envolver até a totalidade dos papéis em circulação no Brasil

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SÃO PAULO – Quem comprou units do Santander (SANB11) antes da divulgação do resultado da companhia riu à toa nesta terça-feira (29) – menos pelo balanço, mais por um anúncio feito pela companhia no mesmo horário. Os papéis da instituição financeira dispararam 15,77% após sua matriz na Espanha comunicar que vai lançar uma oferta voluntária de aquisição de units no Brasil e nos Estados Unidos envolvendo até a totalidade dos papéis que ainda não detém.

A oferta envolve participação de 25% que o Santander ainda não possui no Santander Brasil, sendo que o prêmio oferecido aos acionistas da instituição é de 20% sobre o fechamento dos papéis na véspera, quando encerraram a sessão cotados a R$ 12,74 – fator que explica a forte valorização dos papéis do banco nesta sessão, sendo destaque disparado de alta dentro do índice no pregão. Com a mudança, o investidor poderá negociar o papel via BDRs, uma experiência não muito popular na Bovespa.

Para especialistas do mercado financeiro, o momento, no entanto, não é de tão boas notícias. Na verdade, trata-se de uma oportunidade ímpar do investidor zerar posições sobre a companhia sem grandes perdas enquanto ela não vê sua liquidez praticamente sumir – filme recentemente visto com as ações da Dasa (DASA3), que, da mesma forma, contou com uma proposta de aquisição de ações sem compromisso de fechamento de capital. Antes de mais dor de cabeça, analistas recomendam que investidores comecem a investir em outros bancos se quiserem seguir expostos a esse setor na bolsa.

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“Para o minoritário, vai ficar complicado”, observa o analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos. “Tendo em vista até o resultado recente do Santander em comparação com outros bancos, pode ser que valha a pena sair do papel nesse momento”, complementa. Em relatório enviado ao mercado nesta terça-feira, os analistas da Empiricus Research escrevem que a recente oferta anunciada reflete o pouco sucesso que a empresa teve na bolsa desde seu IPO (Oferta pública inicial), indo “do nada para lugar algum”.

Os fundamentos da companhia só minguaram e se distanciaram ainda mais de seus pares na bolsa desde então. A tabela abaixo mostra uma comparação entre o desempenho do Santander e o Itaú Unibanco (ITUB4), que também divulgou seu balanço trimestral nesta terça-feira:

  Itaú Unibanco Santander
Índice de inadimplência 3,5% 3,8%
Carteira de crédito 11% 5,8%
Lucro líquido +27,3% -6%
ROE* 22,6%  11,2% 

*Retorno sobre o patrimônio líquido

Fonte: Empiricus Research

Para o analista-chefe da SLW, Pedro Galdi, investir nos papéis do Santander passa a ser mais adequado ao investidor sofisticado, tendo em vista o aumento de variáveis envolvidas na avaliação da empresa. “Vai ter todo um efeito cambial e a relação da cotação do papel na Espanha aqui no Brasil. Além disso, enquanto o Santander Brasil tinha dividendo nacional, o BDR recebe dividendo consolidado, o que pode ou não ser positivo [dependendo de outras observações]”, explica.

Desta forma, tendo em vista a piora sucessiva nos fundamentos da companhia, o elevado prêmio oferecido pelo controlador e o elevado risco de perda de liquidez dos papéis após a execução do novo plano, os analistas pedem que o investidor pondere o cenário e opte por maior segurança, aproveitando também para sair do negócio por cima. “Quem diria: você tem uma bela oportunidade de saída. Participe dela”, concluem os analistas da Empiricus Research em relatório enviado ao mercado.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.