Americanas (AMER3) se diz surpreendida com encerramento de parceria com a Vibra (VBBR3)

Varejista diz que não teve nenhum aviso prévio sobre rescisão unilateral da joint venture em lojas de conveniência

Rikardy Tooge

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A Americanas (AMER3) afirmou na manhã desta terça-feira (24) que recebeu “com surpresa” a notificação da Vibra Energia (VBBR3) sobre o fim da sociedade entre as empresas na Vem Conveniência, que opera cerca de 1,3 mil lojas de conveniência pelo país com as bandeiras Local (marca da Americanas) e BR Mania (marca da Vibra), que deverão voltar aos respectivos sócios, segundo fato relevante da Vibra.

“A administração da Companhia está avaliando os termos da notificação junto a seus assessores legais para resguardar o interesse da Americanas”, escreveu a varejista, em fato relevante divulgado na manhã desta terça.

Na segunda-feira (23), a Vibra disse que seu Conselho de Administração decidiu notificar a Americanas para o “imediato encerramento da parceria”, tendo iniciado os trâmites para desfazer a joint venture iniciada em fevereiro do ano passado.

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“O procedimento de desfazimento já estava estabelecido nos instrumentos da Parceria, e busca, em resumo, o retorno dos negócios (Local e BR Mania) para os respectivos sócios originais, com a previsão de que a empresa Vem Conveniência seguirá com a Companhia [Vibra]”, disse a Vibra, em fato relevante.

Vale destacar que Sergio Rial, ex-CEO que denunciou o problema contábil na Americanas, é o atual presidente do Conselho de Administração da Vibra.

Notícia abala negociação de dívida

A participação de 50% da Americanas na joint venture era vista pelo mercado como um ativo importante para levantar caixa e ajudar no pagamento de um endividamento de R$ 43 bilhões, que jogou a varejista em uma recuperação judicial. Projeções de especialistas indicavam que a parte da varejista no negócio poderia alcançar R$ 1 bilhão.

Por fim, a Vibra diz que entende que o fim da JV “é o que melhor atende aos objetivos do negócio nesse momento, bem como buscará manter a reserva de todos os seus direitos e prerrogativas assegurados em lei ou nos documentos da Parceria, que possam advir de atos praticados pelo sócio Americanas inclusive no curso da constituição da Parceria”.

Para o Morgan Stanley, a decisão da Vibra foi acertada, uma vez que a Americanas não teria mais condições de investir e desenvolver o negócio da mesma maneira que a sócia.

“Apesar de voltar à estaca zero em sua estratégia de expansão do negócio de conveniência, vemos a rescisão do contrato ter impacto limitado para a VBBR, uma vez que a JV era uma parte muito pequena do negócio”, escreveu o analista Bruno Montanari.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br