Acionistas da WeWork processam SoftBank por desistir da compra de US$ 3 bilhões em ações; ex-CEO Adam Neumann avalia opções legais

Compra fazia parte do plano de recuperação judicial firmada entre as partes em outubro de 2019

Pablo Santana

(Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – Dias após o SoftBank desistir de comprar US$ 3 bilhões em ações da WeWork, membros do comitê especial do conselho da empresa, que representa outros acionistas, entraram com um processo na Justiça americana para conclusão da oferta.

Bruce Dunlevie, sócio da empresa de capital de risco Benchmark, e Lew Frankfort, ex-CEO da Coach – entraram com uma ação contra a SoftBank e seu Vision Fund. O comitê está tentando forçar o SoftBank a concluir a oferta pública, anunciada em outubro, ou dar dinheiro ao comitê para compensar sua perda.

O cofundador do WeWork, Adam Neumann, ainda está avaliando suas opções legais, disse uma fonte próxima a ele, o que pode incluir deixar o comitê especial assumir a liderança nesse processo ou buscar sua própria ação legal separada, segundo o site Business Insider. Por meio da oferta pública de aquisição, Neumann poderia ter vendido até US$ 970 milhões em suas ações.

Continua depois da publicidade

Em comunicado, o comitê especial disse que o conglomerado japonês “se envolveu em uma campanha intencional para evitar a conclusão da oferta pública”.

A desistência teria prejudicado investidores e até 2 mil funcionários atuais e ex-funcionários. Os funcionários representaram cerca de US $ 450 milhões da oferta pública.

A Benchmark planejava vender US $ 340 milhões em ações da WeWork para a SoftBank como parte da oferta pública, o que a tornaria a maior vendedora individual do negócio.

A decisão da SoftBank também significou que a WeWork não poderá acessar uma linha de crédito de US$ 1,1 bilhão do conglomerado japonês, uma vez que o financiamento da dívida estava condicionado ao SoftBank concluir seu plano de compra de ações.

O processo também mencionou um detalhe não relatado anteriormente sobre a composição do conselho da WeWork. No mês passado, a SoftBank nomeou discretamente seu diretor de conformidade, Chad Fentress, para o conselho da WeWork .

Violação das obrigações contratuais

Uma das justificativas utilizadas pelo SoftBank para desistir da compra foi que a WeWork não se comprometeu a executar certas condições contratuais até o início de abril, fora as investigações que a empresa sofre na justiça americana.

Em nota, o comitê afirma que o SoftBank continua a colocar “seus próprios interesses à frente dos interesses dos acionistas minoritários da WeWork”, além de pontuar que a não execução da oferta é uma violação clara de suas obrigações contratuais e fiduciárias com os acionistas minoritários da companhia.

O comitê especial entrou com o processo no estado de Delaware por quebra de contrato e quebra de dever fiduciário. No processo, os membros do comitê dizem que o investidor sabia das investigações e de um processo para acionistas quando concordou com a oferta de compra em outubro.

O WeWork já foi a empresa mais bem avaliado do Vision Fund de US$ 100 bilhões do SoftBank, com uma avaliação de cerca de US$ 47 bilhões. Mas nos últimos meses a empresa tem passado por diversas crises internas que intensificaram as suas perdas e a fez desistir de realizar o IPO (mesmo depois de oferecer uma redução de quase 75% na avaliação).

Após a falha no IPO, o WeWork ficou a poucas semanas de ficar sem dinheiro antes do SoftBank entrar com seu pacote de resgate. Esse pacote ajudou a estabilizar a empresa no curto prazo, mas os gastos operacionais continuam altos.

Aprendizados em tempos de crise: uma série especial do Stock Pickers com as lições dos principais nomes do mercado de ações.Assista – é de graça!

Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios