SoftBank desiste de comprar US$ 3 bilhões em ações da WeWork alegando problemas criminais

Empresa alega que o WeWork, já em crise, não cumpriu com determinados prazos

Pablo Santana

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O SoftBank confirmou ter desistido da compra de  US$ 3 bilhões em ações da WeWork, citando “múltiplas, novas e significativas” investigações civis e criminais na empresa de aluguel de escritórios, entre outros fatores.

O conglomerado japonês disse na quinta-feira que seria “irresponsável” continuar com o acordo diante das circunstâncias, além de afirmar que outros grandes investidores institucionais da Neumann e da WeWork, como a Benchmark, se beneficiavam mais da oferta.

A decisão anula uma oferta de compra de US$ 3 bilhões em ações de outros investidores e funcionários, incluindo quase US$ 970 milhões em ações do ex-CEO Adam Neumann, segundo o site Business Insider.

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Rob Townsend, vice-presidente sênior e diretor jurídico da SoftBank, disse que a empresa continua comprometida com a WeWork. O grupo japonês assumiu 80% das ações em outubro do ano passado, num acordo de recuperação judicial que retirou Neumann do conselho da empresa.

Townsend acrescentou ainda que a WeWork não cumpriu certas condições, “deixando o SoftBank sem outra opção a não ser encerrar a oferta pública”. A companhia alega que a WeWork não cumpriu determinados prazos, como obter as aprovações antitruste corretas e promover as joint ventures na China e em outros países asiáticos.

O executivo também citou novas investigações criminais e civis que a empresa lida com suspeitas nas atividades de financiamento, de comunicação com os investidores e seus negócios com o ex-CEO e co-fundador Adam Neumann.

Crise

A WeWork surgiu em 2010 e rapidamente se espalhou pelo mundo e ganhou atenção dos principais banqueiros de Wall Street numa possível oferta pública inicial (IPO) de suas ações.

Em agosto de 2019, a empresa entrou com um pedido de oferta que movimentaria até US$ 47 bilhões no órgão regulador do mercado acionário americano, mas desistiu da oferta no final de setembro.

Problemas com o modelo de negócios da empresa, conflitos de interesse e liderança ineficiente foram os motivos apontados para justificar a desistência do IPO e demissão do CEO e fundador da empresa. Na tentativa de se restruturar, os novos executivos venderam algumas aquisições da empresa, incluindo um jato corporativo, promoveram diversas demissões e alinharam bilhões em financiamento.

Reação

No comunicado, o SoftBank infirmou que o término da oferta pública não teria impacto nas operações da empresa, nem no plano estratégico de cinco anos desenvolvido para a companhia.

A desistência deixou surpreso o comitê especial do conselho da WeWork, que representa outros acionistas, a exemplo do Benchmark. Como reação, o comitê sugeriu uma ação legal contra o SoftBank.

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Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios