A estratégia da Latam para economizar US$ 7 milhões ao ano

Companhia aérea investiu US$ 15 milhões para fazer uma migração de dados do seu data center para a nuvem em parceria com o Google

Wesley Santana

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A Latam Airlines encontrou uma forma de economizar US$ 7 milhões (ou cerca de R$ 33,7 milhões, na cotação atual) ao ano. Para isso, a empresa fechou uma parceria com o Google Cloud, o serviço de nuvem da Google (GOGL34), divisão da big tech norte-americana que tem 11% do mercado global de computação em nuvem.

A companhia aérea investiu cerca de US$ 15 milhões (ou R$ 73 milhões, na cotação atual) para migrar seus servidores para a nuvem, encerrando as operações de seus quatro datas centers no Brasil e no Chile. Para além dos números, a empresa destaca que a tecnologia vai permitir a expansão do acompanhamento dos dados das aeronaves em tempo real e otimizar a operação dos serviços digitais.

A vice-presidente de TI e Digital da Latam, Juliana Rios, afirma que essa é uma das etapas previstas para a transformação digital da companhia aérea que transportou cerca de 30 milhões de passageiros no ano passado. Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, a executiva destaca que o segmento aéreo é bastante regulamentado e um dos principais desafios é o tratamento dos dados que circulam pelos servidores.

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No caso da Latam, segundo Rios, os aviões têm mais de 1,5 mil sensores, que geram informações sobre cada voo. A adaptação para a nuvem, portanto, dá maior suporte para que a empresa não só trate as informações em tempo real, como também as proteja com base nas leis locais de proteção de dados nos 18 países nos quais a área tem atuação.

“Um dos grandes desafios da indústria aérea é com as contingências, especialmente quando chove, momentos em que os aeroportos são fechados ou os clientes têm dificuldade de chegar. Com a migração, conseguimos dar aos clientes maiores possibilidades de fazer a gestão do voo pelo celular, encontrando a melhor solução”. “Conseguimos atingir níveis mais altos de benefícios e saímos de 30% de autosserviço para 70%”, destaca.

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“Também nos dá a oportunidade de repensar a experiência do cliente. No programa de pontos, não conseguíamos ter uma troca de informações em tempo real para permitir que os usuários recebessem milhas em um curto período. Então saímos de uma média de 10 dias, considerando todo tipo de acúmulo, para 2 dias, em média. Tivemos um ganho de tempo no trânsito da informação”, continua.

Com a operação baseada no ambiente virtual, além da economia em dinheiro, a Latam sugere uma baixa de 3,4 mil toneladas nas emissões de carbonos que eram oriundos de sua infraestrutura de TI. O material dos servidores físicos -cerca de 80 toneladas, entre cabos, telas e ferros- foi destinado à reciclagem, já que não terá mais uso.

“O Cloud nos dá a possibilidade de não ter um limite de máquinas, sem contar na estabilidade dos sistemas”, diz Rios. “Só no descarte ecológico, deixamos de emitir 13 mil toneladas de carbono, dando uma segunda vida aos materiais”.

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Negócio estratégico para Google Cloud

O contrato com a Latam é bastante estratégico para o Google Cloud, que tem um longo caminho pela frente na disputa com os concorrentes. Ter em seu portfólio uma das principais companhias aéreas da América do Sul é mais um esforço da empresa que hoje tem a terceira maior participação neste mercado (11%), atrás da Amazon AWS (AMZO34), que tem 32%, e da Microsoft Azure (MSFT34), com 23%, segundo dados da consultoria Synergy.

Eduardo Lopez, presidente do Google Cloud para a América Latina, pontua que o Brasil é um mercado importante dentro da sua estratégia global. Desde 2017, a divisão tem feito investimentos massivos no país, somando R$ 1,6 bilhões, entre equipamentos técnicos e a inauguração de sua região de nuvem, em São Paulo, onde acontece o processamento de dados.

Para os próximos anos, a big tech promete destinar cerca de US$ 1,2 bilhão para toda a América Latina, que devem viabilizar a expansão de serviços por toda a região. Ainda está previsto para este ano o início da operação do cabo submarino Firmina, que vai interligar a América do Norte e do Sul, para garantir baixa latência na transferência de dados no continente.

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“Esses investimentos marcam a importância que a América Latina tem para a empresa. Quando olhamos para a região, tentamos entender cada país e a melhor estratégia de desenvolvimento de tecnologia para eles”. “O Brasil e o Chile são dois mercados importantes, porque é onde temos as bases”, destaca Lopez.

Também no ramal aéreo, na semana passada, o Google Cloud fechou parceria com a Qatar Airways para exploração de inteligência artificial no segmento. A ideia é que a base de dados da companhia asiática sirva para criar soluções inteligentes em tempo real e oferecer experiências personalizadas para os viajantes.