Panamá lembra passado sangrento e manda recado a Trump: “O canal é nosso”

Centenas de panamenhos fizeram uma passeata para marcar o aniversário de uma sangrenta revolta contra o controle norte-americano do Canal do Panamá

Reuters

Manifestantes marcham na Cidade do Panamá em memória dos estudantes panamenhos que morreram durante tumultos de 1964 contra controle dos EUA sobre Canal do Panamá
09/01/2025
REUTERS/Aris Martinez
Manifestantes marcham na Cidade do Panamá em memória dos estudantes panamenhos que morreram durante tumultos de 1964 contra controle dos EUA sobre Canal do Panamá 09/01/2025 REUTERS/Aris Martinez

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Centenas de panamenhos fizeram uma passeata nesta quinta-feira para marcar o aniversário de uma sangrenta revolta contra o controle norte-americano do Canal do Panamá, ocorrida em 1964, com manifestantes queimando uma imagem do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou retomar a passagem.

Mais de 20 panamenhos, muitos deles estudantes, morreram em conflitos no país em janeiro de 1964, que se intensificaram quando forças norte-americanas abriram fogo em resposta a manifestações contra a presença dos EUA no país e seu controle do canal. Pelo menos três soldados dos Estados Unidos também morreram.

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O incidente, lembrado todo dia 9 de janeiro como “Dia dos Mártires”, é considerado um dos acontecimentos que abriram caminho para a eventual transferência do canal para o Panamá, em 1999.

“Hoje é dia de lembrar o sacrifício de nossos mártires, mas também de dizer ao mundo que o Panamá é soberano e que o canal é nosso”, afirmou Sebastian Quiroz, um sindicalista aposentado de 84 anos, que era estudante na época da revolta.

A marcha tinha palavras de ordem como “o sangue derramado nunca será esquecido” e “tirem as mãos do Panamá”, enquanto se aproximava do monumento da chama eterna, construído para lembrar os mortos em 1964. O presidente do país, José Raúl Mulino, depositou uma coroa de flores no local durante uma cerimônia nesta quinta-feira.

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Trump criticou o custo de movimentação de mercadorias pelo canal e a influência chinesa na área. A China não controla nem administra o canal, mas uma subsidiária da CK Hutchison Holdings, com sede em Hong Kong, gerencia há muito tempo dois portos localizados nas entradas do canal no Caribe e no Oceano Pacífico.

“As únicas mãos que controlam o canal são panamenhas, e é assim que vai continuar”, disse o ministro das Relações Exteriores do país, Javier Martinez-Acha, na terça-feira.