Donald Trump: o magnata do mercado imobiliário que quer retornar à Casa Branca

Entre processos e condenações, Trump disputará novamente a presidência dos Estados Unidos, aos 77 anos

Nome Completo:Donald John Trump
Ocupação:Empresário
Partido político:Republicano
Local de nascimento:Nova York, Estados Unidos
Data de nascimento:14 de junho de 1946
Fortuna:US$ 7,2 bilhões*
(Ranking Forbes – março/2024)

O atentado sofrido por Donald Trump durante comício na Pensilvânia no domingo, 13 de julho, mostra que, além de polarizada, a eleição presidencial dos EUA em novembro próximo promete também ser tensa.

Segundo pesquisa de opinião da agência Reuters com o Ipsos divulgada em 2 de julho, Donald Trump e Joe Biden estão empatados nas intenções de votos, com 40% cada um. 

Os números mostram um avanço de dois pontos percentuais de Biden em relação ao ex-presidente, apesar dos tropeços do democrata no primeiro debate e em declarações à imprensa. A disputa apertada e a recente condenação criminal referente à compra do silêncio da pornô em 2016 mostram que Trump terá um árduo trabalho pela frente para reconquistar a Casa Branca. 

Em março de 2024, Trump passou a integrar a lista das 400 pessoas mais ricas do mundo, segundo o ranking da Forbes. A estreia na Nasdaq da Trump Media & Technology Group, que opera a plataforma de mídias sociais Truth Social, fez a fortuna do magnata saltar mais de US$ 5 bilhões. Porém, isso não significa dinheiro no bolso, pois, devido a um acordo de bloqueio, o magnata não pode vender suas ações ou oferecê-las como garantia. Segundo a Forbes, Trump acumula uma dívida de mais de US$ 540 milhões referente a dois processos – valor deduzido da atual estimativa de sua fortuna.

Quem é Donald Trump?

Donald John Trump nasceu em uma família bem-sucedida no mercado imobiliário de Nova York. Seu pai construiu mais de 27 mil apartamentos para classe média e baixa com apoio de programas de habitação do governo.

Com a fortuna do pai dando um conforto à família, Trump estudou em boas escolas privadas, mas seu comportamento desafiador e indisciplinado fez com que seu pai optasse por transferi-lo para um internato militar.

Ele se formou em Administração na Universidade da Pensilvânia e entrou para o negócio da família. Sob sua liderança, a empresa expandiu suas atividades para o mercado de luxo com hotéis, arranha-céus, cassinos e campos de golfe.

O sucesso nos negócios transformou o nome Trump em uma marca de valor ao ponto de Donald passar a licenciar seu sobrenome para centenas de projetos.

Na década de 2000, ele se tornou ainda mais conhecido com a apresentação do reality show “O Aprendiz”, uma competição entre aspirantes a executivos de negócios.

O passo seguinte foi ampliar sua participação na política com entrevistas e uma aproximação de organizações conservadoras. Em eventos, era comum que Trump fizesse discursos com duras críticas às políticas do então presidente Barack Obama, repetindo, inclusive, o boato de que Obama não havia nascido no país e tinha sido educado em uma mesquita.

Sua decisão de se candidatar à presidência foi tratada como piada por parte da mídia e até por integrantes de seu próprio partido. Mas seu discurso nacionalista e populista, combinado com a imagem de empresário bem-sucedido e outsider atraiu o público conservador, que o alçou para a indicação à candidato republicano.

Atrás nas pesquisas ao longo de toda a disputa com a democrata Hillary Clinton, Donald Trump surpreendeu o mundo ao vencer a eleição presidencial de 2016, em uma campanha marcada por escândalos, ataques pessoais e interferência russa.

No cargo, Trump reduziu impostos para empresas, indicou juízes conservadores para cortes federais e à Suprema Corte e restringiu a imigração legal para os Estados Unidos. Com posições fortes e muitas vezes preconceituosas, aumentou a divisão na população norte-americana e encarou derrotas em temas caros como a construção do muro entre EUA e México.

No exterior, sua política “América Primeiro”, com condução errática e pouco focada na diplomacia, criou arestas com aliados antigos como Canadá, Europa, Japão e Coreia do Sul. Ao mesmo tempo, Trump elogiou ditadores e líderes autoritários como Xi Jinping, da China, Viktor Orbán, da Hungria, Kim Jong-un, da Coreia do Norte, e Vladimir Putin, da Rússia.

Os planos de uma fácil reeleição, surfando nos dados fortes da economia, foram por água abaixo com sua condução fraca no combate à pandemia de Covid-19. Trump tentou redirecionar a campanha focando no discurso antissocialista e de restabelecimento de Lei e Ordem após protestos antirracistas espalharem pelos EUA.

Os esforços, contudo, não foram efetivos para o republicano se reeleger. Em 2020, Trump foi derrotado pelo democrata Joe Biden e sua vice, Kamala Harris, em uma eleição que contou com participação recorde.

Donald Trump
(Crédito: Joe McNally/Getty Images)

Formação

Donald Trump nasceu no Queens, em Nova York, o quarto filho do descendente de alemães Fred e da escocesa Mary Anne.

A família sempre teve uma vida financeira confortável, graças ao sucesso da construtora dos Trump. Eles moravam em uma mansão de 23 cômodos, construída pela empresa de Fred, no bairro de classe média alta de Jamaica Estates, onde também ficava a escola privada Kew-Forest, onde Donald estudou até os 12 anos.

Trump é lembrado por colegas da época como um jovem provocador, desapegado a fatos e com muitas dificuldades de assumir os erros que cometia. Já o seu pai participava pouco do cotidiano da família, mas é descrito como um pai rigoroso, o que motivou a ida de Donald para um internato militar.

No começo, a falta de disciplina do jovem lhe rendeu diversas punições. Mas, para um ser competitivo como ele, seguir as regras virou obsessão. E ele ganhou elogios e medalhas por isso, passando a ser chamado de “Senhor Meticuloso”. Trump também se destacou no esporte, especialmente beisebol e futebol americano – e chamava a atenção de seus colegas pelas belas namoradas que levava para o campus.

Ao terminar a escola militar, voltou a morar com os pais, indeciso entre seguir os passos do pai ou tentar sua chance em Hollywood. A rejeição da Universidade Southern California acabou o empurrando para os negócios e ele decidiu se matricular na faculdade de Fordham em Nova York. Após dois anos de estudos, pediu transferência para a renomada faculdade de negócios da Wharton School, da Universidade da Pensilvânia, onde se formou em Administração.

Entre seus colegas de faculdade, a impressão que deixou era de um jovem confiante com opiniões fortes, duras – e arrogantes – e pouco participativo nas atividades extracurriculares. Como não bebia ou fumava, ele também evitava as festas das fraternidades.

Guinada para grandes projetos

Durante a faculdade, Trump começou a se aventurar no mercado imobiliário, com apoio financeiro de seu pai. Com uma “mesada” de US$ 1 milhão anuais, ele comprava na planta os apartamentos construídos por Fred, para revender quando estivessem prontos.

Na época, a reputação de Fred estava manchada no meio imobiliário. Ele era investigado por mau uso de dinheiro público e acusado de racismo, por supostamente orientar que seus imóveis não fossem alugados a negros ou porto-riquenhos. Ele, então, decidiu abrir caminho para que o filho se transformasse na figura pública dos negócios da família.

Em 1973, Donald Trump se tornou presidente da empresa, supervisionando a construção de 14 mil apartamentos. Em um de seus primeiros atos, rebatizou a E.Trump & Sons como Trump Organization.

À frente dos negócios, Trump expandiu as operações para o ultracompetitivo mercado imobiliário de Manhattan. Seu primeiro grande negócio foi a remodelagem do famoso Hotel Commodore, renomeado para Grand Hyatt. Usando suas conexões, negociou um abatimento por 40 anos dos impostos em troca de uma parte do lucro, atraindo investidores. Com o pai avalizando o negócio, acertou um financiamento de mais de US$ 70 milhões. Donald Trump, assim, havia sido alçado para o primeiro escalão dos magnatas do mercado americano.

Em 1983, é finalizada a Trump Tower na Quinta Avenida de Manhattan, um arranha-céu comercial e residencial de 58 andares, onde Donald estabeleceu a sede da Trump Organization e seu luxuoso apartamento. Trump faturou US$ 300 milhões com a venda das unidades. Na Justiça, porém, enfrentou por 16 anos uma acusação de usar mão de obra imigrante ilegal nas obras, pagando baixos salários em uma jornada diária extensa.

No ano seguinte, ele expandiu os negócios para o entretenimento, ao adquirir um hotel cassino em Atlantic City. Também em 1984, Trump comprou a propriedade de Mar-a-Lago, na Flórida, transformada em um clube para ultra-ricos, com campos de golfe que Donald frequenta até hoje.

Donald Trump no casino Taj Mahal
Donald Trump visitando o casino Taj Mahal em Atlanta (Crédito: Rick Maiman/Sygma via Getty Images)

Recuperação judicial e a marca Trump

No final da década de ouro da Trump Organization, Donald Trump comprou o projeto do famoso cassino Taj Mahal, em Atlantic City, cuja construção custaria mais de US$ 1 bilhão. Seria o cassino mais caro no mundo até então.

Mas o alto custo da obra, associado a um financiamento mal feito, levou o projeto à recuperação judicial em 1991, um ano após sua inauguração. Trump conseguiu renegociar as dívidas com os bancos e as perdas foram divididas. O empresário precisou entregar 50% do negócio aos credores, além de uma companhia aérea, Trump Shuttle, e até o mega iate Trump Princess.

Donald Trump recorreu seis vezes à recuperação judicial para salvar seus negócios. Em entrevista em 2011 à revista Newsweek, confessou que “jogava com as leis de recuperação judicial – que eram muito boas” para ele. O próprio Taj Mahal, readquirido por Trump em 1996, entrou em recuperação novamente em 2004 com uma dívida de US$ 1,1 bilhão.

Ao usar a recuperação judicial, Trump conseguiu impor perdas a bancos e investidores, ao mesmo tempo que poupou uma fortuna no pagamento de impostos.

Brechas na lei e investigações

Trump e sua família foram acusados de subavaliar as propriedades do pai e criar empresas para prestar serviços e, assim, antecipar ilegalmente a transferência da herança sem pagar os impostos devidos. Quando seu pai morreu em 1999, o inventário foi avaliado entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões, valor considerado pequeno por muitos especialistas.

Contribui para a dúvida sobre seu patrimônio a decisão de Trump de quebrar uma tradição histórica dos candidatos à presidência de disponibilizarem publicamente suas declarações de imposto de renda. Ele também agia agressivamente na Justiça para impedir que bancos e contadores revelassem dados bancários e fiscais a investigadores.

As renegociações e recuperações judiciais também secaram o crédito que Trump tinha em diversos bancos. Mas sua marca tinha força no mercado de luxo. Ele passou a licenciar o uso de seu sobrenome para centenas de projetos, alguns deles bem sucedidos. Outros, porém, foram grandes fracassos, como a Universidade Trump, o site de buscas de passagens e hospedagem GoTrump.com e a empresa de marketing multinível de venda de vitaminas The Trump Network.

Internacionalmente, o licenciamento do sobrenome Trump também deu errado. O que chamou mais à atenção foi a Trump Tower de Moscou, que incluiria uma cobertura de luxo para o autoritário presidente russo Vladimir Putin. A ligação com os oligarcas russos esteve no centro das investigações sobre a ajuda externa na sua eleição presidencial de 2016.

Você está demitido!

Além do império no mercado imobiliário, Trump seria dono da franquia Miss Universo entre 1996 e 2015. Mas seu grande sucesso no mundo do entretenimento foi o reality show O Aprendiz.

Donald Trump virou coprodutor e apresentador do programa, encarnando a figura de um homem de negócios bem-sucedido que julgava a performance de executivos de diversas formações que competiam em equipes e individualmente em diversas tarefas, normalmente ligadas à área de vendas.

Cabia a Trump a condução das disputas e a eliminação dos competidores no final dos episódios com o característico bordão “You’re fired!” – ou “Você está demitido!” na versão brasileira apresentada por Roberto Justus.

Entrada na política

Antes do Republicano, Trump chegou a se registrar nos partidos Democrata, Reformista e  atuou como candidato independente.

Em 1999, montou um comitê eleitoral para estudar concorrer à presidência dos EUA, mas desistiu do pleito que elegeria George W. Bush. Trump foi novamente procurado por partidos para a disputa de 2004 e 2012, sem, contudo, levar à frente a campanha.

Mas sua participação na política cresceu durante o governo de Barack Obama. Trump era crítico ao presidente, atacando suas posições sobre impostos, imigração, guerras no Oriente Médio e a reforma no sistema de saúde apelidada de ObamaCare. Ele também defendia posições controversas (e até ilegais) como o confisco de petróleo iraquiano para indenizar a família de militares norte-americanos mortos no conflito.

Trump foi uma das vozes mais conhecidas da política norte-americana a insuflar o boato de que Barack Obama não tinha nascido nos Estados Unidos, mesmo após ser desmentido diversas vezes com documentos oficiais.

Sucessor de Obama

Em junho de 2015, Donald Trump anunciou que seria candidato à presidência dos Estados Unidos. Abraçando temas conservadores e nacionalistas, adotou o slogan “Make America Great Again”, algo como “Torne os EUA Grandes Novamente”, um mote semelhante ao usado pelo ex-presidente Ronald Reagan nas eleições de 1980.

A candidatura de Trump não foi levada a sério pela mídia e nem mesmo pelo próprio partido Republicano. Mas ele surfou na imagem de empresário bem-sucedido e de um outsider imune a pressões econômicas que “limparia o pântano” que Washington teria se tornado.

Poucas semanas após entrar na disputa, Trump ultrapassou Jeb Bush – irmão e filho de dois ex-presidentes – nas pesquisas e passou a liderar a intenção de votos entre os republicanos.

Nas primárias do partido, Trump foi consolidando seu favoritismo já mostrado nas pesquisas eleitorais, para surpresa e desgosto de muitos de seus concorrentes, que criticavam sua falta de experiência, radicalismo e mentiras. Os eleitores, contudo, garantiram sua indicação para concorrer à presidência.

Contra Hillary Clinton, Trump foi novamente colocado na posição de azarão. As pesquisas mostravam uma pequena chance de vitória até o momento da eleição.

A disputa foi marcada pela interferência russa na disseminação de conteúdo falso nas redes sociais, hackeamento de emails da equipe de campanha de Hillary, interferência política do FBI e conluio dos russos com membros da sua campanha para maximizar o potencial dos ataques aos democratas.

Trump sofreu pressão por adotar discursos com temas e palavras racistas, machistas e xenófobas, pagar para silenciar uma atriz pornô que afirmou ter tido um caso com ele enquanto era casado, além de receber apoio de organizações de supremacistas brancos. Durante a campanha, houve o vazamento de um vídeo que continha o áudio de Trump fazendo comentários sexualmente explícitos e ofensivos a mulheres.

Apesar de sua posição de azarão, e de analistas darem como certa a vitória de Clinton, Trump surpreendeu e venceu a disputa conquistando o maior número de delegados, apesar de não conseguir a maioria dos votos. Ao seu lado, o ex-governador de Indiana Mike Pence assumiu a vice-presidência.

Homem mais poderoso do mundo

Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2017. Logo no início do mandato, desfez diversas políticas e acordos adotados pelo seu antecessor Barack Obama.

Em um dos seus primeiros atos, ele retirou os EUA do acordo Transpacífico, criado com o objetivo de estabelecer uma aliança político-econômica contra a China. Segundo Trump, o tratado não traria vantagens aos EUA.

Nos meses seguintes, ele tirou o país do Acordo Ambiental de Paris, cortou incentivos à indústria verde e retomou os subsídios ao carvão e petróleo. Trump ainda reverteu parte da lei Dodd-Frank, que impôs regras mais severas para os bancos após a crise financeira global de 2008, que teve seu epicentro nos EUA, e enfraqueceu a agência federal que representa os interesses dos consumidores.

O ex-presidente também forçou uma renegociação da Nafta, tratado entre Canadá, EUA e México, para que favorecesse os trabalhadores americanos, e ainda tentou, sem sucesso, cortar a rede de proteção social do país, ampliada durante o governo Obama.

O Homem Tarifa

Sua abordagem “América Primeiro” acabou afastando o país de órgãos multilaterais internacionais, como a ONU, Otan, Unicef, OMS e OMC, e criou novas arestas com aliados históricos dos EUA. Trump chegou a dizer que a União Europeia era um dos principais adversários comerciais dos americanos.

Sua principal arma contra os demais países foi a imposição, unilateral e sem negociação prévia, de tarifas sobre países aliados. Chegou a brincar com o apelido de “Homem-Tarifa”. Ele elevou impostos de importação contra produtos europeus, canadenses, australianos, indianos, e brasileiros.

Seu maior inimigo internacional no comércio, no entanto, foi a China. Trump aumentou, em centenas de bilhões de dólares, tarifas de produtos importados do país, e tentou isolar o gigante asiático ao impor um bloqueio global contra empresas de tecnologia do país que contenham laços com o governo chinês. Alguns de seus alvos principais foram Huawei, TikTok e o WeChat, da Tencent.

Escalada de guerra

No campo militar, Trump retirou o país da guerra da Síria, reduziu a participação militar no Afeganistão (ao fechar um acordo controverso com o Talibã) e identificou a Coreia do Norte e o Irã como inimigos viscerais dos EUA.

Com os norte-coreanos, tentou um acordo nuclear, mas as conversas fracassaram após um encontro com o ditador Kim Jong-Un.

Em relação ao Irã, os EUA ficaram no limite de uma guerra aberta após Trump ordenar a execução de Qasem Soleimani, principal líder militar persa, no auge da escalada de provocações entre as nações, que incluiu o sequestro de embarcações e a derrubada de um drone norte-americano.

Já com a Rússia, Trump nutriu uma relação complexa. Criticou a interferência russa na Síria, Ucrânia, Coreia do Norte, Venezuela e o envenenamento de opositores, mas elogiou Vladimir Putin privada e publicamente como um “líder forte”.

Após um encontro em Helsinque, em uma entrevista ao lado de Putin, Trump constrangeu a inteligência norte-americana ao dizer que acreditava no líder russo quando ele dizia que não havia interferido nas eleições americanas em 2016.

Donald Trump e Vladimir Putin
Donald Trump e Vladimir Putin durante uma coletiva de imprensa em Helsinque (Crédito: Chris McGrath/Getty Images)

Pauta conservadora

Na política interna, Trump conseguiu uma grande vitória legislativa em 2017 ao assegurar uma grande redução de impostos sobre as grandes empresas do país.

O presidente também recebeu elogios de seu eleitorado pela constante indicação de juízes conservadores para cortes federais e para a Suprema Corte.

Ele também foi um defensor de pautas conservadoras como o direito de os americanos possuírem armas, do fim do direito ao aborto e é contra o uso recreativo de maconha, mas apoia o consumo medicinal.

Na imigração, não teve avanços significativos. Mas, apesar de não ter conseguido o muro na fronteira com o México, baniu a entrada de pessoas de diversos países com maioria muçulmana.

Também endureceu as regras para a migração legal e apoiou a política de separação de famílias na fronteira com a prisão de milhares de crianças em ambientes inadequados, em imagens que correram o mundo.

Processo de impeachment

A relação com o Congresso sempre foi um ponto de tensão, especialmente após os democratas reconquistarem a maioria nas Eleições Legislativas de 2018.

Com dificuldades de negociar propostas de governo, inclusive com membros de seu partido, Trump teve poucos avanços legislativos ao longo de seu mandato e viu o governo federal fechar por falta de acordo para o orçamento.

Mas sua situação política se complicaria após uma denúncia anônima de um membro da inteligência norte-americana, em agosto de 2019.

Em uma conversa com o presidente recém-eleito da Ucrânia, Trump pressionou para que ele investigasse Joe Biden, ex-vice-presidente e seu adversário nas eleições de 2020.

A Câmara dos Deputados iniciou um processo de investigação e aprovou a abertura do processo de impeachment de Donald Trump pelos crimes de abuso de poder e obstrução do Congresso, sem nenhum voto republicano.

No Senado, com maioria republicana, o julgamento durou duas semanas e os dois crimes foram rejeitados.

A divisão dos votos entre os membros de situação e oposição mostraram o controle que Trump exercia entre os Republicanos. Ele costumava atacar seus adversários – democratas, republicanos ou membros da imprensa – com apelidos e acusações em seu Twitter. Com isso, manteve uma base eleitoral apaixonada e elevou a divisão partidária nos Estados Unidos.

Família

Donald Trump se casou três vezes e possui cinco filhos.

Sua primeira esposa foi Ivana, modelo e empresária tcheca que conheceu Trump durante visita a Nova York em 1976. Eles se casaram no ano seguinte e tiveram três filhos: Donald Trump Jr., Ivana Marie (mais conhecida pelo apelido, Ivanka) e Eric.

O casal se separou em 1991 com um ruidoso divórcio, após a relação extraconjugal de Trump com a atriz e modelo Marla Maples vir a público.

Após o fim da relação com Ivana, Trump se casou com Marla em 1993. Da união, quedurou até 1996, nasceu Tiffany. 

Em 2005, Trump se casou novamente, desta vez com a modelo eslovena Melania. O filho do casal, Barron, nasceu no ano seguinte.

Tentativa de reeleição em meio à pandemia

A campanha de Trump para a reeleição em 2020 estava desenhada para surfar nos números da economia, que manteve a recuperação desde a crise de 2008.

No seu governo, os Estados Unidos seguiram crescendo e o desemprego tocou na mínima de muitas décadas, na casa dos 3,5%.

O plano, contudo, caiu por terra com a pandemia de Covid-19 e a desastrada estratégia de combate ao vírus, que elevou os Estados Unidos ao primeiro lugar no ranking de países mais afetados pela doença.

Com as medidas de combate à pandemia, o desemprego explodiu e o país teve uma contração histórica de quase 33% no PIB, em dados anualizados do segundo trimestre.

Com a economia patinando e uma condução errática da pandemia, Trump passou novamente à condição de azarão nas pesquisas eleitorais e acabou derrotado por Joe Biden.

Condenação criminal

Em maio de 2024, Trump foi condenado por fraude contábil devido ao pagamento de US$ 130 mil realizado a Stormy Daniels. O valor pago, segundo a acusação, tinha o objetivo de comprar o silêncio da atriz pornô em relação ao caso que ambos mantinham, o que, supostamente, teria interferido no processo eleitoral de 2016, quando ele venceu a democrata Hillary Clinton.  Essa é a primeira vez que um ex-presidente americano sofre uma condenação criminal.

A pena, que deveria ter saído em 10 de julho, foi adiada em dois meses depois de pedido de reversão da condenação por parte de seus advogados. Segundo a defesa, promotores usaram indevidamente evidências de atos oficiais de Trump para garantir que ele fosse condenado.

O ex-presidente também responde a outros três processos: a invasão ao Capitólio em janeiro de 2021, a acusação de conspiração para reverter sua derrota apertada na Geórgia nas eleições de 2020 e a manipulação indevida de documentos confidenciais da Casa Branca. 

Para saber mais

Quer saber mais sobre a trajetória do Donald Trump? Confira a seleção do InfoMoney com conteúdos extras.

Livros

  • A Arte da Negociação (Donald J. Trump)
  • Medo: Trump na Casa Branca (Bob Woodward)
  • Trumps: Three generations that built an empire (Gwenda Blair)

Filme

  • Trump: Um Sonho Americano
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