Mudança nas águas: corrente da Antártida perde força e pode agravar crise climática

Cientistas alertam que impacto do aquecimento global pode ser mais rápido do que o previsto

Paulo Barros

(Foto: Pixabay)
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A Corrente Circumpolar Antártica, considerada a mais potente do planeta, está sob ameaça e pode perder até 20% de sua força até 2050 devido às mudanças climáticas. O alerta foi feito pelos cientistas Taimoor Sohail e Bishakhdatta Gayen, da Universidade de Melbourne, em artigo publicado no site The Conversation.

A Corrente Circumpolar Antártica é um dos principais motores do clima global e atua como uma “correia transportadora” que liga os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. Ela regula a temperatura do planeta, transporta nutrientes e protege as calotas polares da Antártida de massas de água quente que poderiam acelerar seu derretimento.

De acordo com o estudo, essa corrente gira em torno da Antártida no sentido horário e é cinco vezes mais forte que a Corrente do Golfo, uma das mais conhecidas. No entanto, a grande quantidade de água doce proveniente do derretimento das geleiras está diluindo a água salgada, o que pode comprometer sua dinâmica.

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Risco de colapso – e o que pode acontecer

Os cientistas utilizaram o supercomputador e simulador climático mais avançado da Austrália para modelar os impactos do aquecimento global sobre a corrente. O estudo revelou que, ao longo das próximas décadas, a água doce vinda do derretimento das geleiras poderá migrar para o norte, alterando a densidade das massas oceânicas e reduzindo a velocidade da corrente.

A queda de 20% na força da Corrente Circumpolar Antártica poderia ter efeitos devastadores:

Visualização da Corrente Circumpolar Antártica (Foto: NASA/Creative Commons)

O que pode ser feito?

Os cientistas ressaltam que esse cenário não é irreversível. A redução das emissões de gases do efeito estufa pode limitar o derretimento do gelo na Antártida e evitar que a corrente perca sua força.

Além disso, investimentos em pesquisas de longo prazo no Oceano Polar Antártico serão fundamentais para monitorar as mudanças e mitigar os impactos.

“Com ações coordenadas e decisivas, ainda podemos impedir que as mudanças climáticas afetem drasticamente nossos oceanos e o equilíbrio do planeta”, afirmam Sohail e Gayen.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)