Líder da oposição na Venezuela diz a Conselho da ONU que perseguição aumentou

María Corina Machado, que está proibida de exercer cargos públicos, disse que Nicolás Maduro sabe que perderia as eleições se elas fossem livres e democráticas; existem hoje 264 presos políticos no país

Roberto de Lira

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A maior representante da oposição na Venezuela, María Corina Machado, denunciou junto ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (OHCHR, na sigla em inglês) que tem aumentado a perseguição do regime de Nicolás Maduro contra as lideranças democráticas do país.

Em participação virtual na terça-feira (19) durante os debates na 55ª sessão do Conselho, María Corina afirmou que o presidente sabe que perderia as eleições marcadas para 28 de julho e, por isso, tenta impedir sua candidatura.

“Maduro, que sabe estar perdido na rota eleitoral, quer bloqueá-la. Quer impedir que se possa participar como candidato e tem aumentado a repressão e a perseguição”, afirmou.

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A candidata da oposição, que foi desqualificada para a disputa pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e está proibida de ocupar cargos públicos até 2036, afirmou no vídeo que existem hoje 264 presos políticos na Venezuela, incluindo quatro membros do seu comando de campanha: Juan Freites, Luis Camacaro, Emil Brandt e Guillermo López.

Vídeo de María Corina enviado para a 55ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU

Além disso, ela lembrou que, em 15 de fevereiro, o governo de Maduro expulsou do país os membros do escritório do Conselho da ONU. Para ela, é preciso de muitas vozes para que acabe a violação dos direitos humanos na Venezuela e para que haja eleições limpas e livres “que conduzam à democracia, à paz e à liberdade”.

Relatório

Nesta quarta-feira (20), Marta Valiñas, presidente da missão internacional independente de apuração de fatos sobre a República Bolivariana da Venezuela, leu um relatório de violações diante do Conselho.

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Ela afirmou que a repressão do regime funciona por meio de duas modalidades, dependendo do contexto. Uma mais violenta, que visa silenciar vozes contrárias a qualquer custo, inclusive com a prática de crimes, e outra que gera um clima de medo e intimidação, restringindo o livre exercício dos direitos fundamentais.

Valiñas afirmou que, tal como em ocasiões passadas, as autoridades invocam “conspirações” reais ou fictícias para intimidar, prender e processar opositores ou críticos do governo.

Ela lembrou que, em 15 de Janeiro, Maduro afirmou que, em 2023, as forças de segurança frustraram quatro conspirações para organizar golpes de Estado ou para assassiná-lo e a outras autoridades. Em resposta, o residente apelou à ativação da “Fúria Bolivariana”, prática que já serviu anteriormente para atos de perseguição e ataques contra membros da oposição.

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Após listar várias prisões arbitrárias de opositores só neste ano, a presidente da missão classificou o espaço cívico e democrático do país como cada vez mais frágil. E que está investigando o papel da Guarda Nacional Bolivariana em graves violações dos direitos humanos e crimes internacionais nos últimos dez anos, com o objetivo de prestar contas da cadeia de comando e identificar responsabilidades individuais.

Também em Genebra, o governo venezuelano criticou os discursos e acusou as  tentativas de “politizar e aplicar padrões duplos no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas”.

As declarações, segundo o representante permanente da nação sul-americana junto à organização, Alexander Yánez Deleuze, servem de “insumos para a narrativa sobre a Venezuela exposta pela mídia transnacional, financiada por países ou grupos de países que atacam a Venezuela”.