Israel interrompe negociações com EUA sobre nova ofensiva em Rafah

Benjamin Netanyahu cancelou viagem de assessores marcada para Washington, em represália ao governo de Joe Biden não ter usado hoje seu poder de veto na ONU sobre a resolução de cessar-fogo

Roberto de Lira

Joe Biden conversa com Benjamin Netanyahu em Tel Aviv - 18/10/2023 (Reuters/Evelyn Hockstein)

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A decisão dos Estados Unidos, que se absteve de votar no Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira (25), permitindo que uma resolução e cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza fosse aprovada pelo colegiado interrompeu as negociações que Israel vinha mantendo com o governo de Joe Biden sobre uma possível ofensiva terrestre sobre Rafah.

Em um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Israel disse que a decisão do EUA prejudica o esforço de guerra contra o Hamas e as tentativas de libertar reféns ainda em poder dos extremistas.

O comunicado classificou a decisão como “um claro recuo da posição consistente dos EUA no Conselho de Segurança desde o início da guerra” e que “dá ao Hamas a esperança de que a pressão internacional lhes permitirá obter um cessar-fogo sem libertar nossos reféns”.

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Assim que a decisão na ONU foi anunciada, Netanyahu cancelou uma viagem de altos funcionário de seu governo planejada para Washington, na qual deveriam ser discutida alternativas à ofensiva na cidade de Rafah, considerada por Israel fundamental para desmantelar o restante da liderança do Hamas.

Em resposta, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, disse hoje em entrevista que estava “muito desapontado por eles não virem a Washington, para nos permitir ter uma conversa plena sobre alternativas viáveis para entrar no terreno em Rafah”.

Kirby insistiu que a votação “não representa uma mudança em nossa política” e disse que os Estados Unidos se abstiveram porque o texto não condena o Hamas. “Temos sido consistentes em nosso apoio a um cessar-fogo como parte de um acordo de reféns”, disse.

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Netanyahu já havia alertado pouco antes da votação que cancelaria a visita do conselheiro de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, e do ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, a Washington se o veto dos EUA não fosse usado na votação da resolução de cessar-fogo.

Sem o veto dos EUA e com a aprovação dos outros 14 conselheiros a exigência foi aprovada pela primeira vez desde o início da guerra, em outubro. O jornal The Times of Israel lembra que Washington vinha sendo sido avessa à palavra cessar-fogo e usou seu poder de veto para bloquear resoluções anteriores nesse sentido.

A resolução “exige um cessar-fogo imediato para o mês do Ramadã respeitado por todas as partes, levando a um cessar-fogo sustentável duradouro. também exige a “libertação imediata e incondicional de todos os reféns”.

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Cento e trinta reféns ainda são mantidos por grupos terroristas em Gaza desde o massacre de 7 de outubro pelo Hamas, quando milhares de terroristas invadiram Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando outras 253, a maioria civis.

(Com Reuters)