Irlanda, Noruega e Espanha avisam que vão reconhecer Estado palestino e Israel reage

O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, convocou seus embaixadores da Irlanda e da Noruega para consultas imediatas e ameaçou fazer o mesmo com seu enviado à Espanha

Roberto de Lira

Manifestação em Dublin a favor dos palestinos - 18/11/2023 (Foto: Clodagh Kilcoyne/Reuters)

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O anúncio oficial feito hoje pelos governos da Irlanda, Noruega e Espanha da intenção de reconhecer ainda este mês a Palestina como um Estado gerou uma forte reação diplomática negativa por parte de Israel. O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, convocou seus embaixadores da Irlanda e da Noruega para consultas imediatas e ameaçou fazer o mesmo com seu enviado à Espanha.

“Dei instruções à convocação imediata dos embaixadores de Israel na Irlanda e na Noruega para consultas à luz das decisões destes países de reconhecer um Estado palestino. Estou enviando uma mensagem clara e inequívoca: Israel não permanecerá calado diante daqueles que minam sua soberania e colocam em risco sua segurança”, diz a comunicação de Katz.

Para ele, essas notícias vinda da Europa enviam enviam uma mensagem aos palestinos e ao mundo: de que “o terrorismo compensa”. “Depois que a organização terrorista Hamas realizou o maior massacre de judeus desde o Holocausto, depois de cometer crimes sexuais hediondos testemunhados pelo mundo, esses países optaram por recompensar o Hamas e o Irã reconhecendo um Estado palestino”, reforçou.

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Ele também escreveu que haverá mais consequências graves e que, se a Espanha levar adiante a sua intenção de reconhecer um Estado palestino, será dado um passo semelhante contra ela.

Segundo o jornal The Times os Israel, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, exigiu “duras medidas punitivas” contra a Autoridade Palestiniana, anunciando que vai cortar a transferência de fundos fiscais para o órgão administrativo palestino.

Ele pediu a anulação de um mecanismo criado com a Noruega para facilitar a transferência de salários para funcionários da Autoridade Palestina em Gaza e exigiu que Israel aprove milhares de novas casas de assentamento em retaliação.

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O reconhecimento de um Estado palestino pelos três países é o mais recente de uma série de reveses diplomáticos para Israel enquanto luta contra o Hamas. Na terça-feira, o Tribunal Penal Internacional anunciou que buscava mandados de prisão para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, por potenciais crimes de guerra, além de três líderes do Hamas.

Israel tem argumentado que o reconhecimento unilateral de um Estado palestino agora seria visto como uma recompensa pela ofensiva do Hamas em 7 de outubro no sul de Israel, na qual cerca de 1.200 pessoas foram massacradas e 252 sequestradas, muitas das quais permanecem reféns até hoje em Gaza.

A campanha militar de Israel para livrar a Faixa de Gaza do grupo terrorista Hamas despertou simpatia mundial pelos palestinos e galvanizou o apoio ao reconhecimento do Estado em algumas capitais.

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Reconhecimento do Estado palestino

Os líderes da Noruega, Irlanda e Espanha anunciaram nesta quarta-feira que seus países reconhecerão um Estado palestino dentro de dias.

O primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disseram que seus países devem oficializar o reconhecimento em 28 de maio, em um movimento conjunto com a Irlanda, cujo líder, Simon Harris, disse esperar que outros países se juntem a uma onda de apoio ao Estado palestino nas próximas semanas.

Vários países da União Europeia indicaram nas últimas semanas que planejam declarar seu reconhecimento da Palestina, argumentando que uma solução de dois Estados é essencial para uma paz duradoura na região. “Não pode haver paz no Oriente Médio se não houver reconhecimento”, disse Gahr Store em entrevista coletiva.

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Na Irlanda, Taoiseach Harris chamou o reconhecimento de “um dia histórico e importante para a Irlanda e para a Palestina”. O primeiro-ministro irlandês disse ainda que o reconhecimento vem de uma crença na “liberdade e justiça” e que a paz só pode ser garantida pelo “livre arbítrio de um povo livre”.

Falando à Câmara Baixa da Espanha, Pedro Sánchez disse que o reconhecimento da Espanha é uma decisão “pela paz, pela justiça e pela coerência”. “A Espanha será acompanhada por outros países europeus”, disse. “Quanto mais houver de nós, mais cedo alcançaremos um cessar-fogo. Não vamos desistir.”

(Com agências)