Condenação de Bolsonaro divide Congresso dos EUA e aumenta tensão com o Brasil

Republicanos falam em "prisão política", enquanto democratas acusam Trump de usar tarifas para interferir na democracia brasileira

Marina Verenicz

Membros do Senado dos EUA e da Câmara dos Representantes participam de uma sessão conjunta do Congresso para certificar a eleição de Donald Trump, no Capitólio dos EUA em Washington, em 6 de janeiro de 2025. REUTERS/Elizabeth Frantz.
Membros do Senado dos EUA e da Câmara dos Representantes participam de uma sessão conjunta do Congresso para certificar a eleição de Donald Trump, no Capitólio dos EUA em Washington, em 6 de janeiro de 2025. REUTERS/Elizabeth Frantz.

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A condenação de Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) provocou reações imediatas no Congresso dos Estados Unidos, acentuando a divisão entre republicanos e democratas e ampliando a tensão já existente nas relações bilaterais.

“Prisão política”

Republicana da Flórida, a deputada María Elvira Salazar descreveu o julgamento como um “dia sombrio” para o Brasil e afirmou que o processo teve caráter de “vingança política”. Segundo ela, “a democracia morre quando juízes agem como ditadores”.

O deputado Carlos A. Giménez, também republicano da Flórida, foi além e disse que Bolsonaro se tornou “prisioneiro político no regime do bandido socialista Lula da Silva”.

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O próprio Donald Trump declarou estar “surpreso e decepcionado” com a condenação, enquanto o secretário de Estado, Marco Rubio, classificou a decisão como “caça às bruxas” e prometeu que os EUA “responderão adequadamente”.

Democratas acusam Trump

Já os democratas adotaram um tom oposto.

Em carta assinada por Gregory Meeks, Joaquin Castro e Sydney Kamlager-Dove, deputados integrantes do Comitê de Relações Exteriores, defenderam que os EUA devem apoiar o povo brasileiro após o que classificaram como uma ameaça superada à democracia.

O comunicado, no entanto, foi além da defesa institucional: acusou Trump de interferir diretamente no processo ao impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que, segundo eles, buscou proteger Bolsonaro e fragilizar as instituições do país.

Para os democratas, essa postura abriu uma “guerra comercial” que prejudicou famílias norte-americanas e fortaleceu a relação econômica do Brasil com a China.