Biden confirma retenção de armas caso Israel ataque Rafah e é alvo de críticas

Presidente do Estados Unidos disse em entrevista à CNN que país não fornecerá peças de artilharia em caso de ataques a Rafah por parte de Israel, mas garantiu que envio de armas defensivas será mantido

Roberto de Lira

O presidente dos EUA, Joe Biden, durante briefing na Casa Branca - 02/05/2024 (Reuters/Nathan Howard)

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O presidente Joe Biden confirmou na noite de quarta-feira (8) que os Estados Unidos vão reter o envio de bombas e de outros tipos de munição para Israel caso seja decidido um ataque em Rafah, onde mais de 1 milhão de palestinos estão refugiados desde o início da guerra em Gaza. Com isso, ele passou a ser alvo de duras críticas de autoridades israelenses e da oposição dentro de seu país.

Em entrevista à CNN, Biden lembrou que civis foram mortos em Gaza como consequência de bombas e de outras formas de ataques em centros populacionais. “Deixei claro que se eles forem para Rafah não fornecerei as armas que têm sido usadas para lidar com Rafah, para lidar com as cidades – [armas] que lidam com esse problema”, destacou Biden.

O presidente tentou minimizar o efeito que essa decisão pode gerar entre os apoiadores de Israel na guerra. “Não estamos nos afastando da segurança de Israel. Estamos nos afastando da capacidade de Israel de travar guerra nessas áreas”, explicou.

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Ele completou dizendo que os EUA continuariam fornecendo armas defensivas a Israel, inclusive para seu sistema de defesa aérea, o chamado “Domo de Ferro”, mas que outras entregas seriam suspensas caso uma grande invasão terrestre em Rafah comece. “É simplesmente errado. Não vamos fornecer as armas e os projéteis de artilharia”, reforçou, mais uma vez condicionando o embargo a uma possível invasão de Rafah por forças israelenses.

Reação dura

A reação do lado de Israel foi forte. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, afirmou que a forte oposição americana apenas revigora o esforço de Israel para eliminar o Hamas. “Devemos continuar esta guerra até a vitória, apesar e, em certa medida, precisamente por causa da oposição do governo Biden e da interrupção do envio de armas”, disse ele em comunicado. “Simplesmente não temos outra escolha que não coloque em risco nossa existência e segurança.”

O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, foi mais longe e escreveu na rede X que “o Hamas [ama] Biden”, usando a figura de um coração. Ben Gvir lidera o partido de extrema direita Otzma Yehudit.

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Em Nova York, o embaixador da ONU, Gilad Erdan, chamou as declarações de Biden de “difíceis e muito decepcionantes” e expressou preocupação de que sejam interpretadas pelos inimigos de Israel, como Irã, Hamas e Hezbollah, como “algo que lhes dá esperança de sucesso”.

Até Donald Trump, ex-presidente e provável adversário de Biden em sua luta pela reeleição em novembro, aproveitou para bater no adversário. Ele foi à sua rede Truth Social e postou que Biden reterá armas de Israel enquanto eles lutam para “erradicar os terroristas do Hamas em Gaza”.

O ex-presidente ainda acusou Biden de “tomar o lado desses terroristas, assim como ele se aliou às turbas radicais que tomam nossos campi universitários”.